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5 cuidados importantes ao viajar com crianças autistas

Viagens com crianças autistas exigem alguns cuidados (Imagem: Maryna_Auramchuk | Shutterstock)

As férias escolares de fim de ano estão se aproximando, trazendo uma oportunidade especial para as famílias aproveitarem ainda mais a presença das crianças. Para aquelas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), alguns cuidados, orientações e sugestões podem tornar esse momento ainda mais divertido, alegre e prazeroso.

“Muitas pessoas cuidadoras ainda se preocupam ao viajar com crianças autistas, especialmente durante as férias, quando é comum visitar lugares novos e mais movimentados. Porém, ao planejar a viagem, é fundamental oferecer previsibilidade, fazer combinados com todos os envolvidos e incluir esses cuidados no planejamento para garantir uma experiência mais agradável e memorável para a criança e a família”, explica a psicóloga e orientadora da Genial Care, Caroline Rorato.

É comum que as pessoas autistas se apeguem à rotina, pois ela proporciona previsibilidade e evita surpresas, ajudando a lidar com o mundo ao redor. Alterações na rotina, como mudanças de casa ou ajustes em atividades diárias, podem gerar desconforto e até mesmo sobrecarga sensorial, levando a crises, por exemplo.

Caroline Rorato ressalta a importância de os cuidadores reconhecerem que a interrupção nas atividades escolares e a alteração na rotina podem causar desconforto à criança. “As interações com a criança devem ser cuidadosamente planejadas e executadas neste período, em que são comuns situações em que a criança pode se expor a diferentes estímulos”, destaca.

A seguir, Caroline Rorato elenca 5 dicas para aproveitar melhor a viagem de férias com as crianças. Confira!

1. Ofereça previsibilidade na viagem

É de total importância fornecer antecipadamente todas as informações relevantes para a criança, mantendo contato com a equipe multidisciplinar que a acompanha. Crie um roteiro para facilitar a compreensão da criança autista nesse momento. 

Descreva para onde vão, como irão, o tempo da viagem, explicando de maneira nítida o que é permitido e o que não é, contando histórias sobre o destino, como memórias divertidas relacionadas aos avós. Leve os brinquedos favoritos da criança ou, até mesmo, os itens regulatórios dela, sempre descreva o que está acontecendo, principalmente se forem experiências novas. Não force situações ou experiências que ela não queira fazer para não causar aversão. 

2. Aproveite os recursos visuais

Os recursos visuais são valiosos na comunicação alternativa para pessoas no espectro autista. Antes da viagem, busque criar uma rotina visual especial com ilustrações que representem as atividades planejadas para o passeio, ou desenhos que mostrem o passo a passo da viagem. Mostre fotos do local onde ficarão hospedados, das paisagens, de pontos interessantes para a criança.

Os pais podem criar um quadro visual com as “etapas” que acontecerão em determinado dia ou situação, já repassando com a criança anteriormente e até mesmo usando histórias sociais para ajudar com possíveis desconfortos.

Dois casais passeando com uma criança em um parque
Passeios rápidos em praças ou parques ajudam a entender como a criança reagirá na viagem (Imagem: imtmphoto | Shutterstock)

3. Faça passeios antes da viagem

Aproveite passeios rápidos, como em parques ou praças, para fazer um treinamento. Reveze as áreas mais movimentadas com lugares mais tranquilos para a criança se regular e esteja atento aos sinais de desconforto ou sobrecarga sensorial. Observar como a criança reage a novos estímulos durante esses passeios pode contribuir para entender como será a viagem.

4. Comunique as pessoas envolvidas 

Além de fornecer previsibilidade para a criança autista, é fundamental comunicar-se com outros participantes da viagem. Quando visitarem familiares ou amigos, explique as limitações, estabeleça acordos e compartilhe informações sobre as rotinas e preferências únicas da criança com TEA.

Informe também os hotéis e meios de transporte sobre as necessidades especiais, aproveitando os direitos garantidos para facilitar o acesso e evitar situações estressantes. O uso do cordão de quebra-cabeça, símbolo internacional que identifica pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), facilita a identificação e o acesso a direitos para pessoas com autismo em locais diversos.

5. Garanta os direitos de viagem

Além da identificação e comunicação aos meios de transporte em geral, como ônibus, vans, carros, entre outros, quando uma pessoa com autismo viaja de avião, a lei garante um benefício para o acompanhante. Isso significa que a pessoa com autismo paga o valor completo da passagem, sem desconto, enquanto o acompanhante paga apenas 20% do valor original mais a taxa de embarque. Essa regra é estabelecida pela Resolução n.º 280, de 11 de julho de 2013, da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

A resolução garante esse desconto para acompanhantes de passageiros com deficiência que não podem viajar e aproveitar sozinhos. E como o autismo é considerado, legalmente, uma forma de deficiência, os direitos garantidos para Pessoas com Deficiência (PCDs) se estendem também às pessoas autistas.

Para usufruir deste desconto, é necessário comprovar a necessidade de acompanhante, sendo esse maior de 18 anos e apto a prestar auxílio para as assistências necessárias. O acompanhante deve viajar na mesma classe e no mesmo voo do passageiro com TEA. A solicitação desse benefício deve ser feita junto à companhia aérea com antecedência, apresentando documentos como laudo diagnóstico, Formulário de Informações Médicas (MEDIF) assinado pelo médico da pessoa ou o Cartão Médico do Viajante Frequente (FREMEC).

Viagem respeitando as necessidades da criança

Em resumo, a viagem pode ser enriquecedora para a interação social, mas é fundamental respeitar os limites da criança e estar preparado para adaptar as atividades das férias conforme necessário. “Viajar com uma criança autista exige cuidados especiais, como oferecer previsibilidade, respeitar a rotina e utilizar estratégias visuais, garantindo uma experiência mais tranquila e agradável para todos. Além disso, estar atento aos sinais da criança e buscar ambientes mais calmos quando necessário é fundamental para proporcionar o máximo de conforto e bem-estar durante a experiência”, conclui Caroline Rorato.

Por Letícia Carvalho

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