“Marília de Dirceu”, do poeta Tomás Antônio Gonzaga, é um dos clássicos da literatura brasileira. Escrita pelo autor em uma prisão, após ele ser acusado de conspiração durante a Inconfidência Mineira, a obra retrata a história de um amor não concretizado. Dividida em três partes e composta por liras, ela também traz a visão idealizada que o eu lírico tem da mulher amada, Marília, e apresenta diversas características da poesia árcade, como a paisagem bucólica, o pastoralismo e o culto à natureza.  

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Considerando isso, desde o ano passado, “Marília de Dirceu” compõe a lista de leituras obrigatórias da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que seleciona candidatos para estudar na Universidade de São Paulo (USP). Na última edição da prova, uma das questões dissertativas perguntava as semelhanças entre a Lira X, do livro de Gonzaga, e o quadro O embarque para a ilha de Citera, do pintor Antoine Watteau. 

“Como todo grande clássico escrito em séculos passados, sua leitura pode ser desafiadora para quem está no período escolar ou se preparando para os vestibulares, mas é importante que seja estimulada e contextualizada”, destaca Laura Vecchioli do Prado, coordenadora de literatura e informativos da SOMOS Educação (companhia brasileira de educação).

A seguir, a profissional elenca 5 curiosidades sobre a obra que vão te instigar a conhecê-la. Confira!

1. “Marília de Dirceu” inspirou o nome de uma cidade brasileira

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A 438 quilômetros da capital paulista, fica Marília, cidade conhecida como a capital nacional do alimento. Seu fundador, Bento de Abreu Sampaio Vidal, leu a obra de Gonzaga em uma viagem para a Europa e decidiu nomear o município em homenagem à personagem.

2. A obra é inspirada em fatos da vida do autor

Quando foi preso, o poeta estava noivo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, jovem pertencente a uma das principais famílias da capital mineira. A noiva, que foi inspiração para a criação da personagem Marília, também era militante da emancipação do Brasil. No entanto, o casal nunca pôde viver junto, pois Gonzaga, após ter sido preso no Rio de Janeiro, foi degredado para Moçambique, onde morreu anos mais tarde.

3. Foi o primeiro livro impresso em território nacional

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Alguns historiadores afirmam que essa foi a primeira obra publicada no Brasil, lançada em 1812, no Rio de Janeiro, e impressa nas oficinas da Imprensa Régia de D. João VI.

Marília foi a única personagem fictícia homenageada pelos Correios Brasil com um selo (Imagem: Reprodução digital | Correios Brasil)

4. Marília virou selo dos Correios

Em 1967, Marília esteve entre as homenageadas de uma edição de selos comemorativos lançada pelos Correios do Brasil, a série “Mulheres Famosas do Brasil”. Ela foi a única personagem fictícia que recebeu a homenagem, ao lado de mulheres reais que se destacaram na história brasileira, como Anita Garibaldi e Ana Neri.

5. É uma obra elogiada por pessoas referenciais na literatura

Ao ler a obra-prima de Gonzaga, o poeta Manuel Bandeira registrou que “nenhum poema, a não ser Os Lusíadas, tem tido tão numerosas edições”. Além disso, “Marília de Dirceu” era o livro de cabeceira do poeta João de Deus e foi considerado um dos “primores da nossa literatura colonial” por José Veríssimo, principal idealizador da Academia Brasileira de Letras.

Por Mariany Alves Bittencourt