Uma análise entre os medicamentos minoxidil, finasterida e dutasterida contra a calvície em homens elencou o último como o que teve o melhor resultado para contornar a queda de cabelos. As conclusões fazem parte de um estudo publicado na revista Jama Dermatology, de autoria de pesquisadores de instituições canadenses.
A doença – nomeada tecnicamente de alopecia androgenética – é caracterizada por atingir a população masculina.
“Para uma doença que é tão comum, há pouquíssimo tratamento disponível e a gente tem também poucos dados para avaliar uma coisa que impacta a vida de um monte de gente”, comenta Alessandra Anzai, dermatologista do Hospital das Clínicas e especialista em tricologia, que não participou da pesquisa.
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Os três remédios já têm aprovação para uso no Brasil e todos eles são considerados eficazes para o tratamento da calvície. Mesmo assim, é reconhecido que os mecanismos dos fármacos são diferentes.
Segundo o artigo, a finasterida e a dutasterida têm uma ação de inibição em enzimas relacionadas à calvície e daí é que viriam seus benefícios. Já o mecanismo do minoxidil ainda precisa ser melhor estudado, já que seu efeito não é o mesmo dos outros dois remédios. “Como eles têm esses mecanismos de ação diferentes, eles tendem a ter resultados diferentes mesmo”, afirma Anzai.
No estudo, os pesquisadores analisaram 23 artigos previamente publicados e consideraram algumas variações dos remédios. Para o minoxidil, foram vistas duas versões de uso tópico e outras duas em modelo oral. Já na finasterida, foram contadas duas versões e a dutasterida somente uma, todas em suas formas orais.
O estudo
Para constatar os benefícios dos remédios, foram considerados os efeitos que eles tinham em dois períodos de tratamento (24 ou 48 semanas) e a mudança na quantidade dos pelos, que foram divididos em dois tipos: total, que corresponde à contagem completa dos pelos, ou terminal, observando o crescimento daqueles fios que já são mais grossos e longos.
Dessa forma, o estudo conseguiu comparar as diferenças que os medicamentos tinham a depender da combinação das quatro variáveis.
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No primeiro caso, em que foi levado em conta 24 semanas de uso do remédio e o aumento total dos cabelos, 0,5 mg de dutasterida foi o que teve o melhor benefício. Em contrapartida, para o mesmo período de tempo e incremento dos pelos terminais, foram 5 mg de minoxidil em sua forma oral que tiveram a melhor ação.
No caso de 48 semanas de tratamento e analisando o crescimento total dos cabelos, 5 mg de finasterida ofereceram o melhor desempenho. Para o avanço de pelos terminais também foi a finasterida a melhor opção, mas em sua versão de 1mg.
Anzai explica que essa diferença entre pelos totais ou terminais, no fim das contas, não significa necessariamente que um remédio é melhor que outro.
“Na verdade, os dois métodos [de contagem de aumento de pelo] são importantes para você medir resultados. Se melhora de uma forma ou se melhora de outra, meio que tanto faz, os dois vão levar a uma melhora [no preenchimento da cabeça].”
Ao término, os pesquisadores propuseram um ranking, no qual a versão de 0,5 mg de dutasterida foi a melhor colocada, seguida do modelo de 5 mg de finasterida e, logo abaixo, a versão oral de 5 mg do minoxidil.
Os autores explicam que uma hipótese para explicar o sucesso da dutasterida em comparação à finasterida envolve sua ação de inibição muito maior em uma enzima envolvida com a calvície. Além disso, o remédio mais bem colocado age em uma segunda enzima, ação que não foi constatada na finasterida.
No entanto, o estudo conta com um problema: não foi possível observar os efeitos que a dutasterida teve com 48 semanas de tratamento nem como foi sua ação no período de 24 semanas para crescimento de pelos finais. Isso aconteceu porque não havia esses dados na meta-análise que os cientistas fizeram das 23 publicações consideradas no estudo.
“[O artigo] é uma reunião de dados de outros estudos e esses outros não trouxeram essa informação [do desempenho da dutasterida com as outras variáveis]. Então ele trabalhou com os dados que tinha, mas com certeza poderia ser melhor”, diz Anzai.
Ela também aponta que há outro detalhe que diminui a certeza do resultado final: o fator de que os pesquisadores fizeram um segundo método estatístico para analisar o desempenho dos três medicamentos e o desfecho não encontrou uma diferença considerável entre os remédios.
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Os próprios pesquisadores apontam na publicação a necessidade de novos estudos randomizados para confirmar –ou não– os achados da pesquisa.
No entanto, Anzai ressalta que esse novo estudo não é muito diferente do que já tinha sido descoberto em outras investigações.
O que é importante levar em consideração, segundo ela, é que a pessoa que sofra com calvície opte por um acompanhamento médico adequado, já que o problema deve ser reconhecido como uma doença e também porque é comum fazer a mescla de diferentes fármacos a fim de chegar a melhores resultados –algo não analisado na pesquisa. “A escolha entre o perfil de cada remédio depende muito da escolha do paciente, do momento em que ele está”, diz.