Esperança

Remédio reduz morte de pacientes graves de covid-19, anunciam cientistas britânicos

Foto: Rawpixel

Após seis meses da pandemia de coronavírus, sendo três no Brasil, surge a primeira boa notícia. Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, anunciaram nesta terça-feira (16) a descoberta de um tratamento com um medicamento barato que um medicamente barato capaz de evitar mortes por covid-19.

A dexametasona, um corticosteroide barato,é o primeiro medicamento que comprovadamente reduz de forma significativa a mortalidade de pacientes com covid-19 hospitalizados. Os dados são de um ensaio clínico com 6 mil pacientes ainda não publicado em revista científica.

“A dexametasona é o primeiro medicamento que melhora a sobrevivência em caso de covid-19”, disse em comunicado Peter Horby, professor de doenças infecciosas em Oxford e um dos principais autores do estudo britânico Recovery. “O benefício é claro e amplo em pacientes que estão doentes o bastante para necessitar de tratamento com oxigênio.”

Horby disse que o medicamento deve se tornar o tratamento padrão desses pacientes, e ressaltou que o remédio é barato, amplamente disponível e pode ser usado imediatamente.

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O medicamento reduziu cerca de 35% das mortes em pacientes que recebiam ventilação pulmonar mecânica. Nos infectados que precisavam de inalação de oxigênio suplementar, sem a intubação, a redução nas mortes foi de aproximadamente 20%. Os pesquisadores não viram benefícios em usar o medicamento em pacientes que não precisavam de suporte respiratório.

“O estudo mostrou benefício para quem precisa de oxigênio, os casos mais graves. Não é um medicamento para a parte da população que tem a doença na forma leve”, lembra Viviane Cordeiro Veiga, coordenadora de UTI do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Para Viviane, os dados divulgados são promissores e devem ser confirmados com novos estudos. “Esse é um remédio barato e muito acessível. Sabemos que ele é benéfico para tratar o comprometimento pulmonar causado por outras bactérias e vírus, mas ainda não tínhamos resultados para seu uso contra a covid-19”, diz.

De acordo com a médica, não há ainda um medicamento específico para o tratamento da doença. Hoje, o tratamento usual para pacientes em estado grave inclui o suporte de oxigênio, que pode ser feito com a intubação e a ventilação mecânica, analgésicos e sedativos. Devido a infecções bacterianas que podem surgir, alguns pacientes também precisam usar antibióticos.

Um dos medicamentos testados com maior taxa de sucesso contra a infecção pelo novo coronavírus é o antiviral remdesivir, mas ele é um remédio experimental sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo Luciano Cesar Pontes de Azevedo, superintendente de Ensino no Hospital Sírio-Libanês, a publicação dos dados completos vai ajudar a entender melhor como o estudo foi feito e avaliar o benefício do medicamento.

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O médico afirma ser provável que o uso do remédio em pacientes da Covid-19 comece a ser incorporado mesmo antes dessa publicação. “É um medicamento de baixo custo e que é utilizado há bastante tempo em pacientes hospitalizados; conhecemos vantagens e desvantagens”, diz.

Recrutamento de pacientes

Azevedo e Viviane fazem parte de um grupo formado por profissionais de alguns dos principais hospitais brasileiros para testar potenciais terapias para a Covid-19, o Coalizão Covid Brasil. O grupo já testa a dexametasona e, segundo os pesquisadores, o recrutamento de pacientes para o experimento está em fase avançada. Os resultados preliminares devem estar disponíveis até o início de agosto.

Participarão do estudo cerca de 350 pacientes de Covid-19 no estado mais grave. Os infectados vão ser divididos em dois grupos, um recebe o tratamento padrão para a doença com a dexametasona e outro grupo fica apenas com o tratamento padrão, explica Azevedo.

Reino Unido

Com base nos resultados preliminares de Oxford, o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, anunciou nesta terça (16) que o Reino Unido começará a administrar imediatamente dexametasona em pacientes com a Covid-19 depois dos resultados desse estudo.

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“Estamos trabalhando com o Serviço Nacional de Saúde para que o tratamento padrão contra a Covid-19 inclua a dexametasona a partir desta tarde”, disse Hancock.

O governo começou a estocar o medicamento meses atrás, porque estava esperançoso sobre o potencial da droga, segundo Hancock, e agora tem mais de 200 mil doses à mão.


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