Os registros de casos de covid-19 caíram quase 90% desde abril de 2021, quando a pandemia atingiu seu pico, segundo o Ministério da Saúde. Isso fez com que o país registrasse em outubro um dos menores índices de mortes pela doença e mostrasse que, respeitando as medidas de prevenção, é possível retomar atividades de rotina, reencontrar avós e até pensar nas comemorações de fim de ano.
No entanto, muitas famílias ainda percebem receio, principalmente dos idosos, na retomada dessas atividades. “Minha avó de 92 anos, por exemplo, passou a pandemia inteira dentro de casa sem encontrar filhos, netos e nem a bisneta que nasceu”, relata a publicitária Ruth Cocci. “E a gente percebe que a preocupação dela continua, porque ainda fica tensa quando falamos em visitas ou passeios”.
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De acordo com o médico geriatra Clovis Cechinel, diretor técnico do Hospital do Idoso Zilda Arns, em Curitiba, isso acontece porque a flexibilização do distanciamento social ainda é recente e exige vários cuidados, inclusive entre pessoas imunizadas. Afinal, “as vacinas disponíveis não protegem totalmente o indivíduo de contrair covid-19, mas de desenvolver formas mais graves da doença”, explica o especialista, ao apontar a necessidade de evitar aglomerações, higienizar as mãos sempre que tocar em superfícies e usar máscara de forma correta, tampando boca e nariz.
Dessa maneira, ele afirma que o idoso pode, sim, ir ao supermercado, à igreja, retomar tratamentos médicos interrompidos, praticar atividades esportivas e visitar a família, como a professora aposentada Sueli Gonçalves dos Santos tem feito. “É maravilhoso poder encontrar meus filhos, sobrinhos e netos”, relata a paranaense de 67 anos. “E já estamos até planejando o Natal com as recomendações necessárias”, adianta.
De acordo com a psicóloga Isabella Fernanda Rodrigues, isso é importante para a saúde emocional dos idosos porque, mesmo que as recomendações sanitárias tragam lembranças da pandemia, a proximidade com parentes e amigos gera sensação de bem-estar e reduz a chance de alterações no comportamento e transtornos de humor, como depressão e ansiedade. “Sem contar que as atividades de rotina ajudam na estimulação cognitiva”, aponta a especialista, ao incentivar que a família promova momentos assim.
No entanto, ela alerta para casos em que o idoso apresente muito receio de voltar às atividades, não queira contato com a família e sinta medo de estar com pessoas. “Será preciso que a família converse bastante com ele, entenda sua dor e o acolha”, orienta. Além disso, “se esse medo for extremo, será essencial buscar a ajuda de um psicólogo, pois a ansiedade social tem se tornado um desafio na retomada das atividades”.
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E, para o retorno à rotina com segurança e tranquilidade, algumas dicas são essenciais. Veja algumas delas:
Idas ao supermercado
Fazer compras estimula a cognição do idoso e ainda o incentiva a caminhar, então deve estar entre as primeiras atividades restabelecidas na rotina. Para isso, o médico geriatra Clovis Cechinel orienta o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento mínimo de 1,5 metro dos demais clientes. Além disso, é importante escolher horários com menor fluxo de pessoas para evitar aglomerações.
Práticas esportivas
Retomar as atividades físicas também é essencial para a saúde do idoso, mas a máscara deve ser utilizada o tempo todo e é preciso atenção para não levar as mãos à boca, olhos ou ao nariz sem higienizá-las antes. “Lembrando que também é recomendado manter distanciamento mínimo de 1,5 metro de outras pessoas e tomar banho assim que chegar em casa”, recomenda o geriatra.
Programações na igreja
Já nas atividades religiosas em ambientes fechados, o médico explica que é importante verificar se o estabelecimento segue as recomendações municipais de lotação, mantém janelas abertas e respeita o distanciamento social. “E dê preferência às máscaras N95 ou PFF2”, sugere o geriatra.
Idas ao médico
Também é importante retomar tratamentos médicos e marcar uma consulta de rotina para avaliação do idoso. “Inclusive, é importante que alguém da família acompanhe esse atendimento e leve todos os medicamentos da pessoa”, orienta Clovis, ao afirmar ainda que consultas emergenciais também devem ser realizadas se o idoso apresentar confusão mental ou sintomas gripais que possibilitem o diagnóstico de Covid-19.
Almoços, jantares e outras confraternizações
Por fim, todos querem festejar com familiares e amigos, mas almoços, jantares e outras confraternizações que envolvam ficam sem máscara e sem distanciamento social devem ser evitados. “Caso participe de algum desses eventos, prefira ambientes arejados e com distanciamento, mas a recomendação é ter muito cuidado”, finaliza o médico.