O pedido do paciente curitibano Paul Chao Decock era muito simples: um brigadeiro. No entanto, para quem estava internado há 48 dias e se alimentando somente com soro e produtos batidos no liquidificador, aquele docinho significava muito. “Ele tem síndrome de Down, esquizofrenia e passou várias semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Nações lutando contra a Covid-19”, relata a curitibana Clara Chao Decock, que sofreu ao ver o filho de 39 anos apresentando complicações durante o tratamento.
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Segundo ela, Paul foi internado com 50% do pulmão comprometido, piorou ainda mais após o diagnóstico e precisou receber oxigênio. “Só que não foi possível realizar a intubação e a equipe médica teve que optar pela traqueostomia”, relata a mãe, ao lembrar do procedimento cirúrgico que abriu a parede da traqueia do rapaz na tentativa de melhorar sua respiração. “Felizmente, deu tudo certo, mas meu filho não conseguiu mais falar”.
A alternativa, então, foi deixar um caderno e caneta sempre perto de Paul para que ele se comunicasse no período de internamento. “Principalmente porque eu e meu esposo fazemos parte do grupo de risco, e não podíamos acompanhá-lo no hospital”, explica Clara, que tem 68 anos, e que recebia das cuidadoras contratadas todas as informações referentes à saúde do rapaz. “Tanto as boas como as ruins”.
Entre as notícias preocupantes estava o fato de saber que o filho continuava na UTI, não podia se alimentar com comida sólida e passaria vários dias recebendo apenas soro. “Depois, ele foi para o quarto e começou a dieta pastosa”, conta a mãe, que sabia como Paul estava com saudade de casa e das refeições que gostava. “É difícil para qualquer um ficar tanto tempo assim no hospital, principalmente com rígidas restrições alimentares”.
Surpresa!
Por isso, ela ficou muito agradecida assim que soube da surpresa que o filho recebeu do hospital. “Uma funcionária foi no quarto dele perguntar o que o Paul estava com vontade de comer, e ele começou a escrever no caderno que queria itens como sanduíche e brigadeiro”, relata a mãe, rindo. “Não são os alimentos mais saudáveis, mas era o que ele estava com vontade”.