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Veja os benefícios dos dermocosméticos para a pele

Os dermocosméticos podem fazer parte da rotina de cuidados com a pele (Imagem: Skrypnykov Dmytro | Shutterstock)

Segundo o último relatório da consultoria IQVIA (multinacional americana que atua no setor de tecnologia da informação em saúde), o Brasil é líder de vendas de dermocosméticos em farmácias. Em 2021, o país alcançou um volume de vendas de US$ 3,54 bilhões (aproximadamente R$ 17,6 bilhões), o que representa mais de 20% do total global de US$ 17 bilhões (cerca de R$ 84,6 bilhões).

Uma pesquisa realizada pela MindMiners mostrou que 76% dos brasileiros utilizam algum produto de cuidado com a pele. Esse percentual é significativamente maior entre as mulheres (88%) em comparação com os homens (64%). Ademais, 56% afirmaram usar os dermocosméticos devido a maior preocupação com os efeitos do envelhecimento, além da eficácia comprovada por estudos clínicos.

O que são os dermocosméticos?

Os dermocosméticos são elaborados a partir da combinação de determinados ativos farmacológicos, como ácido retinóico/retinol, ácido glicólico (pertencente ao grupo dos alfa-hidroxiácidos), ácido hialurônico, bakuchiol, ácido salicílico, vitaminas A, C, E, entre outros.

“Por atuar nas camadas mais profundas da pele e modular seu ciclo de renovação celular, os dermocosméticos são indicados em tratamentos dermatológicos para prevenir ou atenuar sinais de envelhecimento da pele, como rugas, manchas e flacidez”, explica Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP (Universidade de São Paulo), diretora técnica da Formularium (farmácia de manipulação) e membro da ABC (Associação Brasileira de Cosmetologia).

Ativos presentes nos dermocosméticos

Abaixo, a farmacêutica explica sobre cada ativo presente em dermocosméticos e como eles atuam na pele:

1. Ácido retinóico ou retinol

É uma molécula derivada da vitamina A que possui uma ação direta sobre receptores na pele, causando uma compactação da camada mais superficial da pele e modulando o ciclo de renovação celular. Isso faz com que a pele fique mais firme, uniforme e viçosa. “O uso do ácido requer muito cuidado, já que a substância é extremamente forte, podendo causar desde alergia até queimaduras graves”, alerta Paula Molari Abdo.

2. Ácido glicólico

Esse derivado da cana-de-açúcar pertence ao grupo dos alfahidroxiácidos, possui uma ação esfoliante sobre a pele, minimizando as rugas menos visíveis. Pode ser usado em concentrações baixas nos dermocosméticos ou altas, em consultórios, na forma de peeling.

3. Vitamina E

A vitamina lipossolúvel possui uma excelente ação hidratante e antioxidante sobre a pele, fazendo parte de vários séruns e cremes.

4. Vitamina A

Possui os mesmos efeitos dos retinóis, porém, precisa ser usada em concentrações muito maiores para alcançar os efeitos do ácido retinóico. “Possui um papel importante no tratamento da acne: muitas vezes, é prescrita até mesmo via oral para auxiliar no tratamento desta patologia”, explica Paula Molari Abdo.

5. Colágeno

Essa macromolécula é parte importante e fundamental do tecido que preenche nossa pele, porém, seu uso em cosméticos não é tão eficaz como se pensa, já que a pele não consegue absorvê-la.

6. Ácido hialurônico

A molécula tem uma compatibilidade grande com a água, daí seu efeito preenchedor. Segundo Paula Molari Abdo, é comum sua presença nos cosméticos, mas, para resultados eficazes, é preciso orientação de um especialista quanto ao uso. “Caso contrário, o produto poderá ter apenas efeito hidratante”, afirma.

Diferenças entre dermocosméticos e cosméticos comuns

Os cosméticos comuns contêm uma menor concentração de ativos farmacológicos, agindo apenas nas camadas superficiais da pele e proporcionando melhorias temporárias. “Já os dermocosméticos são rigorosamente testados e aprovados por estudos clínicos, garantindo eficácia e segurança para diversos tipos de pele, inclusive as mais sensíveis”, explica Paula Molari Abdo.

Segundo a especialista, é importante verificar se o produto foi submetido a testes clínicos, informação geralmente presente na embalagem. “Além disso, a formulação deve conter ativos farmacológicos, como vitaminas e extratos, disponíveis em formatos como cremes, séruns, máscaras faciais e géis”, ressalta.

Mulher em uma farmácia olhando a embalagem de um produto
Os dermocosméticos industrializados seguem um padrão para o público geral, enquanto os manipulados são personalizados (Imagem: BearFotos | Shutterstock)

Dermocosméticos manipulados ou industrializados

Paula Molari Abdo explica que os dermocosméticos industrializados seguem uma padronização para o público geral, enquanto os manipulados são personalizados, considerando o tipo de pele, necessidades específicas e possíveis alergias.

“Isso evita o uso de componentes desnecessários ou que possam causar reações adversas. Além disso, a farmácia de manipulação pode ajustar concentrações de ativos, proporcionando eficácia direcionada e maior segurança no uso. Outra vantagem é o custo: muitas vezes, o manipulado pode ser mais econômico, já que elimina intermediários e embalagens sofisticadas, sem comprometer a qualidade”, afirma.

Recomendações de uso dos dermocosméticos

Alguns dermocosméticos ajudam a prevenir o envelhecimento precoce ao longo do tempo. O protetor solar é um exemplo disso. “O principal creme anti-idade é o filtro solar, que deve ser iniciado a partir dos 6 meses de idade, com acompanhamento do pediatra. Outros dermocosméticos podem ser utilizados a partir da adolescência, para auxiliar no tratamento da acne e oleosidade. Posteriormente, o médico irá adaptar os produtos conforme as mudanças da pele ao longo das diferentes fases da vida”, orienta a farmacêutica.

Contudo, é importante tomar cuidado com o uso dos dermocosméticos. Pessoas com sensibilidade ao retinol, por exemplo, podem apresentar vermelhidão e irritação após a aplicação. “Indivíduos com rosácea, uma doença cutânea caracterizada por vermelhidão e sensibilidade, possuem pele altamente reativa e não devem utilizar ácidos mais potentes, pois estes podem agravar o quadro”, alerta Paula Molari Abdo.

Limitações dos dermocosméticos

Embora eficazes, os dermocosméticos não substituem procedimentos estéticos mais invasivos, como a aplicação de toxina botulínica e preenchimentos injetáveis. “Vale lembrar a importância de buscar um especialista para orientação adequada, criando uma rotina de cuidados personalizada, com produtos e frequência de uso corretos conforme as necessidades da pele”, finaliza Paula Molari Abdo.

Por Flávia Ghiurghi 

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