O anúncio da atriz Larissa Manoela, 21, nesta terça-feira (20) de que recebeu diagnóstico de ovário policístico despertou a curiosidade de internautas. Foram mais de 10 mil buscas sobre o assunto nas últimas horas.
O interesse pode estar relacionado aos dois principais cenários relacionados a ovários policísticos.
No primeiro, geralmente diagnosticado nos primeiros ciclos após o início da menstruação, os cistos surgem devido a uma imaturidade dos ovários e a situação se normaliza com o passar dos meses. É como se o corpo ainda não soubesse como liberá-los e precisasse de algum tempo para aprender.
No segundo, os cistos são reflexo de uma doença metabólica que pode levar a complicações como resistência insulínica e infertilidade, a chamada SOP (síndrome do ovário policístico).
O que o ovário policístico pode causar?
“A SOP é diferente do achado de ovário policístico no ultrassom. Não necessariamente a mulher que fez um ultrassom e viu a imagem de vários pequenos cistos distribuídos na periferia do ovário tem a síndrome”, afirma a médica Gabriela Pravatta Rezende, integrante da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Ela explica que a SOP é a doença endocrinológica mais frequente em mulheres em idade reprodutiva e se caracteriza por um distúrbio na ovulação e pelo aumento de hormônios masculinos. A frequência irregular na ovulação leva a um ovário com volume aumentado e com vários folículos -justamente os óvulos que deveriam ter saído-, enquanto os hormônios masculinos provocam aumento de pelos, queda de cabelo e acne.
Há ainda casos em que mulheres obesas ou com distúrbio da tireoide apresentam ovário aumentado sem que necessariamente tenham SOP, daí a importância de considerar todos os sintomas e realizar uma avaliação completa.
“A SOP é diagnosticada quando todas as outras causas de anovulação e de aumento dos hormônios masculinos são descartadas. Além disso, temos que ter pelo menos 2 de 3 critérios: irregularidade menstrual, aumento dos hormônios masculinos e, no ultrassom, pelo menos 20 folículos distribuídos na periferia do ovário que meçam de 2 mm a 9 mm ou um volume ovariano maior ou igual a 10 centímetros cúbicos”, diferencia a médica.
Como os casos podem acontecer em qualquer idade entre a primeira menstruação e a menopausa, muitas vezes há confusão no diagnóstico e são necessários exames específicos, como dosagem hormonal e ultrassom transvaginal.
Como tratar ovário policístico?
Geralmente, as pacientes que procuram atendimento estão longos períodos sem menstruar e têm dificuldade para engravidar, conta a cirurgiã ginecológica Jessica Crema Tobara, professora do curso de medicina da Faculdade Santa Marcelina.
Ela avisa, contudo, que o diagnóstico não impede gestações. “Pacientes com SOP controlada podem, sim, engravidar. Já as pacientes com descontrole da doença e sem acompanhamento especializado podem apresentar ciclos anovulatórios e consequente dificuldade para uma gestação espontânea.”
O controle da doença varia de acordo com os sintomas. São considerados tratamentos para resistência insulínica, acne e disfunção do metabolismo do colesterol, por exemplo, mas a principal medida reside em uma mudança no estilo de vida.
“Exercício físico rotineiro, perda de peso e dieta com controle da ingestão de carboidratos trazem excelentes resultados e até mesmo a normalização do ciclo menstrual e controle hormonal”, afirma Tobara.