Por vezes, a violência doméstica contra a mulher começa com insultos, avança para ameaças, segue com a primeira agressão física e, frequentemente, termina de forma trágica. Conforme a pesquisa Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil, de 2023, conduzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Datafolha, “33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais experimentou violência física ou sexual provocada por parceiro íntimo ao longo da vida. 24,5% afirmaram ter sofrido agressões físicas como tapa, batida e chute, e 21,1% foram forçadas a manter relações sexuais contra sua vontade”.

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Esse cenário aterrorizante destaca a urgência de iniciativas para combater a violência de gênero e apoiar as vítimas. E a literatura tem desempenhado um papel crucial na conscientização sobre abusos. Escritores brasileiros transformam a triste realidade do país em obras literárias, dando voz às vítimas e refletindo sobre as várias formas de violência. Algumas autoras convertem suas experiências pessoais de dor em manuais para aquelas pessoas que estão presas em relacionamentos abusivos.

Etarismo, pressão estética, machismo, carga mental materna e impunidade do estupro: estes são apenas alguns temas presentes nas páginas dos livros. Mais que histórias, eles revelam as violências disfarçadas que as mulheres enfrentam.

Abaixo, confira 7 livros para se conscientizar sobre a violência contra a mulher!

1. Abuso Guia Prático

“Abuso: Guia Prático” apresenta uma abordagem abrangente sobre o abuso e ensina as vítimas a identificarem os sinais (Imagem: Divulgação | Clube de Autores)
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Em “Abuso: Guia Prático”, a especialista em Neuropsicanálise e Psicologia Jurídica, Gab Saab, transforma a experiência pessoal de dor em um guia para aquelas mulheres que estão presas em relacionamentos abusivos. O livro é dividido em 40 capítulos concisos que abrangem todos os aspectos do cotidiano – do trabalho à vida amorosa – e guiam o leitor pelas nuances do abuso, o enfrentamento, as consequências devastadoras e os passos essenciais para a recuperação e a garantia de direitos legais.

2. Ela à Imagem Dele

Em “Ela à Imagem Dele”, a autora examina com sensibilidade a violência contra a mulher dentro do contexto da igreja (Imagem: Divulgação | Editora Mundo Cristão)

No livro “Ela à Imagem Dele”, Francine Walsh examina com sensibilidade a violência contra a mulher dentro do contexto da igreja e desafia concepções simplistas sobre feminilidade. A psicopedagoga aborda temas como feminismo, LGBTQIA+, abuso sexual, maternidade, e promove um debate crucial sobre direitos e identidade feminina, especialmente nos espaços religiosos em que tais questões são muitas vezes negligenciadas.

3. O Meio Século Chegou, e Daí?

“O Meio Século Chegou, e Daí?” é um convite à reflexão sobre o envelhecimento e sobre as mulheres que enfrentam desafios similares. (Imagem: Divulgação | Editora Viseu)
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A personagem Priscila Weinberg revisita a própria vida quando completa 50 anos. Ela explora os nós de sua trajetória marcada por violências veladas. Entre debates e memórias, a protagonista busca suavizar o novelo, reencontrando a liberdade e sorrisos da infância perdida. Com uma narrativa filosófica e divertida, acompanhada dos conselhos de sua amiga psiquiatra e cartomante, o livro das autoras Fernanda Tavares e Daniele Oliveira é um convite à reflexão sobre o envelhecimento e sobre mulheres que enfrentam desafios similares.

4. Tudo O que uma Mulher Sempre quis Dizer aos Homens

Em “Tudo O que uma Mulher Sempre Quis Dizer aos Homens”, a escritora e advogada pública Leila Damasceno revela as próprias cicatrizes amorosas (Imagem: Divulgação | Editora Metamorfose)

Nesse livro, a escritora e advogada pública Leila Damasceno revela as próprias cicatrizes amorosas ao explorar o labirinto emocional das relações. Enquanto compartilha experiências íntimas e reflexões, a autora faz um convite corajoso para que as pessoas compreendam de forma mais profunda os sentimentos e desafios enfrentados pelas mulheres diariamente, como pressão estética, violência e machismo.

5. Além das Aparências

“Além das Aparências” é cheio de reviravoltas sobre amor, ganância e um sonho que pode ser perdido (Imagem: Divulgação | Editora Qualis)

Brenda Viana está entre as principais candidatas ao Miss Brasil, porém, tem em segredo uma gestação passada fruto de um estupro. Vitor Rico é jornalista que se encanta por Brenda, a investiga e descobre o que aconteceu com ela. O desenrolar da narrativa, escrita por Crys Carvalho, traz muitos traumas e lembranças. Esta é uma história cheia de reviravoltas sobre amor, ganância e um sonho que pode ser perdido.

6. Onde Repousam as Mentiras

“Onde repousam as mentiras” denuncia a impunidade da violência sexual contra mulheres e escancara o preconceito de gênero e racismo (Imagem: Reprodução digital | Plataforma 21)

Prestes a iniciar o penúltimo ano do ensino médio na prestigiada Academia Alfred Nobel, Sade Hussein, que até então teve educação domiciliar, não imagina que o desaparecimento de sua colega de quarto, Elizabeth, a tornaria a principal suspeita do caso. Quando aparentemente todos demonstram não se importar com o sumiço da aluna, cabe a Sade e ao melhor amigo da desaparecida, Baz, investigarem o caso. Neste suspense psicológico, Faridah Àbíké-Íyímídé denuncia a impunidade da violência sexual contra mulheres, além de escancarar o preconceito de gênero e racismo.

7. Acasos, Cascas e Camadas

“Acasos, Cascas e Camadas” é um convite para as leitoras lutarem contra as violências e os abusos diários enfrentados na contemporaneidade (Imagem: Divulgação | Editora Telha)

Entre contos e poemas, Lorena Nery atravessa os distintos momentos do amadurecimento feminino ao retratar as relações interpessoais, a necessidade de se desvincular das dores do passado e a aceitação da constante transformação da vida. Os textos são um convite para as leitoras lutarem contra as violências e os abusos diários enfrentados na contemporaneidade para auxiliá-las a encontrarem a verdadeira essência de si. Em um mundo injusto, repleto de imposições sociais, o livro serve como um instrumento de sobrevivência e, acima de tudo, de acolhimento.

Por Genielli Rodrigues