“É uma situação diferente e tem horas que é difícil”, conta Jéssica Cecília dos Santos, líder da Pastoral da Criança, há três anos. Acostumada a ver, de perto, as famílias atendidas, ela ainda está se adaptando à nova forma de acompanhá-las. “Eu tenho todas as mães no WhatsApp, aí eu ligo para elas, converso, pergunto se estão precisando de alguma coisa. E quando tenho que ver as crianças, faço uma videochamada”, explica.

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E tem sido assim desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil e as visitas domiciliares (carro-chefe do trabalho da Pastoral) se tornaram inviáveis. “A primeira vez que eu fui lá, que não podia chegar perto, as crianças vieram correndo com os bracinhos abertos para me abraçar e eu não podia tocar nelas. Foi muito doloroso, mas eu disse que era para o bem delas”, recorda a voluntária.

Hoje, Jéssica acompanha 10 crianças de sete famílias do Jardim Apucarana, em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba. “Além de monitorar a saúde das crianças de 0 a 6 anos, nós também atendemos a família com roupas, sapatos, cobertores – agora no frio – e cestas básicas. Tudo doado à Pastoral da Criança e que a gente entrega”, reforça.

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“Eu não tenho palavras para dizer o que eles representam para a gente. Não sei como seria sem a ajuda da Pastoral”, diz a dona de casa Cristina dos Santos, de 33 anos, uma das acolhidas. Pelo que afirma, três dos cinco filhos dela são assistidos pelas líderes voluntárias mensalmente, apoio que se estende a todos na residência. “Aqui em casa somos em oito pessoas e só o meu marido trabalha. Então, tudo que chega, ajuda muito”, relata.

Novidade

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Para que o trabalho da base pudesse continuar, no entanto, a Pastoral da Criança implantou, no mês de março, novas funções ao AppVisita Domicilar, um sistema de orientação online às famílias que já funciona desde 2017.

“Quando veio a pandemia, a gente percebeu duas coisas fundamentais: primeiro, que as informações não podiam ficar restritas às pessoas acompanhadas e, segundo, que havia um enorme potencial para criarmos novas ferramentas de capacitação à distância na área de saúde e desenvolvimento infantil”, justifica Nelson Arns Neumann, Coordenador Internacional da Pastoral.

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Segundo ele, o aplicativo passou a contar, por exemplo, com subsídios atualizados sobre o coronavírus, além de um correio para troca de mensagens entre voluntários, no intuito de organizar ações contra a Covid-19 e formar uma rede de solidariedade. “Afinal, assim como os hospitais não fecham – pelo contrário, aumentam sua capacidade – os serviços preventivos também devem ser ampliados”, avalia.

Incentivo ao brincar

Outro recurso implantado no AppVisita Domiciliar – e que tem garantido atenção integral às necessidades da criança durante a quarentena – é uma aba exclusiva sobre brinquedos e brincadeiras. “Não só aqui, mas no mundo inteiro, houve um aumento nos casos de violência doméstica, uma porque as crianças não estavam acostumadas a ficar tanto tempo em casa e, outra, porque muitos pais não estão sabendo lidar com elas nessa situação. Por isso, pensamos em um espaço onde pudessem buscar inspirações sobre o que fazer”, aponta Nelson Arns.

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Pelo que afirma a brinquedista e voluntária da Pastoral há pelo menos 20 anos, Izete Beyer Feix: “o aplicativo oferece, hoje, um resgate das brincadeiras antigas (que ninguém mais lembra) e todas as dicas sobre como esse momento deve ser. Traz, também, sugestões aos pais de como construírem brinquedos baratos em casa, que envolvam a criança sem gastar quase nada”. “E mesmo as famílias que não têm acesso à internet são orientadas sobre isso, por telefone, pelos líderes, durante os atendimentos”, completa.

A coordenadora diocesana da Pastoral da Criança em Francisco Beltrão (PR), lembra, ainda, que a criança não brinca simplesmente porque gosta, mas porque precisa. “É brincando que forma seu pensamento, descobre o mundo, aumenta a autoestima, cresce como pessoa e estabelece vínculos com a família”, sustenta.


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