A esclerose múltipla é uma doença autoimune que compromete o sistema nervoso central. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2,8 milhões de pessoas convivem com a condição globalmente, sendo 40 mil no Brasil.

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Porém, os avanços recentes nas opções de tratamento e reabilitação estão renovando as esperanças para quem lida com a doença, de acordo com Frederico Lacerda, neurologista e professor de Medicina na faculdade Pitágoras.

“A combinação de terapias farmacológicas, reabilitação física, suporte psicológico e avanço em pesquisas inovadoras está ajudando a transformar a forma como a doença é gerida e vivida. Com um enfoque multidisciplinar e personalizado, os pacientes têm mais ferramentas à sua disposição para enfrentar a esclerose múltipla com maior confiança para, não apenas controlar os sintomas, mas também melhorar significativamente a qualidade de vida”, aponta.

Causas e sintomas da esclerose múltipla

A doença afeta jovens, principalmente mulheres entre 20 e 40 anos. Depois de doenças neurológicas decorrentes de traumas de acidentes, a esclerose múltipla é a maior causa de incapacidade neurológica em adultos jovens. 

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A doença age na forma como as células de defesa do sangue reconhecem as células saudáveis do sistema nervoso central, que as encaram como algo que oferece perigo ao organismo, como uma bactéria ou um vírus, resultando em lesões. As disfunções na visão, vertigem, perda de força, alteração de sensibilidade e de equilíbrio são os sintomas mais recorrentes. 

Reduzindo os impactos da doença

Veja, a seguir, como amenizar os sintomas e driblar o avanço da doença em busca de qualidade de vida.

1. Tratamentos farmacológicos e imunomoduladores

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O tratamento da esclerose múltipla tem se diversificado com o desenvolvimento de novas medicações que visam modificar o curso da doença. Medicamentos imunomoduladores, como os interferons e os anticorpos monoclonais, têm se mostrado eficazes na redução da frequência e gravidade das crises. Além disso, novas drogas, como os imunossupressores e as terapias dirigidas, estão sendo constantemente avaliadas para oferecer melhores resultados e menos efeitos colaterais.

“Esses métodos são projetados para modificar o curso da doença e controlar seus sintomas. Medicamentos imunomoduladores ajudam a regular o sistema imunológico, reduzindo a frequência e a gravidade das crises ao inibir a inflamação e a destruição das fibras nervosas. Já os imunossupressores, têm como objetivo suprimir a atividade do sistema imunológico para prevenir ataques ao sistema nervoso central”, esclarece o médico.

A fisioterapia é fundamental para manter a mobilidade e facilitar atividades diárias (Imagem: Krakenimages.com | Shutterstock)

2. Reabilitação física e terapias complementares

Programas personalizados de fisioterapia são essenciais para ajudar os pacientes a manterem a mobilidade, a força e a coordenação. Além disso, a terapia ocupacional ajuda a adaptar o ambiente do paciente e a desenvolver estratégias para realizar atividades diárias com maior facilidade.

“As terapias complementares, como a acupuntura e a hidroterapia, também têm ganhado atenção por seus efeitos positivos no alívio da dor e na melhora do bem-estar. Entre as novas técnicas utilizadas para reabilitação, a principal delas que tem sido usada para esclerose múltipla é a estimulação cerebral transcraniana magnética, que consiste no uso de um aparelho que emite um campo magnético para estimular, de maneira focal, algumas áreas do cérebro que estão com prejuízo ou regiões, melhorando o desempenho geral do órgão”, esclarece Frederico Lacerda.

Esse tipo de tratamento pode beneficiar diferentes pacientes. “Esse tratamento pode ser indicado em casos graves de dificuldade de marcha e ataxia cerebelar, caracterizada pela incapacidade de manter a coordenação motora; bem como em pacientes com sequelas de espasticidade e dor crônica”, diz o neurologista.

O especialista acrescenta que todos esses sintomas são comuns em pacientes que sofrem com esclerose múltipla e que outros métodos para a reabilitação têm sido muito eficazes, como técnicas de fisioterapia realizadas por equipes multidisciplinares e uso de toxina botulínica para tratamento da contração muscular involuntária.

3. Suporte psicológico e aconselhamento

A abordagem psicológica é fundamental para ajudar o paciente a lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão que podem acompanhar a doença. Grupos de apoio e terapia cognitivo-comportamental, que se concentra na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, são recursos valiosos para melhorar o estado emocional e mental dos pacientes.

Por Camila Souza Crepaldi