Hipertensão

Pressão alta é silenciosa e sem sintomas; veja dicas para controlar a doença

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A hipertensão é uma doença assintomática e os sintomas, quando aparecem, representam complicações. Foto: Freepik/Ijeab

No Brasil, estima-se que 33% da população adulta seja hipertensa e, considerando só quem tem mais de 60 anos, este percentual gira em torno de 65%. Mas entre 30% e 50% dos brasileiros desconhecem o diagnóstico. Dos que sabem, uma parte toma remédio irregular ou não faz uso de medicação e apenas 20% dos pacientes hipertensos estão devidamente controlados. Os dados são da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).

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Nas faixas etárias mais jovens, a pressão arterial é mais elevada entre homens, mas, após os 60 anos, a doença atinge mais as mulheres. A hipertensão está associada a 45% das mortes por doenças cardiovasculares, cerca de 400 mil por ano no Brasil, de acordo com a entidade.

Segundo o cardiômetro (indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares) da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 2021, até as 14h do dia 28 de abril, as doenças cardiovasculares já mataram 130.023 pessoas no país.

Pressão normal e pré-hipertensos

No Brasil, em adultos, considera-se pressão alta índice igual ou superior a 14 por 9. A novidade é que o parâmetro antes considerado normal agora é pré-hipertenso e requer mudanças de estilo de vida.

“A pressão 12 por 8 ou menor é a chamada ótima, onde as pessoas têm um risco muito pequeno. Entre 13 e 14 e entre 8 e 9 [de mínima] é um sinal amarelo, porque essas pessoas, embora não sejam hipertensas, estão numa faixa que podem evoluir mais facilmente para um diagnóstico de hipertensão no futuro”, diz o diretor científico da Socesp, Luciano Drager, que é especialista em hipertensão e um dos autores da Diretriz Brasileira de Hipertensão.

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Nessa faixa intermediária, segundo Drager, o médico não vai, necessariamente, receitar um remédio para o paciente, mas começará a pensar na possibilidade de reduzir o sal da dieta, recomendar perda de peso, atividade física, boa noite de sono, evitar o uso do álcool em excesso.

A forma de reduzir a pressão, quando há risco associado, também mudou. “Tenho que avaliar uma pessoa com pressão alta não somente no valor que ela tem, mas no que ela traz de adicional. É um hipertenso de alto risco? Se sim, serei um pouco mais agressivo para reduzir a pressão, no sentido de dar mais remédios e tratamentos”, ressalta o especialista.

Em 2015, um estudo americano com pacientes hipertensos de alto risco cardiovascular –idosos, que já haviam sofrido infarto, AVC ou doenças renais, por exemplo– mostrou que reduzir a pressão arterial de forma mais intensiva, trouxe melhora de prognósticos.

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Dois anos depois, a sociedade americana publicou as novas diretrizes e passou a considerar o 13 por 8 como critério para hipertensão arterial ao invés de 14 por 9. Nos Estados Unidos, onde é utilizado o parâmetro mais baixo, a prevalência de hipertensão é de 42%.

“As sociedades europeia e brasileira não incorporaram o conceito americano por entenderem que o estudo não contemplou vários pacientes hipertensos. Em termos de classificação, no consultório, para adultos sem complicações, considera-se a pressão alta igual ou acima de 14 por 9”, afirma Drager.

Sem sintomas

A hipertensão é uma doença assintomática. Os sintomas, quando aparecem, representam complicações do quadro. Exemplo: uma dor no peito pode ser sinal de infarto, o que é uma consequência do problema.

“As pessoas não devem esperar sintomas de pressão alta para fazerem a medição ou tomar remédio, se já têm o diagnóstico confirmado. É preciso encarar a doença como um mal silencioso. As pessoas ainda têm esse conceito: não estou sentindo nada, não tenho pressão alta. E é aí que mora o perigo”, alerta.

Segundo a Socesp, a hipertensão arterial tem uma relação direta com o sedentarismo, sobrepeso, obesidade, dieta inadequada, ingestão de sódio e potássio, álcool, tabagismo e pouca espiritualidade.

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O sedentarismo é um dos dez principais fatores para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos por ano. Adultos devem fazer 150 minutos de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de exercícios mais vigorosos semanais.

O consumo abusivo de sal também leva ao desenvolvimento da doença. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de apenas 5 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá.

Assim como o sal, álcool e cigarro são inimigos dos padrões normais de pressão arterial. O consumo excessivo de álcool é responsável por até 30% dos casos de hipertensão arterial.

Hipertensão e espiritualidade

O estresse é outro fator de risco para a hipertensão arterial. Em contrapartida, a espiritualidade deve ser levada em consideração. “Ações e pensamentos influenciam na cura e prevenção de doenças”, diz o cardiologista Álvaro Avezum, cientista e diretor da Socesp.

Ele também é coeditor da revista da entidade, que em 2020 trouxe em suas páginas o tema “Espiritualidade, Cardiologia Comportamental e Social”, para orientar os cardiologistas na abordagem do assunto com seus pacientes.

A hipertensão é a principal causa de risco cardiovascular, que está diretamente ligada aos casos mais graves de covid-19 e à mortalidade, principalmente se estiver associada a comorbidades, como diabetes e obesidade, e se o paciente for maior de 60 anos, segundo o infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Daher. “Quando a gente soma fatores, o risco é bem maior”, afirma.

Sobre atividade física, com os números altos de Covid-19, Daher afirma que pessoas com mais de 60 anos que apresentam comorbidades devem pensar duas vezes antes de retornar à academia neste momento.

“É muito mais interessante fazer uma caminhada em um parque, em lugar aberto. É muito mais seguro.”

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