Para muitas pessoas falar em dieta é sinônimo de sofrimento, mas para quem tem hipertensão ou é sério candidato a desenvolver essa doença crônica, essa é uma medida de controle da pressão arterial fortemente recomendada.
A dieta Dash (Dietary Approaches to Stop Hypertension, em inglês, ou abordagem dietética para interromper a hipertensão), desenvolvida nos Estados Unidos, não reduz peso, nem mesmo interfere demais na ingestão de sal pelo paciente, porém mesmo assim mostra resultados significativos na diminuição da pressão.
A primeira pesquisa sobre esse tipo de dieta foi desenvolvida nos Estados Unidos no fim dos anos 1990, com o objetivo específico de avaliar o impacto em pacientes hipertensos, diz o cardiologista do InCor e membro da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Heno Lopes, que estudou os efeitos dessa dieta em seu pós doutorado. “Até então, a recomendação para hipertensos era sempre reduzir o sal. Mas com essa dieta o paciente passa a cuidar da hipertensão com foco em outros componentes”, afirma o médico.
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A hipertensão normalmente está ligada ao sobrepeso, diz o cardiologista. E justamente para que, no estudo acima citado, não houvesse interferência da perda de peso nos números da pressão arterial, evitou-se alterar o resultado na balança. “O objetivo era manter o peso para não causar a diminuição da pressão devido a essa perda de peso”, esclarece.
Culpa do potássio
A partir da pesquisa concluiu-se que o “segredo” da dieta Dash estaria no potássio. E que a ingestão de alimentos ricos em concentração desse mineral possibilitaria a redução dos índices de pressão arterial, diz a nutricionista diretora do departamento de nutrição da SBH, Márcia Gowdak.
“Quando você aumenta o consumo de potássio, aumenta a excreção de sódio pela urina. É o efeito oposto do sal”, descreve a nutricionista, que esclarece que a suplementação com potássio não é suficiente para melhorar os riscos cardiovasculares. É a combinação de uma série de fatores na ingestão dos alimentos que proporciona o benefício.
A dieta Dash é rica em frutas e vegetais, com indicação de consumo de 5 porções ao dia, assim como cálcio, proveniente de leite e derivados, além de um consumo reduzido de gordura saturada. “Esse estudo foi um marco pra gente porque se concluiu que quem é hipertenso não tem que apenas reduzir sal e perder peso, mas melhorar a qualidade geral da alimentação”, constata.
Outro benefício desse tipo de alimentação é prevenir o desenvolvimento da doença. “No grupo de pré-hipertensos estudado, quem fez a dieta não evoluiu para a medicação”, conta Márcia. Segundo ela são muitos os casos, também, de quem reduziu a concentração dos remédios em função de melhores resultados depois de começar a controlar a dieta.