Se você fuma antes de dormir, ou a qualquer momento do dia, é melhor parar. O cigarro, como talvez você tenha percebido, não é o melhor amigo do sono. Isso acontece por vários motivos, mas principalmente pelas substâncias que o compõem.
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A nicotina, presente em cigarros tradicionais e nos eletrônicos, é uma substância psicoestimulante, que favorece o despertar da pessoa, e não o relaxamento, como o senso comum pode fazer crer. Assim, ao fumar, a pessoa ativa os receptores simpáticos do sistema nervoso central, atrapalhando a liberação dos hormônios do sono, como a melatonina.
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“Com isso, causam a liberação de adrenalina, que estimula. E isso ocorre não apenas com o cigarro tradicional, mas também com o cigarro eletrônico, com o narguilé e com a nicotina”, explica Danielle Malaquias, cirurgiã especialista em distúrbios do sono do Hospital São Vicente, de Curitiba.
Sono prejudicado
Veja como o cigarro interfere na qualidade do sono, segundo Danielle Malaquias, especialista em sono, e Márcia Assis, médica neurologista da Associação Brasileira do Sono (ABSono).
Ritmo circadiano afetado
Estudos recentes têm mostrado que além de estimular, o cigarro afeta o ritmo do organismo, mudando a rotina do corpo sobre o que deve funcionar durante o dia e a noite. “É como se estivesse escrito em cada célula nossa o jeito de o corpo funcionar. São os ‘clock’ genes [ou genes de relógio] que controlam isso. E o cigarro interfere na expressão gênica desses marcadores do ritmo biológico”, explica Danielle Malaquias, especialista em sono. “Não se sabe tudo sobre os ritmos circadianos, mas fatores externos, ambientais, como o uso de cigarro, podem alterar a expressão desses genes, interferindo no ritmo”, reforça.
Estímulo errado
Como a nicotina é substância psicoestimulante, o tabagista não relaxa, mas fica acordado e mais atento. “Quem fuma tem dificuldade para iniciar o sono e, quando dorme, tem um sono mais superficial e fragmentado. Ela não consegue aprofundá-lo. O mesmo acontece com a bebida alcoólica. No começo parece relaxar, mas depois prejudica o sono”, diz a médica.
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Apneia e ronco
Por ser quente, a fumaça provoca edema em vias áreas superiores, favorecendo o roncar e a apneia, segundo a médica neurologista Márcia Assis, principalmente em quem já tem esses sintomas. Quem ronca ou para de respirar no meio da noite, como na apneia, também tem sono fragmentado. “Quem leva duas horas para dormir, acorda várias vezes à noite ou dorme mal, terá prejuízos durante o dia. Vai ficar irritado, terá alterações de memória e na concentração, lentidão durante o dia”, diz a médica. Em longo prazo, a insônia crônica pode favorecer a outras doenças, como obesidade, diabete e hipertensão.
Remédios para dormir
De nada adianta medicar o paciente para que ele consiga iniciar e manter o sono se não houver retirada dos fatores de risco. “O ritmo circadiano é natural e fundamental. Todo o nosso organismo depende disso. É mais que o acordar e levantar, mas toda a preparação para que o corpo funcione e relaxe para recuperar as energias à noite. E o cigarro interfere nisso”, reforça.
Passo a passo
Quais medidas podem ajudar a recuperar o sono perdido? Confira as sugestões da médica neurologista da AbSono, Márcia Assis:
- Evite o uso do cigarro por completo, mas principalmente à noite;
- Evite a mistura de cigarro e bebida alcoólica, que vão provocar mais danos ao sono;
- Faça exercícios físicos diariamente;
- Mantenha uma dieta saudável diariamente;
- Mantenha o ambiente do quarto relaxante, adequado ao sono, longe de estímulos como eletrônicos e luzes;
- Promova uma higiene do sono na casa.