Em um formato bastante intimista, marcado por voz e piano, Arnaldo Antunes e Vitor Araújo apresentam o show Lágrimas no Mar no Teatro Guaíra, em Curitiba, neste sábado (18). A abertura da casa acontece às 20 horas e o show está previsto para iniciar às 21 horas. Os ingressos estão à venda pelo site do Disk Ingressos a partir de R$ 150.
O álbum conta com nove faixas e foi lançado no fim de 2021, mas devido à pandemia da covid-19, foi visto presencialmente pelo público somente em 2022. A produção das músicas aconteceu depois que Arnaldo Antunes e o pianista pernambucano Vitor Araújo resolveram se isolar em uma chácara em São Paulo para compor.
“A gente resolveu se isolar ainda mais e ir para um sítio no interior de São Paulo e lá, em meio a riachos, matas, vacas, galos, galinhas e cachorros, a gente gravou o Lágrimas no Mar”, relembra Vitor.
A parceria entre os dois músicos começou um pouco antes, quando eles estavam ensaiando para a turnê de ‘O Real Resiste’, disco anterior de Antunes. Entretanto, a pandemia também impediu essas apresentações que já teriam o formato voz e piano. “O que seria o show de ‘O Real Resiste’ acabou sendo um show que só aconteceu como live. Para o show do Lágrimas no Mar fizemos um híbrido entre o que seria o show de ‘O Real Resiste’ e o repertório novo”, explica o ex-Titãs.
Animado com a turnê que será apresentada em Curitiba pela primeira vez, o experiente artista revela que esse é um show diferente de toda a carreira dele. “Cada som que um de nós faz aparece muito porque não tem uma cortina sonora mais pesada de banda que dá uma desbaratinada. A gente fica meio nu e, ao mesmo tempo, muito livre porque não tem um tempo marcado. Eu canto saboreando mais cada palavra e Vitor tem a capacidade de improvisar a cada música. A cada dia sai de um jeito”, afirma Antunes.
Durante o espetáculo, a dupla também promete alternar as canções com performances de poesias. “Fica um show bem variado. Eu sempre fiz performances de poesia separadas dos shows de música. É a primeira vez que eu misturei um pouco as duas coisas”, comenta o cantor.
Confira a entrevista na íntegra de Arnaldo Antunes e Vitor Araújo para a Tribuna do Paraná
Antes de comentar sobre o show, quero falar sobre a produção do álbum. Como funcionou essa parceria entre vocês?
VITOR: Eu e Arnaldo começamos a ensaiar para um show um pouco antes da pandemia. O show não se chamaria Lágrimas no Mar, era um show relacionado ao repertório do disco anterior de Arnaldo, chamado O Real Resiste. Então iríamos fazer a turnê desse disco já no formato piano e voz e ai veio a pandemia justamente quando a gente estava prestes a estrear esse show. Ficamos com esse hiato de dois anos. Fizemos algumas lives, que virou uma coisa comum durante a pandemia. Mas a nossa parceria estava dando muito certo e tínhamos tido muita facilidade entre nós dois em chegar em lugares muitos bons e satisfatórios com as músicas nesse formato piano e voz. A gente resolveu se isolar ainda mais e ir para um sítio no interior de São Paulo e lá, em meio a riachos, matas, vacas, galos, galinhas e cachorros, a gente gravou o Lágrimas no Mar. Lançamos no fim de 2021 e começamos a turnê, finalmente presencial, em 2022.
ARNALDO: O que seria o show de ‘O Real Resiste’ acabou sendo um show que só aconteceu como live. Para o show do Lágrimas no Mar fizemos um híbrido entre o que seria o show de ‘O Real Resiste’ e o repertório novo. É um show diferente, porque além de ser um piano e voz diferente do que se costuma ouvir nessa formação, e por conta da originalidade, das soluções e da afinidade que a gente foi descobrindo como linguagem entre nós. É um show diferente da minha carreira toda porque eu inseri no show alguns poemas falados, alternando com as músicas e Vitor criou arranjos também para os poemas. Então fica um show bem variado. Eu sempre fiz performances de poesia separadas do shows de música. É a primeira vez que eu misturei um pouco as duas coisas.
Imagino que todo o álbum tenha sido bastante especial de produzir. Mas entre as nove faixas, vocês possuem alguma que foi mais marcante?
ARNALDO: Acho que a faixa que dá título ao álbum acabou sendo muito marcante e é a única faixa do disco todo que não é só voz e piano, é uma música que tem a participação do Pedro Baby, que é meu parceiro nessa música. Acho que é uma música muito importante para o show. A gente tirou o título da canção para o álbum porque ganhou um outro significado, de poucos elementos reverberarem em uma emoção muito grande como a gota no oceano, o que acaba também enfatizando essa coisa do valor que se dá a cada nota, a cada sílaba, porque tudo aparece muito quando você tem só dois elementos, dois músicos ali. Então é essa coisa da emoção concentrada que é uma coisa que acho que a gente sente também a resposta disso do público a cada show de um jeito muito intenso.
VITOR: Eu responderia Lágrimas no Mar também. Acho que é uma música que de certa forma sintetiza o disco pela atmosfera que tem. É uma música que tem um ‘que’ agridoce, ela é só Lá, em tom maior, mas ela não é exatamente feliz, mas não é exatamente melancólica. Ela tem um pouco de contemplação. A música fala de um amor bonito, ao mesmo tempo é uma separação. Algumas pessoas perguntam se a gente considera um disco melancólico, a gente sempre costuma responder que não. É um disco emocionado. Sem dúvida, é um disco bastante emocionado.
Como definem o álbum Lágrimas no Mar?
ARNALDO: A temática do álbum é bem variada, acho que tem canções de amor, como ‘Manhãs de Love’ e ‘Lágrimas no Mar’. Mas tem canções mais reflexivas, músicas de outros autores, como Itamar Assumpção, uma de Caetano [Veloso], uma parceria minha com Erasmo [Carlos]. Tem ‘Fora de Si’, que é uma outra temática, totalmente diferente e que é uma música do meu repertório mais antigo que agora a gente fez uma releitura nova com Vitor fazendo várias camadas de piano, ficou uma coisa meio sinfônica, um arranjo bem cheio. Enfim, tem uma variedade, não diria que é um disco de amor. É um disco emocionado, como Vitor falou. Também pelo período que a gente estava vivendo, uma abstinência de dois anos sem fazer show, o isolamento, a pandemia, toda a emoção, transformação disso em uma expressão que queríamos que também que fosse solar, apesar de emocionada.
Por conta da pandemia o álbum ficou um tempo ‘guardado’. Qual foi a sensação de finalmente apresentar presencialmente para o público?
VITOR: Eu achei muito, logicamente, muito especial. A gente fez o primeiro show presencial depois de alguns anos em São Paulo, que é um teatro grande, para muitas pessoas. E foi engraçado para mim notar em mim e eu também notava isso em Arnaldo, o que é mais engraçado ainda porque é um artista muito mais experiente que eu e que já passou por diversos palcos para milhares e milhares de pessoas, mas eu senti que tanto eu quanto ele estávamos nervosos, como se fosse começo de carreira de novo (risos). Uma espécie de ansiedade e nervosismo muito grande. E o principal foi perceber que a sensação era a mesma vinda do público. A troca foi essa, parecia que o público eram várias pessoas de 15 anos de idade indo para o primeiro show da vida. Foi aquela emoção, uma espécie de catarse coletivo. Foi um momento bem especial e continua sendo. Acho que esse período ressignificou muito a forma com que a gente encara o encontro presencial com a arte, principalmente com a música que é uma arte que usa do tempo. Ela [música] acontece muito na hora. Então realmente foi alguma espécie de junção entre alívio, felicidade, nervosismo e emoção.
ARNALDO: Acho que toda estreia tem esse friozinho na barriga, isso é eterno, para a vida inteira, apesar de ser ainda mais pelo tempo que a gente ficou sem fazer show e que o público ficou sem assistir show. Tem também a coisa de além de ser uma estreia, que já dá essa emoção, é um show em que a gente fica muito exposto. Cada som que um de nós faz aparece muito porque não tem uma cortina sonora mais pesada de banda que dá uma desbaratinada. A gente fica meio nu e, ao mesmo tempo, muito livre porque não tem um tempo marcado. Eu canto saboreando mais cada palavra e Vitor tem a capacidade de improvisar a cada música. A cada dia sai de um jeito. Os tempos das músicas são meio soltos pra gente flutuar junto. É tudo verbo de água, né (risos). Lágrima, mar, navegar, flutuar, surfar junto.
Podemos esperar novas parcerias para o futuro?
ARNALDO: Sim! Acho que agora que a gente trabalhou junto, deu tão certo, podemos fazer muitas outras coisas. Acho que isso tá no radar de nós dois. Espero, né, Vitor (risos)?
VITOR: Sim! O nosso projeto Lágrimas no Mar tem alguns desdobramentos durante esse ano, que a medida que for passando vamos anunciando. É o ultimo ano de turnê desse disco, mas tem algumas coisas que vão acontecer. Algumas já aconteceram, lançamos recentemente o vinil do Lagrimas no Mar, uma edição lindíssima. Recentemente ainda lançamos a versão ao vivo nas plataformas digitais.
Serviço
Show Lágrimas no Mar em Curitiba
Dia: 18 de maio, sábado
Horário: abertura do local às 20h e show às 21h
Endereço: Teatro Guaíra – Conselheiro Laurindo, 175, Centro – Curitiba
Ingressos: a partir de R$ 160 pelo site do Disk Ingressos ou no quiosque do Disk Ingressos no Shopping Mueller
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