A Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba aprovou, em novembro, uma sugestão ao Executivo para formar um consórcio com municípios vizinhos que possuem atrativos turísticos, mas que não recebem a devida divulgação.
“Se aprovado, os turistas que vierem nos visitar terão oportunidade de conhecer esses locais da nossa região”, explica o vereador e autor da proposta, Eder Borges (PP). Segundo ele, a iniciativa formalizaria a Rota das Araucárias, reunindo cidades já conhecidas por seus atrativos — como Ponta Grossa e Tibagi — e também os municípios com menor divulgação de suas atrações. “Isso fomentaria o turismo em cidades como Guaraqueçaba, Prudentópolis, Irati e Guamiranga, por exemplo, e aumentaria o tempo de permanência dos visitantes aqui em Curitiba”.
Para isso, a ideia do vereador seria instalar um centro de integração no Parque Barigui, ponto de referência na cidade que fica próximo à BR-277, facilitando o deslocamento dos turistas. “Lá seriam oferecidos, inicialmente, roteiros de um dia com saída pela manhã e retorno à noite”.
A ação, de acordo com a proposta, ocorreria por meio de parcerias público-privadas com divulgação recíproca entre os participantes. “Afinal, o objetivo é movimentar o turismo na capital e auxiliar na estruturação dessas cidades com potencial turístico”, completa Borges.
A sugestão já foi encaminhada à prefeitura de Curitiba para apreciação do Instituto Municipal do Turismo e recebida pelo órgão. No entanto, como não se trata de algo impositivo, cabe ao Executivo avaliar e acatar a proposta. “Para isso, vamos aguardar as definições que envolvem a nova estrutura de governo em nível estadual e federal”, afirmou o superintendente de Turismo em Curitiba, Paulo Nauiack, ao citar outras parcerias que têm sido implementadas.
Curitiba possui parcerias para fomentar o turismo no PR
De acordo com Nauiack, Curitiba assinou recentemente um termo de compromisso com o Ministério do Turismo se comprometendo a apoiar o desenvolvimento regional por meio do programa Rotas do Pinhão. A iniciativa divulga atrativos de diversas cidades do estado e também trabalha por meio da divulgação recíproca entre os integrantes.
Além disso, o superintendente conta que a capital e outras cidades do Paraná integram a Agência de Desenvolvimento Turístico, que trabalha para o crescimento dessa área no estado. “Sem contar o Programa Paraná Turismo, realizado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável com ações para fomento, qualificação e promoção turística”.
Como essas parcerias já existem, Nauiack acredita que a criação de um novo consórcio intermunicipal precisaria ser avaliada para não “esbarrar” nas iniciativas atuais e nem encontrar dificuldades na criação de centros de apoio logístico em outros municípios.
Por isso, enquanto a sugestão da Câmara Municipal é avaliada pela prefeitura da capital, a Gazeta do Povo preparou uma lista com algumas cidades paranaenses que podem ser beneficiadas com essa parceira. Conheça os atrativos que oferecem e as necessidades de divulgação e infraestrutura que possuem:
Prudentópolis, a 200 km de Curitiba
Atraindo visitantes de todo o país, Prudentópolis chama atenção por abrigar mais de 100 cachoeiras — algumas ultrapassando 100 metros de altura —, além de diversas trilhas e atividades de aventura.
De acordo com a secretária de Turismo da cidade, Cristiane Guimarães Rossetim, o principal destino é o Monumento Natural Estadual Salto São João, que possui 84 metros de altura em meio a uma floresta de araucárias, e recebeu 85 mil turistas entre janeiro e outubro deste ano.
Além dessa queda d’água, outras que ganham destaque são o Salto São Francisco, com 196 metros, e o Salto Barão do Rio Branco, que possui 64 metros e acesso pela parte superior ou inferior por meio de uma escadaria metálica com 433 degraus.
A cidade ainda conta com atrativos ligados à cultura e religiosidade, como a Rota Caminho de São Miguel Arcanjo e a Igreja São Josafat, construída em estilo bizantino e considerada uma das mais belas do país, segundo Cristiane.
Irati, a 150 km de Curitiba
Caracterizada por suas construções religiosas, atrativos rurais e parques, a cidade conta com diversos atrativos, como a imagem de Nossa Senhora das Graças, construída em 1957 com 22 metros de altura. A escultura fica em uma colina que possibilita a vista de todo o centro da cidade e integra um roteiro religioso com mais três igrejas que se destacam: a Imaculado Coração de Maria, construída para atender comunidades ucranianas, a Igreja São Miguel e a Nossa Senhora da Luz.
A cidade ainda possui dois parques urbanos com lagos, o Santa Terezinha e o Vila São João, algumas construções históricas como a Casa da Cultura Edgard e Egas Andrade Gomes, e atrativos na área rural. “Temos diversas cachoeiras [como a do Pinho de Baixo] e comunidades que apresentam o modo de vida dos imigrantes do município com vinícola e jantares típicos”, informam Vanessa Alberton e Diogo Lüders Fernandes, do Conselho Municipal de Turismo de Irati.
Na cidade, as estradas de acesso aos atrativos estão em boas condições, mas precisam de melhorias na sinalização. Além disso, uma parte dos pontos turísticos está localizada em propriedades privadas, sem infraestrutura adequada ou serviços para atendimento aos visitantes.
Ponta Grossa, a 150 km de Curitiba
Com diversos atrativos turísticos, Ponta Grossa ganha destaque no cenário estadual e, principalmente, na região dos Campos Gerais, com paisagens icônicas como o Buraco do Padre e o Parque Vila Velha.
No Buraco do Padre, por exemplo, cerca de 60 mil visitantes são recebidos anualmente para conhecer a cascata de 30 metros de altura que deságua em um anfiteatro rochoso e forma um lago de fundo arenoso. O local é acessado por uma trilha de 880 metros com passarelas de madeira e possui mirantes, no alto da Trilha do Favo, onde os visitantes também podem conhecer outros espaços como o Poço Encantado e a Toca do Morcego.
Já o Parque Vila Velha recebe anualmente cerca de 73 mil pessoas que buscam o local para conhecer suas três principais atrações: os Arenitos, que são formações rochosas de formas variadas, como taça e camelo; as Furnas, que se caracterizam por grandes poços com água e vegetação exuberante; e ainda a Lagoa Dourada, que possui esse nome devido à coloração apresentada ao refletir a luz do sol.
O parque foi criado em 1953, com mais de 38 km² de biodiversidade protegida, possui centro de visitantes, transporte interno e guias para a realização das trilhas. Além disso, oferece outras atrações como balonismo estacionário, arvorismo, tirolesa, caminhada noturna e cicloturismo.
A cidade também é conhecida pelo Camping Refúgio das Curucacas, que oferece 16 roteiros de caminhadas para os visitantes e outras atividades de aventura como escaladas e percursos de bicicleta. Entre os pontos turísticos visitados nas rotas estão as Furnas Gêmeas, Furna Grande, Furna do Anfiteatro e a Pedra da Onda.
Quanto à infraestrutura, o município necessita de mais linhas de ônibus para acesso aos atrativos e busca melhorar o atendimento às pessoas com deficiência, já que “poucos de nossos atrativos e serviços são acessíveis, tanto na mobilidade quanto na inclusão social”, informam as turismólogas Anne Lopuise Pinheiro e Micheli Introvini Turek.
Rio Branco do Sul, localizada a 30 km de Curitiba
Já no vale do Ribeira, uma das cidades de destaque é Rio Branco do Sul, com suas belezas naturais, construções icônicas e estradas cênicas como a Rota da Princesa. Oficializada recentemente pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), essa estrada conta com 394 curvas no trecho de 50 quilômetros entre os municípios de Rio Branco do Sul e Cerro Azul, e recebe esse nome em homenagem à Princesa Isabel, que teria trafegado por ali para chegar a uma colônia agrícola na região.
Já entre as paisagens naturais, os destaques são a Gruta da Lancinha, considerada a terceira maior do Paraná, e os morros da Lorena e da Bandeira, que possuem 1280 e 1256 metros de altitude, respectivamente. “Além das belas paisagens, eles chamam atenção pelas histórias que trazem ao longo dos anos”, relata o diretor de Turismo, Mauricio José Antoniacomi.
Segundo ele, o Morro da Lorena é conhecido por uma cruz exposta na parte mais alta, que não se sabe a origem. “Os moradores mais antigos afirmam que ela sempre esteve ali e uma teoria diz que embaixo dela existe uma igreja de ouro”, relata.
A cidade ainda possui cachoeiras, como as do Recanto Salto Canta Galo, uma ponte de origem francesa que teria sido instalada na cidade por engano, e construções históricas como a Paróquia Nossa Senhora do Amparo, de 1943. “Sem contar estabelecimentos comerciais que oferecem produtos tradicionais da região e nossa cerveja de milho e cereais, chamada de moonshine”, informa.
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