Fora da TV Globo, Antonio Fagundes diz que surpresa deveria ser pela emissora ter renovado por 44 anos com ele. “Essa seria a forma normal, surpresa seria um contrato ininterrupto. Quando entrei, recusei fazer contratos de longo prazo porque eu preferia que fossem por obra, porque dá liberdade maior para o ator escolher o que quer fazer”, disse o ator.
Fagundes participou do Ao Vivo em Casa, série de live promovida pela Folha de S.Paulo, que foi mediada pela repórter Fernanda Mena. “Tive uma monstruosa sorte de fazer, pelo menos, 10 ou 15 novelas emblemáticas e não tive que recusar nada durante esse período”, refletiu o ator sobre a carreira.
Sobre a concorrência da televisão com o streaming, ele ponderou que trata-se de um cenário que está se redesenhando. “A TV Globo teve poucos concorrentes à altura ou quase nenhum, então, com essa nova modalidade, a concorrência aumenta muito”, disse Fagundes.
“Talvez, acho que a gente perca um pouquinho porque a gente tem um cenário que no mundo não existe, que é um único produto ser assistido por 50 ou 60 milhões de pessoas”, disse o ator comparando a audiência de “Game of Thrones”, que teve 18 milhões de espectadores em alguns episódios. “Abandonar essa forma de comunicação por essa que é mais moderna, mas mais instável para nós, não sei se é algo sábio”.
Durante a conversa, ele também comentou sobre reprises e refilmagens, como a novela do Benedito Ruy Barbosa “Pantanal”, que foi um sucesso dos anos 1990 na TV Manchete, e ganhará uma nova versão pela Globo no ano que vem.
Para Fagundes, o remake de “Pantanal” mistura nostalgia da versão original com atualidade da questão ambiental. “Tem uma profunda atualidade com as imagens tristes que temos visto. Resgatar, por meio de uma telenovela, o que aquilo é e o que aquilo pode continuar sendo é uma postura bastante válida que deve ser pensada”.
O ator tem sido cotado na novela “Pantanal” para o papel do Véio do Rio, mas disse que ainda nada foi acertado ainda.
Sem citar o nome da ex-secretária especial de Cultura Regina Duarte, Fagundes falou que tem pena dos artistas que entram para a política. “[O artista] vai ter que administrar papel higiênico, quanto que vai pra um, quanto mandar para uma categoria.”
Sobre a entrada de Regina na pasta, ele disse que temia que ela se queimasse. Depois que saiu, disse que seu temor era que ela tivesse queimado com os dois lados. E concluiu que jamais entraria para o mundo político.
Durante a pandemia do novo coronavírus, Fagundes disse que o teatro não sobrevive pois precisa de aglomeração. “Acredito na nossa ressurreição quando sair a vacina. Acredito que as pessoas estarão com vontade dessa aglomeração dessa energia, a gente sabe que o teatro é o cadáver mais antigo da história cultural do mundo, faz 3.000 anos que tá morrendo, mas nunca morreu”.
Em relação às peças online, Fagundes afirmou que gosta da iniciativa dos colegas, mas que falta a energia. “Eu gostaria de ver os colegas dando outro nome para isso porque não é peça, é a gravação de uma peça”.