Que o leite condensado é uma paixão nacional, todo mundo suspeita e os números estão aí para confirmar. Uma pesquisa recente da Kantar Ibope revelou que o consumo anual per capita do produto no Brasil no último ano foi de 6,4 quilos de leite condensado por ano no Brasil, com presença em 94 % dos lares brasileiros. E quando o assunto é o ingrediente, é inevitável lembrar do Leite Moça, com a imagem icônica da camponesa holandesa levando uma lata de leite na cabeça. Em janeiro deste ano, o leite condensado também foi o centro de uma polêmica envolvendo gastos do governo em 2020 com o alimento, para as Forças Armadas.
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Para se ter uma ideia da popularidade da marca da Nestlé, são vendidas sete latas do produto por segundo no Brasil. E, em meio à pandemia, o faturamento do Leite Moça subiu 22,4% (Nielsen Retail Index) entre janeiro e outubro de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Já no quesito penetração nos lares brasileiros, o aumento foi de 24,2% entre os meses de janeiro a julho do ano passado.
Mas, afinal, porque o Leite Moça faz tanto sucesso nas cozinhas Brasil afora? Além da fórmula exclusiva do produto, que confere a ele um sabor e consistência únicos, há muita tradição envolvida. Há cem anos produzido no Brasil, o produto foi um dos escolhidos para entrar na linha de produção da primeira fábrica da Nestlé no Brasil, fundada em 1921, na cidade de Araras, a 200 quilômetros da capita de São Paulo.
De acordo com a gerente de marketing das marcas de Leites Culinários Moça® e Nestlé® Creme de Leite , Keila Broedel, antes mesmo de ser produzido no país, o Leite Moça, na época Milkmaid, já era usado pelas donas de casa mais bem informadas. “Como elas já utilizavam a farinha láctea do Drº Henry Nestlé para as crianças, quando o produto começou a chegar no Brasil, elas passaram a usar”, explica. Aqui, uma curiosidade: inicialmente, o produto era vendido em farmácias, como uma alternativa prática para o leite convencional.
Aqui, cabe um parênteses: apesar de o leite condensado mais popular no Brasil ser um produto da Nestlé, com sede na Suíça, o ingrediente foi patenteado em 1956 pelo norte-americano Gail Borden. “Ele tentava desidratar o leite e, no meio do caminho, descobriu o leite condensado. Como durava bastante e era fácil de carregar, o produto se popularizou na guerra da Secessão, depois na Primeira Guerra Mundial, para depois entrar no contexto doméstico”, explica Keila.
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A partir do momento da transição para os lares, a versatilidade contou pontos para o produto. “O ingrediente cabe em muitos preparos doces e no Brasil, acabou com o adicional da criatividade das brasileiras, que passaram a adaptar receitas que não davam certo sem o leite condensado, como pudim de leite, e com o compartilhamento de receitas, o consumo começou a crescer.
Em 1925, quatro anos após começar a ser produzido no Brasil, o Milkmaid teve o seu nome traduzido para o português e virou Leite Moça. A camponesa suíça segurando latas de leite é a cara do leite condensado da Nestlé desde o início. “No Brasil, há registros de que muitas mulheres pediam pelo leite da moça. Aí veio a ideia de mudar o nome, que se tornou uma referência até de categoria, já que muita gente acaba chamando todos os leites condensados de Leite Moça”, explica Keila.
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No meio do processo de popularização da marca nas cozinhas brasileiras, o Leite Moça foi o ingrediente principal de uma invenção que se tornou a cara do Brasil: o brigadeiro. “Em 1945, havia um candidato à presidência do Brasil que era o brigadeiro Eduardo Gomes. Para arrecadar fundo para a campanha dele, mulheres misturaram Leite Moça com chocolate e ali surgiu o docinho”, explica Keila. Eduardo Gomes não venceu o pleito, mas foi eternizado com a iguaria.
Receitas com leite condensado e criatividade feminina
A receita do brigadeiro é apenas uma entre milhares de receitas surgidas a partir do ingrediente, que estabeleceu uma relação especial com as mulheres. “Elas que começaram a fazer criações a partir do Leite Moça e os preparos, refletindo em relação de afetividade com o produto. O Leite Moça traz uma memória afetiva. Faz parte da história dos brasileiros desde a infância”, afirma Keila.
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No início, muitas receitas dessas mulheres iam parar no verso do rótulo da latinha do leite condensado da Nestlé, que virou item colecionável para ser recortado e ir direto para os cadernos de receitas ou eram cuidadosamente passadas a limpo. “As receitas impressas sempre fizeram muito sucesso. A gente chegou a retirá-las quando mudamos para a lata com curvas de 2004, sem o rótulo de papel. Mesmo em tempos de internet, muita gente pediu e voltamos com o rótulo”, diverte-se Keila.
Na versão de 2021 lá estão a receita colecionável e um plus: o modo de fazer do doce de leite a partir do Lei Moça, com todos os cuidados que o manuseio de uma panela de pressão exige. No rótulo da versão contemporânea, também tem um QRCode para acessar mais receitas. Hoje, as receitas que integram o rótulo são produzidas e testadas na fábrica da Nestlé, mas ainda existe a escuta do público. “Muitas receitas surgem de insights que vêm dos nossos consumidores, sejam eles os finais ou as pessoas que utilizam o ingrediente para produzir doces e gerar renda”.
Mix
Desde a primeira e clássica receita do Leite Moça, novos sabores, embalagens e experiência surgiram ao longo dos anos, reforçando o lado versátil do produto. “Atualmente, temos um mix de 16 produtos. Tem versão receita original do leite condensado da Nestlé, desnatado, sem lactose, em lata e em caixa. Há também a linha doceria, com recheios e coberturas, o de passar no pão”, relembra Keila.
Uma das novidades para celebrar os 100 anos do Leite Moça e da Nestlé no Brasil é o lançamento de uma nova edição da linha Moça Mini, carinhosamente chamada de Mocinha. “Era um pedido constante dos nossos consumidores pela praticidade. Então decidimos fazer essa ação neste ano de comemorações”, explica Keila. O produto está sendo vendido nas versões original, chocolate e morango, sempre na embalagem de 65 g. “Estamos sempre atentos aos desejos dos consumidores, em uma parceira que vem dando certo há 100 anos”, diz.