Um espetáculo que conta uma passagem bastante cativante da história de Franz Kafka – um dos escritores mais importantes da literatura, ‘Kafka e a Boneca Viajante’ será apresentado em Curitiba nesta sexta-feira (03), no sábado (04) e no domingo (05). O elenco conta com André Dias, Carol Garcia, Lilian Valeska e Alessandra Maestrini, atriz que deu vida a memorável Bozena no seriado Toma Lá, Dá Cá.

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Apesar de ser constantemente lembrada pelo papel da diarista natural de Pato Branco, no Paraná, Alessandra é uma artista plural: é atriz, cantora, compositora, poeta, diretora, produtora, dramaturga, ativista, tradutora e versionista. Também já foi indicada para importantes reconhecimentos da área, como Prêmio Shell e Prêmio APTR.

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Em uma entrevista para a Tribuna do Paraná ela explica a história e convida os curitibanos a conferirem o espetáculo. Os ingressos estão à venda no site Disk Ingressos ao preço mínimo de R$ 39.

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“No último ano da vida dele [Franz Kafka], já muito doente e com bloqueios artísticos, ele esbarrou em uma menina, de uns cinco anos de idade, que estava chorando copiosamente, profundamente porque perdeu sua boneca preferida. E esse homem fica tocado com a menina e diz que ela não foi perdida, mas foi viajar. A menina pergunta como ele sabia e ele diz que é carteiro de bonecas. E todos os dias ele levava uma carta como se fosse a boneca [escrevendo]. Assim, através da fantasia, da imaginação, ele tira essa menina de um lugar muito triste e ela acaba tirando ele de um lugar triste. Então um acaba salvando o outro”, conta Alessandra sobre a peça.

Em Kafka e a Boneca Viajante, Alessandra interpreta Brígida, a boneca. Por conta da boa atuação nesse espetáculo que já passou por cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bele Horizonte e Porto Alegre, ela recebeu a indicação de melhor atriz pelo Prêmio Shell.

A artista descreve a personagem como divertida, bagunceira e garante que ela provoca reflexões profundas. “É uma boneca de pano. A gente tem no Brasil talvez a boneca de pano mais famosa do mundo, que é a Emília, então [a Brígida] tem todo o corpo da boneca e ela sofre transformações ao longo do espetáculo. Não vou dar spoiler”, brinca Alessandra.

Pensando na mensagem principal do espetáculo, Alessandra acredita que a história tem o objetivo de conectar as pessoas. “É um espetáculo que fala sobre empatia também, sobre ser diferente. Eu acho que é a importância do aqui e do agora. Muito mais do que qualquer tecnologia ou qualquer boneca, é o encontro que se importa. Einstein já dizia que tudo é relativo e eu completo que tudo é relação. Acho que essa é a mensagem do espetáculo”, afirma.

A memória eterna de Bozena

O último episódio de Toma Lá, Dá Cá foi exibido em dezembro de 2009. Ou seja, já fazem 15 anos que Bozena não é vista nas telinhas. Entretanto, com a boa habilidade que as redes sociais possuem em resgatar momentos memoráveis da televisão brasileira, os vídeos da personagem paranaense aparecem com frequência na internet.

Esse reconhecimento satisfaz Alessandra, que diz se sentir honrada e encantada com essa memória.

Confira a entrevista de Alessandra Maestrini para a Tribuna do Paraná na íntegra

01 – Alessandra, contextualizando o espetáculo Kafka e a Boneca Viajante, qual é a relação entre uma boneca, um escritor e uma criança?

Franz Kafka, para quem não está familiarizado, é um dos maiores nomes da literatura mundial, foi um dos maiores escritores que a gente já teve. E ele era tido como um cara muito solitário, com textos que tinham um lado um pouco misterioso. Dizia-se que ele não gostava de crianças. Mas no último ano da vida dele, já muito doente e com bloqueios artísticos, ele esbarrou em uma menina, de uns cinco anos de idade, que estava chorando copiosamente, profundamente, porque perdeu sua boneca preferida. E esse homem fica tocado com a menina e diz que ela não foi perdida, mas foi viajar. A menina pergunta como ele sabia e ele diz que é carteiro de bonecas. E todos os dias ele levava uma carta como se fosse a boneca. Assim, através da fantasia, da imaginação, ele tira essa menina de um lugar muito triste e ela acaba tirando ele de um lugar triste. Então um acaba salvando o outro.

É um espetáculo que fala de vínculos, da importância do encontro, que mesmo quando único pode transformar uma vida inteira. Fala da literatura transformadora, da imaginação que deve ser incentivada e de perdas. É um espetáculo extremamente poético, muito divertido, com músicas lindíssimas e muito emocionante. É 1h20 de espetáculo com toda a profundidade e poesia de Kafka e, ao mesmo tempo, lúdico. Então é um espetáculo para adultos, mas que na verdade é para a família inteira porque as crianças também se apaixonam.

02 – A boneca é fundamental na história, afinal ela promoveu esse encontro entre os outros personagens. Na hora de pensar e de interpretar, quais características você trouxe para a boneca?

É uma boneca de pano. A gente tem no Brasil talvez a boneca de pano mais famosa do mundo, que é a Emília, então tem todo o corpo da boneca de pano e ela sofre transformações ao longo do espetáculo. Não vou dar spoiler. É uma boneca que conversa com o universo lúdico do infantil, mas sem se limitar a esse universo. É um espetáculo escrito para adultos, mas com o cuidado de saber que as crianças viriam também. Então encanta a todos e a boneca tem esse lugar que ela traz a poesia e a brincadeira, conversando com a criança, mas ressignifica muito para o adulto também.

Ela é um pouco a gente, na verdade. As vezes somos levados pela vida como uma boneca de pano e, quando a gente vê, é colocado no lugar ou alguma circunstância empurra a gente para frente quando não estamos conseguindo. Então tem coisas muito profundas e ao mesmo tempo, na camada superficial, é muito leve, divertida e bagunceira.

03 – Como o elenco se relaciona com o público?

Todo o elenco se diverte muito. Somos eu, Lilian Valeska, André Dias e Carol Garcia. E a gente quebra a quarta parede. Ouvimos muito do público na saída que a sensação que eles tem é que a gente tá criando o espetáculo na hora e que o público está criando junto com a gente.

04 – A peça conta com grandes nomes da música brasileira. Como essas canções entram em cena?

Esse é o [trabalho] do Tony Lucchesi, que é nosso diretor musical maravilhoso. Ele fez arranjos absolutamente únicos para o espetáculo, mas que trazem as músicas mais amadas da MPB. Então a gente tem Djavan, Chico Buarque, Gilberto Gil, Rita Lee, Biquini Cavadão. As músicas realmente contam a história, é um musical na essência. E apesar das músicas já existirem antes, a letra de cada uma e a maneira como o arranjo foi feito é lindo. Estamos todos indicados para prêmios.

05 – Qual lição de vida podemos tirar de Kafka e a Boneca Viajante?

Tem muita gente que pergunta se a história é verídica ou não. Ninguém nunca encontrou essas cartas, não se sabe quem foi essa menina que conversou [com Kafka]. Mas quem contou essa história para o mundo foi a Dora, viúva de Kafka, e por que ela ia inventar? Só se ela fosse também uma grande escritora (risos). Eu costumo dizer que não importa se a história é real ou não, porque ela é tão linda e traz tantos significados transformadores e é isso que importa, que leva a gente a viver uma vida muito mais rica e interessante.

Os ciclos que tem nessa história nos transformam, libertam e nos fazem chegar mais próximo do outro, que é o que importa. É um espetáculo que fala sobre empatia também, sobre ser diferente. Eu acho que é a importância do aqui e agora. Muito mais do que qualquer tecnologia ou qualquer boneca, é o encontro que se importa. Einstein já dizia que tudo é relativo e eu completo que tudo é relação. Acho que essa é a mensagem do espetáculo.

06 – Falando um pouquinho de você agora, Alessandra. Quais são os projetos futuros?

A gente gravou uma série linda do Miguel Falabella que é de um espetáculo que ele escreveu para mim, o Som e a Sílaba. Eu faço uma autista que canta ópera. O Disney Channel assistiu à peça, ficou encantado e gravou uma série. Acho que no comecinho do ano que vem será lançado o Som e a Sílaba no Disney Plus. Eu e Denise Stoklos estamos criando um espetáculo juntas e a gente pretende estrear no final do ano ou começo do ano que vem.

07 – Não podemos deixar de comentar sobre a Bozena. Para você, como é ver que um papel com mais de uma década continua sendo um sucesso nas redes sociais?

É uma delícia e, de novo, eu trago a Emília. Eu acho que virei a Emília, porque ela [Bozena] entrou para o folclore popular (risos). Isso me encanta, me deixa muito honrada. Especialmente por ser um personagem paranaense, que é de onde veio a minha avó. Então é uma grande celebração, uma grande alegria.

Serviço

Kafka e a Boneca Viajante

Dias: sexta-feira (03), sábado (04) e domingo (05)

Horários: sexta e sábado às 20h30 e domingo às 19h

Endereço: Teatro Bom Jesus – Rua 24 de Maio, 135 – Centro, Curitiba

Duração: 90 minutos

Classificação etária: Livre

Ingressos

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