De tempos em tempos, os nomes mudam: Escova Progressiva, Escova Botânica, Lisoplastia Capilar. O alisamento de cabelo à base de formol, mesmo com a proibição pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda é encontrado em salões de beleza. Na última semana, uma mulher teve uma parada cardiorrespiratória depois de fazer o alisamento em Cascavel, no oeste do estado. Infelizmente, muitas mulheres ainda alisam seus cabelos sem saber que a substância química está sendo utilizada no processo.

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A terapeuta ocupacional Bruna Caires, de 32 anos, desistiu de alisar o cabelo depois da última escova progressiva que fez. Como sabe do perigo do formol, Bruna perguntou para a cabeleireira se havia o produto químico no alisante, mas a profissional negou. “Ela disse que não tinha, mas dava para sentir pelo cheiro. Era muito forte, de arder o olho, fora a coceira intensa na cabeça”, lembrou a terapeuta.

No dia seguinte ao procedimento, Bruna percebeu o cheiro forte do químico no travesseiro. O arrependimento veio logo em seguida, quando o cabelo passou a cair. “Caía tufos de cabelo só de passar a mão, meu couro cabeludo descamou inteiro. Fora isso, uma semana depois da progressiva meu cabelo já tinha enrolado novamente. A cabeleireira queria reaplicar, mas eu não concordei. Fiquei super triste porque investi num tratamento para não durar e me deixar quase careca”, relembra.

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A queda de cabelo e a descamação no couro cabelo preocupou Bruna, que procurou um dermatologista. “Eu achei que fosse ficar careca! Mas a médica me receitou alguns remédios para o cabelo e agora está cheio de cabelinho novo”, conta.

Depois de toda situação, Bruna reavaliou seus conceitos e decidiu adotar o cabelo natural. “A gente vê padrões de beleza, que você tem que ser magra e ter cabelo liso. E quem não nasce assim, é excluído? A gente precisa se aceitar do jeito que a gente é, cada um tem a sua própria beleza”, questiona. 

Sintomas da intoxicação

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O médico dermatologista Leonardo Spagnol Abraham, coordenador do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o formol, em contato com a pele, causa irritação, com descamação, vermelhidão, dor e queimaduras.Em contato com os olhos, ele provoca irritação, vermelhidão, lacrimejamento e dor. Em altas concentrações, pode causar danos irreversíveis.

Em procedimentos como o da escova progressiva, o formol é aplicado no cabelo, que depois é seco e escovado com a ajuda de um secador. E durante a escovação, a substância pode ser inalada e causar dor de garganta, irritação no nariz, tosse, dor de cabeça, enjoo e falta de ar. Pode ainda causar ferimentos graves nas vias respiratórias, levando ao edema pulmonar e pneumonia.

A exposição crônica, no caso dos profissionais, pode ser um perigo ainda maior. De acordo com o dermatologista, o formol pode causar reação alérgica, debilidade da visão e aumento do fígado. Ainda pode levar ao câncer no aparelho respiratório e leucemia.

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Formol pode deixar careca

A alta toxicidade do formol pode ser perigosa para a saúde e também pode causar alopecia, quando uma parte do couro cabeludo fica sem cabelo. De acordo com um estudo publicado pela revista americana  Journal of the American Academy of Dermatology, o risco de desenvolver alopecia na região próxima da testa é três vezes maior em mulheres que fazem alisamento por formol do que a população em geral. O cabelo que cai na região não volta a crescer.

Em casos de suspeita de uso, o dermatologista recomenda a suspensão do produto imediatamente. Dependendo do caso, é necessário procurar um serviço de urgência e emergência para receber orientações de como proceder com a intoxicação. “Essa exposição indevida pode resultar em sérios problemas de saúde, como câncer de nariz, boca, laringe e leucemia. Em casos extremos, há risco de morte”, orienta.

Onde denunciar

Ao notar uso de formol, ou de alisantes com procedência duvidosa, os frequentadores de salão de beleza podem fazer denúncias das irregularidades pela Central do 156, da Prefeitura de Curitiba.