O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou neste sábado (18) a redução do intervalo de aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 de cinco para quatro meses. Segundo ele, o objetivo é ampliar a proteção contra a variante ômicron.

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“A dose de reforço é fundamental para frear o avanço de novas variantes e reduzir hospitalizações e óbitos, em especial em grupos de risco”, afirmou em seu perfil oficial de rede social.

O ministro informou que a portaria com a modificação será publicada na próxima segunda-feira (20).

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“Informem-se sobre o calendário vacinal de seu município e veja se já chegou a sua vez”, postou.

A decisão da pasta representa recuo após polêmicas sobre a eficácia de antecipação da terceira aplicação da vacina contra Covid.

A redução do prazo para a aplicação da dose de reforço era uma demanda dos governos estaduais. Em reunião com o ministro no início do mês, os secretários de saúde pediram que o intervalo fosse reduzido para quatro meses.

Logo depois, em 2 de dezembro, o governo de São Paulo anunciou diminuição do período para quatro meses para quem tomou as duas doses de Coronavac, AstraZeneca e Pfizer, com qualquer idade.

Na ocasião, a justificativa era frear a transmissão da variante ômicron, especialmente com a proximidade das festas de fim de ano.

O intervalo de quatro meses é contado a partir da data de aplicação da segunda dose.

Após o anúncio do governo de João Doria (PSDB), membros do Ministério da Saúde afirmaram que a pasta não pretendia recomendar a redução do intervalo de doses de cinco para quatro meses por não haver benefícios comprovados.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) chegou a pedir que São Paulo reavaliasse a medida, mas o governador do estado, João Doria (PSDB) anunciou que a decisão estava mantida.

A agência argumentou não ter recebido ou avaliado dados que “sustentem o uso seguro e generalizado de doses de reforço no intervalo de 4 (quatro) meses para todas as vacinas autorizadas e em uso no Brasil”.

Na ocasião, infectologistas afirmaram não haver dados que embasassem a redução do intervalo da dose de reforço em São Paulo —medida tomada em meio aos registros dos primeiros casos da variante ômicron, potencialmente mais transmissível e com maior risco de reinfecção, em comparação a cepas anteriormente identificadas.

A variante ômicron foi identificada e registrada pela primeira vez na África do Sul em novembro deste ano. Ela já percorreu ao menos 77 países, inclusive o Brasil, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

A nova cepa foi classificada por especialistas como preocupante pela velocidade de disseminação.

Mais cedo, Queiroga ainda disse que a pasta decidiu estabelecer um procedimento mais longo para autorizar a imunização de crianças de 5 a 11 anos e só vai anunciar a decisão sobre o assunto em 5 de janeiro, apesar da autorização da Anvisa para a vacinação deste grupo.

Segundo o ministro, o prazo mais extenso é importante por se tratar de um “tema sensível”.

A Anvisa, através de uma decisão de uma gerência própria, incluiu a vacina da Pfizer para aplicação em crianças na faixa etária entre 5 e 11 anos”, disse. Mas, segundo Queiroga, a “introdução desse produto no âmbito de uma política pública requer uma análise mais aprofundada” do ministério.

Em sua avaliação, só a autorização da Anvisa não era suficiente para que a vacinação fosse colocada em prática.

Na última quinta-feira (16), a Anvisa autorizou o uso do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Até então, as doses da fabricante só podiam ser aplicadas no país pessoas acima de 12 anos.

O início da vacinação desse grupo, contudo, não começou imediatamente porque o Ministério da Saúde ainda não solicitou a compra de doses específicas para a faixa etária. A previsão é imunizar 70 milhões de crianças.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que é crítico da vacina contra a Covid e tentou barrar a imunização de menores de 18 anos, afirmou nesta quinta que pretendia divulgar o nome dos técnicos “para que todo mundo tome conhecimento quem são essas pessoas e obviamente forme seu juízo”.

Pelo menos duas ameaças foram enviadas à Anvisa contra diretores e técnicos do órgão de grupos contrários à vacinação das crianças. No primeiro caso, o autor foi identificado e levado a depor.

Os responsáveis por aprovar a vacinação de crianças repudiaram qualquer tipo de ameaça.

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