Curte novela? Então, certamente, você já se encantou por uma das ricas e emocionantes histórias da autora Gloria Perez. Afinal, quantas culturas foi possível conhecer através das tramas criadas por ela? Em mais de 30 anos escrevendo novelas, Gloria levou o público a viajar pelas tradições muçulmanas, a conhecer os hábitos do povo indiano, a descobrir as belezas da Turquia… Em Explode Coração, novela que chega nesta segunda feira à plataforma de streaming brasileira Globoplay, ela trouxe a cultura cigana através das famílias Sbano e Nicolich.
CONFIRA TAMBÉM: Série de comédia com Jim Carrey chega à Globoplay, conheça Kidding
Com um olhar de vanguarda para o ano de 1995, a autora também antecipou um assunto que era uma realidade distante e se tornaria comum alguns anos à frente: as conversas virtuais. A chegada da obra à plataforma faz parte do projeto de resgate de clássicos da teledramaturgia, que poderão ser maratonados pelo assinante quando e onde quiser. Todos os primeiros capítulos das novelas do catálogo estão abertos para não assinantes.
VEJA MAIS: O que chega à Globoplay em junho
Seguindo os costumes do povo cigano, as famílias Sbano e Nicolich fizeram um contrato de casamento para seus filhos Dara (Tereza Seiblitz) e Igor (Ricardo Macchi) quando ainda eram crianças. Porém, ela não quer saber do compromisso. A filha do rico comerciante Jairo (Paulo José) e da passional Lola (Eliane Giardini) sonha em trabalhar e ser independente, e faz cursinho pré-vestibular às escondidas. No meio dos conflitos entre futuro e passado, inovação e tradição, Dara inicia uma relação pela internet com o empresário Júlio Falcão (Edson Celulari), que vive um casamento em crise com Vera (Maria Luisa Mendonça). Eles se envolvem virtualmente e, ao se conhecerem, acabam se apaixonando. Na entrevista abaixo, a autora Gloria Perez relembra a obra e comemora a chegada da novela na plataforma.
– O que você recorda do processo criativo da novela?
Gloria Perez – Eu diria que foi a primeira novela interativa. Ela nasceu da minha convivência nas redes jurássicas de então. Convivendo ali, vi pessoas se apaixonando, desfazendo namoros e até casamentos por gente que nunca tinham visto pessoalmente. Era uma versão nova do velho amor por correspondência. Isso me fascinou. Comecei a conversar com aquelas pessoas, a ouvir suas histórias, a imaginar como seria o mundo quando aquela inovação se popularizasse.
Foi fácil perceber que logo teríamos cores e ilustrações. Então, imaginei uma versão do que depois viria a ser o Skype. Era um mapa mundi, onde apareciam os pontos onde pessoas estivessem conectadas naquele momento. Você apertava o ponto e começava um chat.
– Por que você acredita que as pessoas ainda se interessem pela história até hoje?
GP – Porque ela fala de gente, de sentimentos humanos, da dificuldade que as pessoas têm de aceitar o diferente. Isso se potencializa quando você mostra outra cultura, outra maneira de enxergar o mundo, que não é melhor nem pior do que a nossa, mas é diferente. Diversidade, tolerância: esse é um tema recorrente em todos os meus trabalhos.
– Como surgiu a ideia da trama?
GP – Da ideia de escrever sobre a internet. Estávamos em 1995. Não era a internet tal como conhecemos hoje, era BBS, ainda. Sem sistema de busca, sem ilustrações, nem recursos de áudio ou de vídeo. Mas dava pra antever a revolução que aquela “praça” virtual faria acontecer. Ela derrubava fronteiras, permitia que você pudesse ir a qualquer lugar do mundo e conhecer pessoas que a vida real não lhe permitiria conhecer. Foi pensando em criar um encontro muito inusitado que nasceu a ideia de fazer os caminhos de um empresário moderno, entusiasta da internet e de uma cigana se cruzarem.
– É muito diferente fazer uma novela hoje, com a força das redes sociais e o retorno imediato do público?
GP – As redes trazem mais rapidamente aquela temperatura que nós sempre procuramos nas ruas, quando estamos no ar. Isso é uma vantagem, mas tem seu contraponto: há que se saber ler, filtrar o que é e o que não é pra ser levado a sério.
– Quais lembranças você carrega desse trabalho?
GP – As melhores. Na BBS conheci pessoas com quem mantenho contato até hoje. Tive uma convivência muito rica com o universo cigano, e me orgulho de ter dado minha contribuição para a redução do preconceito que sofrem.
Explode Coração foi exibida entre novembro de 1995 e maio de 1996, no horário das 8 da TV Globo. Foi escrita pela Gloria Perez e com direção geral de Dennis Carvalho. Todos os capítulos já se encontram na plataforma da Globoplay.
A Tribuna precisa do seu apoio! 🤝
Neste cenário de pandemia por covid-19, nós intensificamos ainda mais a produção de conteúdo para garantir que você receba informações úteis e reportagens positivas, que tragam um pouco de luz em meio à crise.
Porém, o momento também trouxe queda de receitas para o nosso jornal, por isso contamos com sua ajuda para continuarmos este trabalho e construirmos juntos uma sociedade melhor. Bora ajudar?