Internações por covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTI) do estado do Paraná favoreceram o aumento na incidência de bactérias multirresistentes nos pacientes, além de crescimento no consumo de antibióticos nas instituições de saúde. Essa foi a conclusão de um estudo realizado por profissionais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e publicado no Journal of Hospital Infection, referência em artigos sobre epidemiologia e resistência antimicrobiana.
Os pesquisadores constataram que, em 2020, houve um aumento na incidência de uma bactéria chamada Acinetobacter baumannii, resistente a antibióticos de amplo espectro, os chamados “carbapenêmicos”, em infecções relacionadas a dispositivos invasivos. Os dados foram obtidos a partir da análise das informações, oriundas do banco de dados do Sistema Online de Notificação de Infecção Hospitalar (SONIH), disponibilizado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR), e do banco de dados de notificações da covid-19 disponível no site do Ministério da Saúde.
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O estudo Análise de tendências de bactérias Gram-negativas resistentes a carbapenêmicos e consumo de antimicrobianos na era pós-Covid-19: um desafio extra para instituições de saúde, em tradução livre, foi realizado no Paraná e analisou dados agregados de 99 hospitais do estado, que notificaram 11.248 infecções associadas a dispositivos invasivos, como ventiladores mecânicos, cateteres e sondas, em 243.631 pacientes adultos admitidos em UTI entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020.
Segundo a infectologista Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias, pesquisadora da PUCPR, o estudo é um alerta para os programas de controle de infecção hospitalar e de gerenciamento do uso de antimicrobianos em instituições de saúde, já que a ocorrência de contaminações por bactérias multirresistentes pode impactar na sobrevida dos pacientes.
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“Este achado apresentou correlação significativa com a densidade de incidência de casos notificados de Covid-19 que internaram em UTIA no estado do Paraná. Além disso, houve um aumento no consumo de polimixinas, antimicrobianos utilizados no tratamento dessas infecções, mas sem correlação significativa com a densidade de incidência de Acinetobacter baumannii ou de Covid-19, presumidamente por seu uso empírico desproporcional causado pela explosão de casos de infecção pela bactéria”, explicou a infectologista.
Além de Viviane, participaram do estudo os pesquisadores Felipe Tuon (PUCPR), Patrícia de Jesus Capelo (SESA-PR), João Paulo Marochi Telles (PUCPR), Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza (Unesp) e Cristina Pellegrino Baena (PUCPR).