Quando alguém em casa decide começar uma estratégia para perder peso, seja ele um dos cônjuges, um dos pais ou um dos filhos, o campo minado é armado. Se todos não entrarem na mesma sintonia — nem que seja apenas dentro de casa — dificilmente é possível emagrecer.
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Nem sempre ambos em um casal ou toda a família têm problemas de peso ou o desejo de emagrecer juntos e, assim, quem não tem essa meta muitas vezes não está disposto a ajudar na perda de peso da pessoa ao lado. “Ouço demais no consultório a reclamação: ‘doutora, meu marido/esposa não me ajuda’”, cita a médica endocrinologista Maria Fernanda Barca, doutora pela USP. Mas como um familiar pode ajudar ou, ao menos, não atrapalhar?
Sem agrado com comida
Para quem se decide a ajudar, o primeiro passo, segundo a endocrinologista, é abolir a ideia de agradar o outro com comida, algo que a gente aprende na infância quando pais e avós nos dão quitutes quando fazemos a coisa certa.
“Isso se reproduz na fase adulta, com o agravante de que temos um sistema de recompensa cerebral em que nos sentimos ‘acariciados’ quando comemos algo gostoso, então isso deve ser eliminado se a ideia é ajudar”, diz ela. Então, nada de bombons, doces e comidas pesadas para mostrar carinho. “Troque por abraços, beijos ou mesmo algo material, que agrada tanto quanto a comida, mas sem engordá-la”, explica.
Competição separa
Um segundo passo é ficar de olho se não existe uma relação de competição entre parceiros, tipo “eu estou inteirão e ela está acabada”, cita Maria Fernanda, o que mostra também como é o relacionamento conjugal e é uma atitude a ser repensada.
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“Isso também leva a um pensamento do tipo: ‘não vou mudar minha alimentação ou de toda a família porque eu não estou precisando’”, cita ela. Assim, deixa-se de investir em comida saudável e os bombons, bolachas e outras coisas gostosas de padaria continuam a chegar em casa.
Hipocrisia do bem
Nesses casos, um pouco de ‘hipocrisia’ pode ajudar. “Trancar ou até esconder doces e comer somente quando a pessoa não está é válido para evitar que ela caia em tentação de comer, mesmo que só um pedacinho, que acaba não sendo apenas isso”, fala ela, que também é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Europeia de Endocrinologia (SEE).
Entre de cabeça
Outro passo é compartilhar o desafio. Não adianta fazer uma comida bem gostosa para um e, para quem precisa emagrecer, fazer uma comida sonsa, sem graça. “O ideal é acompanhar e comer o mesmo alimento que o outro e evitar o que não está indicado na frente da pessoa”, diz ela.
Medidas simples
Algumas medidas simples podem ajudar em casa na hora de servir: afastar a comida, deixando panelas e travessas no fogão, não na mesa, faz com que a pessoa tenha que se movimentar e pensar antes de se servir novamente. “Assim, todos vão repensar sobre repetir o prato”, fala.
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Outro recurso que tem ajudado muito, diz a endocrinologista, são os atendimentos de nutricionistas via aplicativos, que acompanham a alimentação das pessoas vendo fotos do tamanho do prato e conscientizando sobre o que comer e qual a quantidade ideal.
Além de compartilhar a refeição, acompanhar quem quer emagrecer na hora de fazer exercícios ajuda o outro a colocar na rotina uma atividade física. ‘Tem muita gente que não gosta de fazer atividade física, então o incentivo do companheiro é muito importante”, diz ela.
Ajudar a providenciar alimentos saudáveis e frescos e também estabelecer determinadas rotinas é papel do cônjuge ou familiar que ajuda muito nessa hora. “Prepare legumes e verduras para serem consumidas antes da refeição. Mastigar entre 15 e 20 minutos libera hormônios que ajudam a dar a primeira sensação de saciedade. Conscientize para não comer na frente da tevê ou do computador e crie um espaço adequado em ambiente relaxado”, diz ela.
A endocrinologista alerta para que o cônjuge que tenta ajudar omoutro a emagrecer evite o excesso de patrulhamento, para que não venha a se tornar o vilão da relação, o que pode afetar o relacionamento.