viva

Em sua última postagem no Instagram, Moraes Moreira fez cordel sobre coronavírus

Em sua última postagem em sua página no Instagram, o músico Moraes Moreira, morto após um infarto nesta segunda-feira (13), no Rio de Janeiro, aos 72 anos, compartilhou um cordel de sua autoria sobre a quarentena do coronavírus.

“Oi, pessoal. estou aqui na Gávea [no Rio de Janeiro] entre minha casa e escritório que ficam próximos, cumprindo minha quarentena, tocando e escrevendo sem parar. Este cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para apreciação de vocês. Boa sorte”, escreveu Moraes.

O poema inicia falando do medo da pandemia, mas também menciona violência, milícia e Marielle Franco. “Eu temo o coronavirus/ E zelo por minha vida/ Mas tenho medo de tiros/ Também de bala perdida/ A nossa fé é vacina/ O professor que me ensina/ Será minha própria lida.”

*

Confira o cordel na íntegra:

“Quarentena

Eu temo o coronavirus

E zelo por minha vida

Mas tenho medo de tiros

Também de bala perdida,

A nossa fé é vacina

O professor que me ensina

Será minha própria lida

Assombra-me a pandemia

Que agora domina o mundo

Mas tenho uma garantia

Não sou nenhum vagabundo,

Porque todo cidadão

Merece mas atenção

O sentimento é profundo

Eu não queria essa praga

Que não é mais do Egito

Não quero que ela traga

O mal que sempre eu evito,

Os males não são eternos

Pois os recursos modernos

Estão aí, acredito

De quem será esse lucro

Ou mesmo a teoria?

Detesto falar de estupro

Eu gosto é de poesia,

Mas creio na consciência

E digo não a todo dia

Eu tenho medo do excesso

Que seja em qualquer sentido

Mas também do retrocesso

Que por aí escondido,

Às vezes é o que notamos

Passar o que já passamos

Jamais será esquecido

Até aceito a polícia

Mas quando muda de letra

E se transforma em milícia

Odeio essa mutreta,

Pra combater o que alarma

Só tenho mesmo uma arma

Que é a minha caneta

Com tanta coisa inda cismo…

Estão na ordem do dia

Eu digo não ao machismo

Também à misoginia,

Tem outros que eu não aceito

É o tal do preconceito

E as sombras da hipocrisia

As coisas já forem postas

Mas prevalecem os relés

Queremos sim ter respostas

Sobre as nossas Marielles,

Em meio a um mundo efêmero

Não é só questão de gênero

Nem de homens ou mulheres

O que vale é o ser humano

E sua dignidade

Vivemos num mundo insano

Queremos mais liberdade,

Pra que tudo isso mude

Certeza, ninguém se ilude

Não tem tempo, nem idade”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo