Parosmia é a percepção alterada do olfato que leva a modificação de determinados cheiros e é um dos sintomas da covid-19. Na prática, ela pode fazer com que o paciente passe a sentir, por exemplo, aroma de acetona ou de comida estragada em alimentos, bebidas e em outros itens que estimulem o cheiro.
“A manifestação é semelhante a quando alguém fratura o braço. Uma vez fraturado, o paciente quando retira o gesso perde a sensibilidade fina e o movimento fino, necessitando de uma reabilitação”, exemplifica o doutor Marco Cesar Santos, otorrinolaringologista do Hospital IPO, de Curitiba. “Assim acontece com alguém com Covid-19, que passa a ter percepções equivocadas de cheiros. O paciente passa a sentir cheiro de acetona em tudo, por exemplo, por conta da parosmia”, informa.
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O especialista revela que, no momento atual, em meio à pandemia a orientação é que qualquer pessoa que perceba esse tipo de alteração faça um exame, com o RT PCR, por exemplo, um dos disponíveis atualmente para a detecção do coronavírus.
Não há tratamento específico para reverter o edema que causa a alteração na percepção do cheio. Mas a regeneração acontece de forma espontânea pelo próprio organismo. Ainda que exista um risco eventual de que a mudança no olfato permaneça por meses, os casos observados atualmente no IPO, explica Santos, costumam durar até no máximo seis meses. Tempo máximo para que o paciente recupere o olfato normal. “É necessário esperar que o nervo danificado se regenere”, diz.
Importante: devido ao momento pelo qual o país atravessa, todos os casos de alteração no olfato sem causa aparente estão sendo tratados como indicação da Covid-19. Ainda que, como explica Santos, outros quadros virais, semelhantes ao coronavírus, possam apresentar parosmia. Assim, ao primeiro sinal de distorção em cheiros anteriormente conhecidos, a recomendação é visitar um especialista e realizar os devidos testes.
Pra entender
Clinicamente, os filetes olfatórios ficam na goteira olfatória do nariz – localizado no teto do nariz junto à base do crânio. Os filetes olfatórios são sustentados por células ricas em ECA-2 – enzima conversora da angiotensina 2 – que apresentam na superfície receptores para a proteína spike do coronavírus.
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Então, o vírus identifica esse receptor da ECA-2, se conecta a ele, entra na célula e realiza a destruição celular, o que gera um inchaço na região da goteira olfatória e causa uma alteração no olfato, que pode ser uma hiposmia ou anosmia. Apenas na recuperação desse sintoma é possível desenvolver a parosmia.