Proteção na pandemia

Máscaras de farmácia são mais eficazes que as de tecido, aponta estudo

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Foto: Pixabay.

A capacidade das máscaras de tecido de filtrarem as partículas de aerossol com tamanho equivalente ao do novo coronavírus varia entre 15% a 70%. Já as máscaras de TNT (feitas de polipropileno e encontradas em farmácias) obtiveram uma eficiência de 80% a 90%.

Os dados são de um estudo conduzido no Instituto de Física da USP, divulgado pela Agência Fapesp, e publicado na revista científica Aerosol Science and Technology no fim de abril.

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Ao todo, foram avaliados 227 modelos de máscaras vendidos no Brasil, seja em farmácias ou lojas de comércio popular. “Nosso objetivo era saber em que medida a população está realmente protegida com essas diferentes máscaras”, disse Paulo Artaxo, professor e coordenador da pesquisa à Agência Fapesp.

Testes

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores usaram um equipamento que produz partículas de aerossol de tamanho controlado. Como o Sars-CoV-2 tem aproximadamente 120 nanômetros, as partículas avaliadas eram de 100 nanômetros, feitas a partir de uma solução de cloreto de sódio. O jato de aerossol era, então, lançado no ar e a concentração de partículas era medida antes e depois da máscara.

Dos resultados, os modelos que demonstraram serem mais eficientes foram:

Máscaras do tipo PFF2 ou N95, de uso profissional e certificadas: filtragem entre 90% e 98%;

Máscaras cirúrgicas, de uso profissional e certificadas: filtragem entre 90% e 98%;
Máscaras de TNT (polipropileno): filtragem entre 80% e 90%;

Máscaras de tecido (modelos de algodão e materiais sintéticos): filtragem entre 15% e 70%, com média de 40%.

De acordo com os pesquisadores, alguns fatores aumentaram ou diminuíram o grau de proteção das máscaras. “De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois a máquina faz furos no tecido que aumentam a passagem de ar. Já a presença de um clipe nasal, que ajuda a fixar a máscara no rosto, aumenta consideravelmente a filtração, pelo melhor ajuste no rosto. Algumas máscaras de tecido são feitas com fibras metálicas que inativam o vírus, como níquel ou cobre, e por isso protegem mais. E há ainda modelos de material eletricamente carregado, que aumenta a retenção das partículas. Em todos esses casos, porém, a eficiência diminui com a lavagem, pois há desgaste do material”, explica Fernando Morais, doutorando no IF-USP e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), primeiro autor do artigo, em entrevista à Agência Fapesp.

Camadas importam

Máscaras de algodão com duas camadas filtraram consideravelmente mais as partículas de aerossol do que em comparação com os itens feitos apenas com uma camada, de acordo com o coordenador da pesquisa, Paulo Artaxo.

No entanto, a partir da terceira camada, embora a eficiência tenha aumentado um pouco, a respirabilidade diminuiu consideravelmente. “Uma das novidades do estudo foi avaliar a respirabilidade das máscaras, ou seja, a resistência do material à passagem de ar. As de TNT e de algodão foram as melhores nesse quesito. Já as do tipo PFF2/N95 não se mostraram tão confortáveis. Mas a pior foi uma feita com papel. Esse é um aspecto importante, pois se a pessoa não aguenta ficar nem cinco minutos com a máscara, não adianta nada”, explica o coordenador.

Máscaras funcionam

Apesar de terem uma eficiência variável, todas as máscaras ajudaram a reduzir a propagação do coronavírus, segundo os pesquisadores. Assim, o uso do item, associado a outras medidas, é essencial para o controle da pandemia.

“Hoje está comprovado que a principal forma de contaminação é pelo ar e usar máscaras o tempo inteiro é uma das melhores estratégias de prevenção, assim como manter janelas e portas abertas para ventilar os ambientes o máximo possível”, recomenda Artaxo.

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