Curitiba tem enorme tradição pela culinária. Bons restaurantes, chefes de cozinha renomados, Santa Felicidade com boas opções gastronômicas e lanches como a pizza, cachorro-quente e sandubas gigantes. Isso está literalmente na boca do povo, mas pouco se valoriza a alimentação nos terminais de ônibus da capital paranaense que, diga-se de passagem, são um espetáculo à parte, figurando entre os melhores lanches de Curitiba. Pastel, crepes, coxinha, bolinho de carne, churros e até prato feito são saboreados por um enorme público que frequenta diariamente esses locais pra lá de democráticos.+
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Atualmente, são 57 espaços que comercializam alimentos nos 23 terminais da cidade, sem contar as bancas de revistas que vendem doces e salgados prontos. Esses pequenos comércios geralmente vendem produtos que são de fácil armazenamento e rápido no preparo. A grande parte da freguesia está no terminal com tempo curto, ou seja, não dá para ficar muitos minutos esperando para apreciar o lanche por causa da correria do dia-a-dia.
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Outra questão importante para que eles se tornem os melhores lanches de Curitiba envolve o preço. Os salgados como pastel, bolinho de carne, doguinho são encontrados a R$ 4. Fora que tem a promoção de um suco ou refrigerante que vira um combo a R$ 6. Um estudo realizado pela consultoria Kantar, que monitora o consumo fora de casa de alimentos e bebidas em sete regiões metropolitanas do país, incluindo Curitiba, mostrou que em 2022, os brasileiros consumiram 170 milhões a mais de salgados prontos, como quibe, coxinha, pão de queijo, pastel, em relação a 2019, antes da pandemia. Já o querido prato feito com arroz, feijão e carne, diminuiu em 247 milhões de unidades na mesma base de comparação.
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Para valorizar essa turma que acorda na madrugada e não tem folga nos fins de semana, a Tribuna do Paraná, percorreu terminais de ônibus para conhecer os segredos dos melhores alimentos. O pastel da Graça no Boa Vista, o crepe do Irineu no Cabral, a coxinha do Carmo e o prato feito no Campo Comprido são destaques. Vale reforçar que todos os comerciantes são dignos de aplauso e homenagens, já que são guerreiros com a linda missão de servir.
Alguns alimentos não estão na lista, então compartilhe e comente no Facebook e no Instagram da Tribuna do Paraná! A primeira parte da reportagem está na região Norte de Curitiba. Bora conferir os campeões!
Pastel da Graça no Boa Vista
No Boa Vista, a Dona Graça é figura carimbada. São 26 anos vendendo salgados na Pastelaria Nippon, localizado na parte superior do terminal. Na chegada ao local, o carinho da proprietária cativa o freguês. “Oi mãe, está tudo bem? Agora vou atender aqui, depois eu ligo”, ao tentar desligar o telefonema por várias vezes para atender à Tribuna.
Maria das Graças, ou Dona Graça, sem o “s”, tem no pastel um segredo que não se compra: o amor pelo trabalho aos 65 anos de vida. Formada em Administração de Empresas e Recursos Humanos, e com Mestrado fora do país, essa guerreira decidiu empreender. “Trabalhei em uma multinacional na área de Recurso Humanos. Aqui foi uma oportunidade de negócio, e não tinha muitos conhecimentos dessa área. Estudei, não tive receio de enfrentar os medos e estou aqui 26 anos. Cada dia é diferente do outro, uma loucura atender esse povo”, disse Graça.
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Para atender a clientela, a comerciante chega às 4 horas da manhã no Terminal do Boa Vista, e trabalha de domingo a domingo vendendo salgados. O pastel ganhou fama pela massa e pelo recheio generoso. “Eu faço para os outros como se fosse para eu comer. Eu não reaproveito o óleo como se faz por aí, e não perco a venda. A massa é minha, e não se encontra nada parecido”, desafia a Dona Graça.
Segundo a comerciante, ela não faz uma média de pastéis vendidos por dia. Na segunda-feira (06), dia que a reportagem esteve no local, foram quase 25 pastéis vendidos até às 11 horas. “O de carne que mais vende, depois queijo e palmito. Na estufa são vários salgados, e assim distribui a venda. O meu bolinho de carne também é bom”, alerta a senhora.
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Crepes do Terminal do Cabral
O crepe ou no plural crepes, é referência no Terminal da Região Norte de Curitiba faz mais de 30 anos. A banca do Irineu é a mais antiga no local, localizada próxima ao ponto do biarticulado no sentido Centro. Com um público de 90% feminino, o crepe é sinônimo de comida mais saudável. Não existe fritura, algo combatido especialmente pelas mulheres.
Irineu Bolsi, aos 62 anos, está a frente do negócio há 25 anos. Anteriormente, a irmã ficava no ponto, mas devido a uma doença teve que abandonar o dia-a-dia no terminal. Coube a Irineu a responsabilidade de seguir no ramo e também de fazer a famosa massa do crepe. “Eu faço a massa utilizando basicamente fécula de mandioca e farinha de trigo. O segredo é não encher a máquina com muita massa, e assar com calma. O crepe representa a minha vida. Eu consegui dar estudo para minha família, foi um divisor de água”, disse Irineu que chegou a ter um bar e mercearia nas proximidades do Capão Raso.
A média de venda de crepes é de 120 por dia, sendo vendido em média por R$ 8. Raquel Serafim, 25 anos, é cliente das antigas. “Eu vinha com a minha mãe quando pequena. Gosto demais da massa, e quando passo aqui no Cabral, é compra na certa. O crepe daqui tem muito recheio”, valorizou a estudante. Com origem francesa, o crepe já virou patrimônio brasileiro. São várias misturas no sabor, acrescentando até a nossa vina. “Aqui é Cabral”, orgulha-se Irineu.
Veja nessa quinta-feira a parte dois da Caçada da Tribuna nos terminais de Curitiba!
Veja aqui a parte três da série com uma dica boa de Prato Feito!