Em busca da imunidade de ferro, a suplementação vitamínica tem sido a bola da vez na prevenção contra a covid-19. Assim como o zinco, a vitamina C e outros complexos vitamínicos, a vitamina D – que é produzida quando a gente toma sol – tem sido bastante procurada entre as pessoas que buscam melhorar a imunidade. O perigo, no entanto, está no excesso da suplementação.
A vitamina D ajuda na formação dos ossos. No intestino, ela promove a formação de proteínas que ajudam a absorver o cálcio. Nos rins, a vitamina ajuda a manter a liberação equilibrada do cálcio. Embora lenta, ela também auxilia na troca de tecido dos ossos. “Quando em excesso, há destruição óssea. Há chances de aumento de cálcio no sangue e isso prejudica os rins, podendo causar cálculo renal”, explica médico endocrinologista presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia da regional de São Paulo, Sergio Maeda.
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O excesso de vitamina D pode ser mais perigoso em idosos. “Quando o cálcio aumenta, gera fadiga, cansaço e até quadros graves de confusão mental e coma”, alerta o médico endocrinologista. As chances de fraturas também aumentam consideravelmente.
Maeda também comenta que estudos prévios apontaram que havia baixa de vitamina D entre pacientes que desenvolveram casos graves de influenza, adenovírus e outros tipos de vírus da gripe. “A vitamina D tem eficácia no sistema imunológico e consegue prevenir infecções respiratórias. Porém, o coronavírus é coisa nova, não temos informações suficientes que comprovem que a baixa de vitamina D aumenta o risco de desenvolver a forma grave da covid-19”, explica o especialista.
Baixa de vitamina D no isolamento
Com o isolamento social, muitas pessoas estão passando mais tempo em casa. E nem todo mundo tem o privilégio de ter um quintal para se expor ao sol e produzir vitamina D. Por isso, é muito provável que a deficiência de vitamina D esteja sendo mais comum na pandemia. “Por causa do isolamento, a gente precisa de mais vitamina D para normalizar a necessidade do organismo, para benefício ósseo e prevenção de infecção respiratória. Mas é importante suplementar sem usar doses que tóxicas”, avalia o médico.
O déficit de vitamina D só é identificado por exame de sangue, até porque a grande maioria dos casos de falta da vitamina não apresenta sintomas. Por isso, é ideal procurar sempre orientação médica antes da suplementação.
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A melhor maneira de suplementar de forma segura, segundo o endocrinologista, é usando doses de manutenção. “Num indivíduo idoso, uma dose fica em torno de mil a duas mil unidades internacionais (UI) por dia. Doses maiores que isso necessitam de avaliação médica”, orienta.
Vitamina D e exposição solar
Para garantir níveis saudáveis de vitamina D no organismo, é preciso exposição solar de aproximadamente 15 minutos ao menos três vezes por semana, de braços e pernas, sem proteção solar. “Isso precisa ser direto, mas não é um hábito das pessoas. E o tempo de exposição pode variar também, de acordo com o tipo de pele. Se for mais clara, exposição menor, sempre antes da pele ficar vermelha”, orienta o médico.
No caso dos idosos, que tem a pele mais sensível, é melhor suplementar. “Sol nesse caso não adianta muita coisa. Mas é sempre bom lembrar que o Brasil é um dos países com grandes números de câncer de pele. Por isso a exposição solar precisa de cautela, a cabeça sempre protegida”, alerta o especialista.