Surdo desde os 5 anos de idade e apaixonado por matemática, o paranaense Carlos Eduardo de Carvalho sempre se dedicou aos estudos e se destacava entre os colegas. No entanto, sentia dificuldade em alguns momentos devido à falta de material baseado na Língua Brasileira de Sinais (Libras) que ajudasse os intérpretes a transmitir o conteúdo corretamente.
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Por isso, assim que foi convidado para ajudar em um projeto com esse objetivo, ele não pensou duas vezes. “Afinal, os alunos poderiam aprender com muito mais facilidade”, garante o rapaz de 19 anos, que participou no desenvolvimento do aplicativo MatemáTIC Libras entre setembro de 2019 e junho de 2020.
O convite veio da professora Viviane Fuly, que já havia atendido alunos com deficiência auditiva no Instituto Federal do Paraná (IFPR) e percebido a necessidade de reunir formas gestuais relacionadas à matemática para melhorar a explicação de cada conceito.
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“Não seria a criação de sinais novos, mas a organização de um sinalário acessível que os intérpretes usariam como fonte de pesquisa”, afirma a educadora. “Isso porque, um intérprete não fica apenas soletrando palavras, mas precisa aprender sobre o curso e sobre cada disciplina a fim de ensinar o estudante que ele atende”, pontua.
Maratona Unicef Samsung
Só que a ideia não era simplesmente montar uma cartilha online e distribuí-la. De acordo com Viviane, o conteúdo seria apresentado por meio de um aplicativo moderno e lúdico com direito a um mascote que direcionaria os temas. Esse “apresentador” – chamado Thales – explicaria cada conceito, estimularia o usuário a responder algumas perguntas e apresentaria curiosidades sobre pessoas surdas que se tornaram referência no Brasil. Além disso, “nosso aluno Carlos Eduardo gravaria vídeos mostrando as sinalizações abordadas”.
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Então, para conseguir a verba e a mão de obra necessária, a professora inscreveu o projeto na Maratona Unicef Samsung, concurso promovido pelo Fundo das Nações Unidas desde 2018 que incentiva a produção de novas tecnologias educacionais. “Eu já havia participado do evento no ano anterior com um resultado bem interessante, então não medi esforços para participar novamente”, conta a educadora, que tinha expectativas ainda maiores em relação à inscrição desta vez.
“Nosso aplicativo de matemática e Libras não era só voltado à inclusão dos alunos surdos, mas tratava-se de um projeto no qual o surdo estava no papel de protagonista, e isso faria grande diferença”. E realmente fez. Assim que a banca avaliadora analisou os 314 projetos inscritos, o app MatemáTIC foi selecionado para ser um dos 20 aplicativos desenvolvidos pelos técnicos da Samsung e o preparo do software começou.
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De acordo com a coordenadora da equipe paranaense, todo o processo aconteceu on-line, devido à pandemia de Covid-19, e o projeto passou por inúmeras adequações do protótipo e dificuldades. “Mas foi um belo trabalho em equipe que nos rendeu aprendizado e a satisfação de ver a primeira versão do aplicativo pronta”, comemora.
Isabel Costa, gerente na Samsung Brasil, o trabalho ainda deve passar por alguns ajustes finais antes de ser disponibilizado para download gratuito com os demais selecionados, em agosto. No entanto, já chamou a atenção da equipe responsável pela maratona e promete facilitar bastante o aprendizado de estudantes surdos espalhados pelo país.
“Principalmente agora, quando o ensino passou a acontecer de maneira remota”, afirma a gestora, ao parabenizar a equipe. “O objetivo do concurso era desenvolver aplicativos que atendessem a necessidade da educação e tivessem alguma acessibilidade, mas eles foram muito além”, finaliza.
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