O palco do Teatro Positivo, em Curitiba, recebe neste domingo (24), a partir das 19h, a banda de rock Rosa de Saron. Prestes a completar 35 anos de carreira, o grupo formado em Campinas, no interior de São Paulo, é pioneiro no rock cristão no Brasil e uma das maiores bandas do segmento no mundo. Mais do que um grupo musical, o Rosa se transformou em um conceito e é ele quem garante fôlego para o grupo após décadas de estrada.
Todo artista, no final das contas, é um pregador. O problema, via de regra, é a mensagem distribuída. Enquanto alguns apostam em letras simples, com rimas e conteúdos pobres, fáceis de “pegar” pra virar hit ou viralizar, outros apostam em dar um melhor trato para as frases, ajeitando as palavras com harmonia, costurando boas rimas e, acima de tudo, passando uma mensagem potencialmente transformadora.
E o resultado colhido pelo Rosa é gratificante. “Recebemos mais de 100 pessoas no camarim todos os shows. Fazemos 1 hora e meia de show, e ficamos mais duas atendendo o pessoal. Toda vez temos vários depoimentos emocionantes. Dia desses um menino veio dizer que pensou em se matar 3 vezes, e em todas elas foi o Rosa quem o salvou de cometer essa loucura”, contou Eduardo Faro, guitarrista e um dos fundadores da banda. “Ficamos felizes com a gratidão, mas é Deus quem toca as pessoas. Somos só um caminho, só passamos a mensagem”, completou.
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O baterista Grevão lembrou de outro caso igualmente emocionante e impactante. “O cara tinha recém casado, com a esposa grávida, e se perdeu. A esposa não desistiu, eles conheceram o Rosa e hoje, como tudo nos eixos, formam uma família linda. Estão em todos os shows que podem e vê-los hoje em dia é um baita combustível. É emocionante, é o que nos move e nos mantém há 35 anos acreditando no nosso trabalho”.
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Por muitas vezes o Rosa de Saron já tocou em Curitiba. A cidade tem se destacado como palco de grandes apresentações de rock e a passagem de qualquer turnê pela capital paranaense se torna obrigatória. “As nossas três formações já passaram por aqui e é impossível falar de rock no Brasil sem falar de Curitiba. Os grandes shows que vem para cá passam aqui, inclusive o Angra gravou o seu DVD aqui na Ópera de Arame esses dias. Curitiba é uma das capitais do rock no Brasil”, elogiou Edu.
Popularizando a palavra
O Rosa de Saron nasceu em 1988 e soube como poucos transformar a palavra de Deus em mensagem. Longe dos termos rebuscados, palavras difíceis e até conceitos incompreensíveis, eles conseguiram unir o “recado” com a sonoridade para atingir mais corações do que ouvidos.
“Sempre trabalhamos com o pilar de levar a mensagem cristã, com uma estética de letra diferente daquelas que víamos nas igrejas. Não queríamos o vocabulário de quem tá nas missas. Têm palavras que só quem tá lá entende”, explicou Edu Faro.
Com linguagem mais acessível, o impacto do trabalho foi maior e o Rosa se notabilizou por ser um grande evangelizador, mesmo que as pessoas não se dessem conta disso. “O Rosa não é nosso, o Rosa é uma obra de Deus, desvinculada das pessoas que estão aqui. Zelamos e cuidamos disso”, contou Grevão.
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Mas não foi fácil. Segundo Edu Faro, foi na base da “teimosia” que o Rosa prosperou. Nascida quando ainda era muito caro se gravar um disco, depois um CD (e o rock ainda era tido como “coisa do demônio”), a banda estourou mesmo quando a pirataria explodiu no país. Não pensem, no entanto, que foi por causa da venda dos CDs falsificados.
Em 2007 as gravadoras se abriram para a música cristã. O Padre Fábio de Melo estourou (anos antes o padre Marcelo Rossi e o padre Antônio Maria abriram os caminhos) chamaram a atenção para o segmento. “A pirataria derrubou as vendas de todo mundo, mas o pessoal da igreja comprava os CDs. Aí decidiram investir na música cristã”, lembrou Edu Faro. “Aí todo o movimento aconteceu, as bandas se profissionalizaram e o pessoal passou a creditar mais na mensagem, que era poderosa e podia ajudar as pessoas”, acrescentou.
Nesse tempo todo de estrada, a banda tinha um fã especial. O engenheiro civil Bruno Faglioni sempre gostou de música (estudou violão erudito a vida toda) e era um admirador do trabalho do Rosa de Saron. Após tentar a sorte em alguns realitys shows na TV, fez amizades no meio e quando apareceu a chance após o anúncio da saída do ex-vocalista Guilherme de Sá, ele se abraçou.
“No meu primeiro ano, cai de paraquedas no palco, mas os meninos me chamaram num canto e disseram: ‘Bruino, as músicas têm que falar com o povo, a mensagem tem que chegar. É legal o lance da poética, mas elas tem que fazer sentido na vida das pessoas’. Aquilo mexeu comigo, pois lidamos com vidas e muitas vezes a pessoa só precisa passar na frente da paróquia em que estamos tocando e ouvir um trecho de uma música para que sua vida mude”, disse o orgulhoso vocalista.
Música nova
A novidade pra o show deste domingo será a primeira execução da música Rosa e Espinho. Faixa inédita do novo trabalho da banda, ela nunca foi tocada oficialmente em shows. “Vai ser a primeira exibição ao vivo da nova música, especial para o público de Curitiba”, revelou Eduardo Faro. “Vai ter um pouco de tudo, um cozidão mesmo de tudo que o Rosa já tocou. A turnê representa o que de melhor já foi feito nos 35 anos da banda”, revelou o vocalista Bruno Faglioni sobre o restante do show.
O show será um aperitivo do novo trabalho da banda, o DVD Rosa de Saron In Concert, gravado com orquestra no Teatro Municipal de São Paulo, e teve participações do Padre Fábio de Melo e do cantor Gustavo Mioto.
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O novo DVD será lançado até o final do ano e até lá alguns singles serão revelados pela banda para os fãs. “O projeto é incrível, graças a Deus deu tudo certo, mas foi uma luta, tudo muito difícil, como tudo na nossa história. Foi uma batalha espiritual”, lembrou Bruno.
“Tínhamos várias frentes de trabalho, e todas deram ruim (risos). Até o café com bolacha no camarim não deu certo”, divertiu-se Grevão, que completou. “Mas os feedbacks foram incríveis. As pessoas ficaram maravilhadas, emocionadas com o produto final, a sonoridade. Foi uma batalha, mas Deus saiu ganhando”, acrescentou.
Serviço
O que? Turnê “Rosa de Saron 35 Anos”
Quando? 24 de setembro de 2023 (domingo), a partir das 20h. (abertura às 19h, com show de Janaína Santana)
Onde? Teatro Positivo – R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido, Curitiba.
Quanto? a partir de R$ 90,00 a meia-entrada + taxa administrativa. Vendas pelo Disk Ingressos
Realização: Dumas Produções