Números do Denatran tratados pela PUP Consultoria informam que o Brasil tinha, em janeiro deste ano, 1.939.351 Fuscas, de todos os anos de fabricação, pelas ruas e garagens do país. Em um universo de quase 60 milhões de veículos em circulação, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito do Ministério da Infraestrutura, não deixa de ser um número relevante.
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Uma prova evidente que, mesmo depois de tanto tempo da descontinuidade da fabricação, o carro continua sendo um dos mais amados no Brasil e também ao redor do mundo. Tanto que hoje, 22 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Fusca. Você sabe por que?
Em 22 de junho de 1934, o projetista Ferdinand Porsche, fundador da marca de automóveis que leva seu sobrenome, assinou com o governo alemão o contrato para o desenvolvimento e fabricação do sedan que, no Brasil, ganhou o nome Fusca. Adolf Hitler havia acabado de assumir o poder e queria a produção de um carro barato e popular, mas que também fosse econômico e sobretudo robusto. Conta a história que o carro era parte da estratégia do fuhrer para desenvolver a indústria do país.
Apesar do ‘patrocínio’ da Alemanha nazista na criação do sedan, o Fusca se tornou um dos veículos mais queridos em todo o mundo. Para muitos, é sinônimo de nostalgia, e um passeio em um modelo ou a simples visualização de um pelas ruas da cidade reacendem memórias afetivas. Quem tem mais de 40 anos tem pelo menos uma história vivida dentro de um; dos tradicionais e inseguros passeios de joelhos no banco de trás do carro, olhando a paisagem pela janela traseira, a problemas que acometiam o carro, as gerações nascidas da década de 1970 para trás contam boas passagens da vida a bordo de um Fusca.
O Fusca do Ipiranga
O carro começou a ser fabricado na Europa em 1938, mas as primeiras unidades só chegaram ao Brasil em 1950, trazidos pela Brasmotor. A empresa deu início, no ano seguinte, à montagem do carro com peças importadas da Alemanha. Cerca de 1.200 unidades foram fabricadas até 1953. A Volkswagem assumiu a direção da produção da versão nacional do Besouro em março de 1953, em um galpão alugado no bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo. O nome inicial do veículo era Sedan 1.200. Só em 1959 que a produção do Fusca passou para a fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo.
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Durante 24 anos, foi o carro mais vendido do país, posto que foi ocupado mais adiante pelo Gol, também da Volkswagen. E diferentemente de Volkswagen, nome de batismo do carro, o “Fusca” que vingou no Brasil foi atribuído ao modo como os alemães pronunciam a sigla VW.
O Fusca Clube do Brasil foi criado em 1985 (inicialmente como Sedan Clube do Brasil) em São Paulo durante a segunda edição do Salão do Automóvel Antigo. Um passeio até o Pico do Jaraguá, na saída da capital paulista para o interior do estado, inaugurou as atividades do clube. Hoje, existem mais de 70 clubes de amantes do ‘besouro’ espalhados por todo o país, segundo a Fundação Brasileira de Veículos Automotores. O Dia Nacional do Fusca é comemorado em 20 de janeiro.
Recorde
O Fusca é o recordista mundial em tempo de produção. Se os primeiros começam a ser fabricados na década de 30, sua produção só foi encerrada definitivamente em 2003. O modelo derradeiro foi produzido no México. O segundo lugar é da Kombi, também Volkswagem, que foi fabricada de 1949 (produção também iniciada na Alemanha) a 2013.
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O Fusca já foi tema de filme da Disney, com a série clássica de seis longas metragens “Se Meu Fusca Falasse” (“The Love Bug”, em inglês; o primeiro é de 1968), e no Brasil virou tema do sucesso do cantor Almir Rogério. “Fuscão Preto” foi gravada também em espanhol e inglês, e serviu de inspiração para um filme com Xuxa entre as estrelas do elenco.
O anel brucutu
Nos anos 1960, a peça que esguichava água no para-brisa do Fusca era alvo de furtos para ser transformada em anel. Tudo porque Roberto Carlos e outros cantores da Jovem Guarda utilizavam um anel chamado Brucutu, feito com a peça do carro. À época, a polícia chegou a parar os jovens que eram vistos nas ruas com o anel do dedo ou com a peça pendurada em um colar.
Já que o tema é esse, dependendo do modelo, o Fusca precisa de 5 mil a 7 mil peças para ser montado. E se você quiser remover o motor dele, basta soltar as quatro porcas que o prendem ao câmbio, já que ele não tem suporte próprio.
O Fusca do Itamar
Em 1993, o então presidente da República, Itamar Franco, decidiu retomar a produção do Fusca, e concedeu incentivos fiscais. Mas as vendas não decolaram e a Volkswagem encerreou novamente a fabricação do veículo três anos depois.
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O Fusca é um dos poucos modelos da história que nunca passou por um recall e, no Brasil, é o carro fora de linha mais emplacado. Em Portugal, o carro é chamado de Carocha; nos Estados Unidos, de Beetle; em Cabo Verde, de Baratinha e em Honduras e na Guatemala, de Cucarachita.
Então, se você é um felizardo proprietário de um Fusca, aproveite esse dia para um passeio. Ele merece a homenagem.
Evento em Curitiba
Para celebrar a data, uma exposição em Curitiba vai reunir 1, 5 mil modelos clássicos do Fusca. O evento acontecerá no domingo (26), das 7 às 17 horas, na Unicuritiba (Rodovia BR-116, Km 106, 18.805), no bairro Pinheirinho. A entrada é gratuita para o público e os ingressos para expositores estão à venda a partir de R$ 55. Haverá o sorteio de um Fusca placa preta para os inscritos com os aircooleds. O público poderá curtir também shows, praça de alimentação, barraquinhas com comidas típicas de festa junina e espaço pet. Mais informações no site do evento.