Pela primeira vez em 23 anos de existência, a Companhia Re-Trato de playback theatre fará um circuito de apresentações por São José dos Pinhais, a partir do próximo fim de semana. Os espetáculos vão até o início de julho e acontecem principalmente em escolas públicas do município. As apresentações são gratuitas.

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A programação conta ainda com duas sessões especiais na Usina da Música: uma para idosos e outra, aberta ao público em geral – já no sábado, 27 de maio. O espaço tem capacidade para 450 pessoas.

As exibições fazem parte do projeto “Memórias Entrelaçadas” e têm o incentivo da Schattdecor Brasil, por meio da Lei Rouanet. A promoção é da Associação Cultural Meninos da Harmonia.

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O playback theatre é uma técnica teatral criada nos Estados Unidos, nos anos 70, na qual a plateia tem papel fundamental. Nela, os espectadores contam histórias de suas próprias vidas, que em seguida são representadas no palco pelos atores (também chamados de “playbackers”).

“Mas o playback theatre é diferente das outras vertentes do teatro de improviso”, avisa a diretora da Companhia Re-Trato, Liziana Rodrigues. “Nosso propósito não é apenas o entretenimento, mas que o espectador enxergue no palco a sua própria vida. E com isso possa ver ali aspectos que não tinha notado antes. A partir daí, pode ter riso, pode ter choro, pode ter saudade, pode ter raiva. São muitos os sentimentos envolvidos.”

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“É uma mistura de arte e psicodrama”, define o playbacker Tomás Barreiros, referindo-se à vertente da psicoterapia calcada na representação dramática. “Na prática, é um tipo de catarse. É absolutamente fantástico, emocionante. A pessoa conta e revive as suas memórias.”

No jargão do playback theatre, a diretora da apresentação é também chamada de condutora. Isso porque compete a ela fazer uma breve entrevista com os voluntários da plateia, a fim de investigar mais a fundo as histórias que eles querem contar e dar suporte ao trabalho dos atores. “Nessa conversa, eu tento entender onde está a essência de cada história”, explica Liziana. “Se você me contar que bateu o carro e ficou com medo, esse medo pode ser a essência do que você está dizendo.”

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Os relatos podem ir de um simples tropeção no meio da rua até narrativas envolvendo violência e morte. “Frequentemente, as pessoas conseguem entender por que fizeram determinada coisa, ou por que determinada coisa aconteceu.”

Enquanto isso, os demais integrantes da Companhia – que conta também com o músico Dan Ramos, que improvisa a trilha sonora – aguardam no palco, com figurino composto por roupas pretas, sem adereços, auxiliados apenas por alguns caixotes de madeira e tecidos coloridos, para montarem no momento um pequeno cenário. “O ator fica em um estado de prontidão permanente. É preciso ter uma enorme versatilidade. Quando termina, às vezes você sai exaurido”, observa Tomás Barreiros.

“É uma relação profunda do público com os playbackers”, completa a atriz Izabela Zampier. “Pra mim, estar ali, disponível para contar as histórias das pessoas, é o que há de mais sagrado. Eu me emociono muito.” O elenco da Companha Re-Trato conta ainda com Mildred Marcon, Kênia Tavares, Bruna Bonaccorsi e Ivan Petry.

Para Tomás, tudo vale a pena. “O playback theatre deveria estar em todos os lugares, o tempo todo. É um teatro de vizinhos, um teatro da comunidade. Tem o efeito de fortalecer os laços e cicatrizar algumas feridas, que todos nós temos.”

Serviço

O que? “Memórias Entrelaçadas” – playback theatre, em São José dos Pinhais

Quando e onde?

26 de maio, às 9h30: Colégio Estadual Anita Cannet;

26 de maio, às 14h45: Escola Municipal Cleonice Braga;

27 de maio, às 18h30: Usina da Música (apresentação aberta à comunidade);

16 de junho, às 10h30: Colégio Estadual Tarsila do Amaral;

16 de junho, às 13h30: Usina da Música (apresentação para os coordenadores dos grupos de idosos de São José dos Pinhais);

07 de julho, às 10h e às 14h: Escola Municipal Leonilda R. Trevisan.