Por mais cuidadosos que tenham sido os encontros de fim de ano, o risco de transmissão do novo coronavírus não pode ser considerado totalmente eliminado. Mesmo com toda precaução, basta que um familiar assintomático tenha participado dos eventos para que o vírus possa ter chegado mais perto do que o desejado.
Evitar a transmissão do Sars-CoV-2 ainda é necessário, especialmente agora, para que ocorra a redução nos casos da doença pelo país. Uma das atitudes que podem ser adotadas, depois dos encontros, é manter uma quarentena realmente rigorosa.
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Da mesma forma que a família se manteve isolada antes das reuniões, permanecer em quarentena por, pelo menos, 14 dias ajuda a identificar possíveis casos de infecção. Os 14 dias são necessários porque é o período de incubação do vírus, ou o tempo que leva até os primeiros sintomas aparecerem, segundo dados do Ministério da Saúde.
Assim, quem desenvolver a doença nesse período – apresentando sintomas ou não – pode evitar a transmissão a novas pessoas, além de também servir de alerta ao grupo com quem conviveu nos últimos dias. Essa é uma forma de conter a doença, embora não seja a ideal.
Idealmente, de acordo com Alexandre Zavascki, médico infectologista e professor de Infectologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, seria evitar qualquer aglomeração – e isso deve ser levado em consideração para novos encontros que possam vir a ser marcados no início de 2021.
“A quarentena [depois das reuniões com amigos e familiares] não vai proteger a pessoa de ficar doente. Ela vai ajudar a evitar a transmissão para mais pessoas depois. A melhor escolha ainda é se precaver para não se infectar, porque você pode até não transmitir para ninguém, mas você pode também ficar grave. Estima-se que o número de pessoas que vão se infectar nas festas de fim de ano possa ser grande. Muita gente vai ter um começo de ano triste, em decorrência das festas”, destaca.
Testagem em alguns casos
Ainda na tentativa de reduzir a transmissão do novo coronavírus após os encontros de fim de ano, outra medida que pode ser adotada é fazer o teste RT-PCR. O exame, que é coletado por meio de swabs (cotonetes) no trato respiratório, identifica a presença do material genético do vírus. O resultado, portanto, mostra se no momento do exame há uma quantidade suficiente de coronavírus na secreção nasal ou na garganta do paciente.
Ainda que muito usado, especialmente para o diagnóstico da covid-19, o teste tem algumas limitações. Se for feito muito antes, logo em seguida a uma possível contaminação, por exemplo, pode apresentar resultados que são falso negativo. O ideal, de acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é que esse tipo de exame seja feito entre o terceiro e o sétimo dia de sintomas.
E, no caso de surgirem sintomas que condigam com a covid-19, como febre, tosse e cansaço (mais comuns), e ainda dores e desconfortos, dor de garganta, diarreia, conjuntivite, dor de cabeça, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés (menos comuns), o melhor é permanecer em isolamento, monitorando, ou buscar ajuda na piora da condição geral.
A testagem, nesse caso, pode não ser a melhor decisão, segundo lembra Rafael Polidoro, pesquisador da área de imunologia, doutor em bioquímica e imunologia e pós-doutorando na Escola de Medicina da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.
“Uma pessoa que encontra um amigo e, depois, descobre que esse amigo recebeu o resultado positivo para a doença, ela deve fazer o teste. Agora, se a pessoa desenvolve os sintomas, às vezes é melhor ficar de olho, monitorando, porque os sintomas indicam que a pessoa está, com certeza, transmitindo o vírus, e é perigoso sair de casa e espalhar o vírus nesse momento”, explica o pesquisador.
Durante o monitoramento dos sintomas, vale buscar um médico, seja presencialmente ou virtualmente, para saber como proceder. Ou entrar em contato com os telefones disponibilizados pelas diferentes prefeituras do país para tirar dúvidas sobre os próximos passos.