Preparar-se para o vestibular é uma etapa desafiadora não somente por conta da necessidade do equilíbrio entre planejamento, estratégias de estudo e bem-estar físico e mental, mas também pelo formato e exigências específicos de cada prova, que pode variar de acordo com o curso e a faculdade escolhida.
No Brasil, apenas 25% dos jovens de 18 a 24 anos acessaram o ensino superior, segundo dados do Censo da Educação Superior 2022, apurados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Esse número reflete o nível de competitividade e a importância de uma preparação adequada para o ingresso.
Lembrando que, neste contexto, a relação candidato por vaga – indicador que mede o grau de concorrência – nas faculdades públicas é grande. Na última Fuvest, porta de entrada para as graduações da Universidade de São Paulo (USP), foram mais de 110 mil candidatos para concorrerem a um total de 8.147 vagas. Na USP da capital paulista, a disputa foi de 117,7 candidatos por vaga em Medicina, graduação mais disputada.
Visando aumentar as chances e auxiliar o candidato, especialistas listam cinco pontos e orientações essenciais para alunos e professores nessa etapa de preparação. Confira!
1. Conheça as possibilidades de formação e carreira
Diferentemente de gerações anteriores, em que carreiras tradicionais e destinos típicos prevaleciam, estudantes hoje têm um “mundo de possibilidades”. Segundo Lucas D’Nillo Sousa, coordenador do Departamento de Orientação Universitária e de Carreiras da Beacon School, tem ficado cada vez mais comum pessoas que pensam em cursar o ensino superior no Brasil, mas também consideram outros países do mundo.
Em escolas bilíngues que integram o currículo nacional a um internacional, como é o caso da Beacon, encontramos este cenário: metade dos estudantes querendo ficar no Brasil, metade querendo sair do país. Os processos seletivos para quem pensa em estudar aqui ou no exterior são bem diferentes e é importante ter informações mais completas para serem feitos de maneira adequada.
No Brasil, prevalece o modelo tradicional do vestibular, para além do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o qual avalia as competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular e as grandes áreas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. “Como sabemos, essas são provas e, dependendo da pontuação obtida, o candidato é aceito”, explica o coordenador.
Universidades estrangeiras, por sua vez, possuem um processo de admissão mais holístico. Elas geralmente analisam a média escolar do nono ano do ensino fundamental ao terceiro do ensino médio, atividades extracurriculares feitas fora da sala de aula, cartas de recomendação escritas por professores e equipe escolar, textos de candidatura em que estudantes se apresentam, para além de provas como o “vestibular dos EUA”, o SAT, e provas de proficiência em inglês, como o TOEFL.
2. O papel dos professores na preparação para os vestibulares
Muito se fala sobre as dificuldades que os alunos enfrentam na preparação para o vestibular. No entanto, esse também é um período muito desafiador para os docentes, que estão focados no ensino dos conteúdos. Roberta Mayumi, especialista em educação na FourC Learning, instituição voltada ao desenvolvimento profissional de gestores e educadores, afirma que o professor é parte essencial desse processo. Por isso, é importante que eles saibam lidar com esse momento.
“Temos uma grande amplitude do conteúdo, já que os vestibulares abrangem uma série de temas e, com isso, os docentes precisam equilibrar a profundidade e a extensão do que será ensinado. É necessário aprender a lidar com desafios como prazos apertados, a ansiedade dos alunos e a pressão externa de pais e amigos dos estudantes, que acabam refletindo nos professores”, afirma a especialista.
Para isso, os educadores podem adaptar métodos caso a caso, fornecendo um suporte individualizado, tanto para os que precisam de uma ajuda mais específica, quanto para os que desejam trabalhar em uma velocidade maior, com diferentes atividades. “O importante é proporcionar a todos acesso igualitário aos recursos, como livros, simulados, tecnologias, dentro e fora da sala de aula”, sugere.
3. O equilíbrio entre o material físico e o digital
Para os educadores e alunos, pensar em alternativas criativas que auxiliam a manter o foco e a assimilar o conteúdo é fundamental. Segundo Talita Fagundes, gerente pedagógica da plataforma par, há inúmeras vantagens de estudar em formato híbrido para os exames, ou seja, equilibrar o uso de materiais didáticos físicos com plataformas digitais.
“É preciso que os materiais digitais sejam dinâmicos, interativos, tenham links e contemplem múltiplas linguagens, trazendo elementos que o contexto físico não consegue oferecer”, explica. “Ao mesmo tempo, existem etapas de estudo que precisam de suporte do material físico, como ao realizar uma equação matemática, para treinar para a prova”, diz Talita.
4. A tecnologia pode ser sua aliada
Com os avanços técnicos e a massificação do uso dos celulares inteligentes ou smartphones, os estudantes passaram a ter um acesso rápido a diversas fontes de informação. Contudo, assim como quantidade não é sinônimo de qualidade e informação não significa um conhecimento imediato, é preciso saber o que pesquisar e saber filtrar e reconhecer o que é relevante e tem credibilidade.
“A principal dica é tentar não confiar cegamente nas respostas que os buscadores oferecem. Muitas vezes, ter várias respostas à disposição também congela e paralisa a cabeça dos estudantes. Outro aspecto fundamental é procurar fontes com credibilidade como áreas educacionais de grandes universidades no Brasil ou no exterior. Sempre que for considerar a opinião de alguém, saber quem está falando, o que estudou e onde se formou”, comenta Luiz Cláudio de Araújo, professor da Rede Pitágoras.
5. Foco nas interpretações de textos em inglês
Os principais vestibulares do país exigem que o estudante domine um idioma estrangeiro, variando entre o inglês e o espanhol. Cinthia Soares, assessora pedagógica da Eduall, solução bilíngue da SOMOS Educação, traz dicas valiosas para a interpretação de textos em inglês.
O primeiro passo, segundo ela afirma, é identificar o gênero do texto (ficção, não ficção, poesia e drama). A poesia é a mais facilmente identificável, composta de frases curtas, colunas longas, divididas em estrofes, sem a obrigação de rimar. Já o gênero de não ficção pode englobar biografias, reportagens, guias de viagem, receitas, documentários e a lista segue.
“A dica para identificar esse tipo de texto é ler o título! Se constar palavras como ‘história’ (‘history’, não ‘story’), ‘modo de fazer’, ‘dicas’ e sinônimos, se houver listas ou um ‘passo a passo’, por exemplo, as chances de ser um texto informativo, não ficcional, são grandes!”, aponta.
E a orientação mais importante: depois de tentar identificar o gênero por meio da forma, do título ou do conteúdo, respire fundo, leia o texto, destaque as palavras que você conhece e tente entender o contexto! “Good luck!”, ressalta a especialista.
Por Julia Vitorazzo