Apenas crianças com sintomas precisam fazer o teste de covid-19 e não é sempre que o exame é necessário. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, os exames que detectam a doença nas crianças e adolescentes são os mesmos feitos em adultos: teste do antígeno e o RT-PCR. Ambos buscam por evidências da presença do coronavírus no organismo naquele momento, e por isso a coleta é semelhante, por meio de amostras da secreção respiratória (nariz, garganta ou mesmo saliva).

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De acordo com Renato Kfouri, presidente do departamento científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, os testes são indicados, em geral, em crianças com sintomas da covid-19. “Geralmente não se colhe de crianças assintomáticas, mas quando ela tem febre, cansaço ou tosse. Em crianças, às vezes, os quadros não são tão clássicos quanto nos adultos. Às vezes os sintomas são mais inespecíficos. Mas caso o médico tenha a suspeita, colhe o exame e confirma, ou não, o diagnóstico”, explica o especialista.

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O médico lembra que crianças podem apresentar sintomas diferentes dos adultos, como dor de cabeça, vômito e diarreia, segundo o alerta da Direção-Geral de Saúde de Portugal, divulgado no início de maio. As razões para isso ainda não estão claras, mas como o sistema imunológico delas ainda está em desenvolvimento, isso pode ajudar a explicar.

Família doente dispensa exame da covid-19

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O diagnóstico em crianças pode não vir por meio de um exame, mas pelo vínculo epidemiológico. Segundo explica Kfouri, se o pai, mãe, irmãos, avós e outros familiares que convivem com a criança estão apresentando sintomas da infecção – e a criança passa a manifestar sinais também –, muito provavelmente se trata da covid-19.

“O vínculo epidemiológico acaba sendo, também, às vezes, um critério de diagnóstico para poupar a criança de uma coleta. Muitas vezes essa coleta não vai trazer utilidade, e pode não fazer diferença no cuidado saber se ela está ou não com a Covid-19”, explica o médico.

Painel viral

Em crianças que, com sintomas mais graves, acabam sendo hospitalizadas, além dos exames que detectam a presença do coronavírus, pode ser indicado ainda o chamado painel viral. Esse exame – também coletado a partir da secreção respiratória da criança – permite investigar outros vírus que podem ser responsáveis pela situação do paciente.

“No caso da criança com suspeita de covid-19 e com sintomas, seria interessante fazer os dois exames [RT-PCR e painel viral]. Hoje, no Hospital Pequeno Príncipe, nós fazemos isso porque os quadros e sintomas [das infecções virais] são parecidos, mas as condutas são diferentes”, explica Victor Horácio Souza Costa Junior, médico infectologista pediatra do hospital, além de professor de Pediatria da PUCPR.

Como é um exame mais caro que o RT-PCR, o uso tende a ser mais restrito, de acordo com Kfouri. “O painel viral é um PCR ampliado, é um exame para vários vírus. Quando se tem uma suspeita de covid-19, pede-se o exame para a doença. Se está pensando em outro quadro, pede-se o painel viral. É um exame bem mais caro do que para um vírus só, e fica restrito a quadros mais específicos, para investigar o que está acontecendo”, detalha.