O Hospital Erasto Gaertner (HEG) realiza neste sábado (20), a partir das 7h30, o Dia da Reconstrução Mamária. Direcionada a 10 pacientes mastectomizadas do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, que foram submetidas à cirurgia de retirada parcial ou total da mama devido ao câncer, a mobilização deste fim de semana vai ser executada na sede da instituição de saúde, em Curitiba.
A ação, de caráter humanizador e social, também atende à Lei nº 9.656/1998, a qual assegura o acesso ao procedimento para pessoas que tiveram de se submeter à mastectomia por causa do câncer de mama. Para garantir a boa simetria, além da reconstrução na mama afetada, é feita a mamoplastia na outra mama, informa a Dra. Anne Groth, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Erasto, setor responsável pela iniciativa.
O Dia da Reconstrução Mamária terá ao todo três edições em 2022. Esta é a segunda ação do projeto no ano. A primeira ocorreu em 11 de junho, com outras 10 pacientes. A última está agendada para o mês de outubro, em comemoração ao Outubro Rosa.
“O procedimento resgata a autoestima da mulher mastectomizada, que não tem mais a mama ou as mamas, possibilitando que retorne ao convívio social, atenuando o trauma da mutilação. É um trabalho que muito nos orgulha, pois sabemos a importância desse esforço para as pacientes e para suas famílias. A atividade deste sábado no Erasto também busca suprir a demanda reprimida gerada durante as fases críticas da pandemia, quando 80% das cirurgias do Serviço de Cirurgia Plástica precisaram ser adiadas, por serem consideradas eletivas”, destaca Dra. Anne.
A particularidade desse grupo de pacientes, complementa a médica, é que elas iniciaram o processo de reconstrução antes da pandemia. Em virtude dessa interrupção ocasionada pela crise sanitária, as pacientes não conseguiram finalizar o tratamento. “Temos realizado essa força-tarefa no final de semana, no sábado, porque todo o sistema de saúde está bastante sobrecarregado. Não conseguimos durante os dias de semana dar conta dessa demanda, pois o sistema vem recebendo muitos novos pacientes já com doenças em estágios mais avançados, precisando de cirurgias urgentes, e precisamos priorizá-los. Então, a ação do fim de semana é uma maneira que o Hospital Erasto Gaertner encontrou para que essas mulheres pudessem concluir seu tratamento, um momento tão esperado”, ressalta a cirurgiã plástica
Para a realização destas ações, o HEG conta com o apoio de empresas parceiras: a Motiva Implantes Brasil, que fornece as próteses de silicone, a Modelle Skin e a Rigel, doadoras de meias e modeladores para o pós-cirúrgico das pacientes.
Como é feita a cirurgia
Diagnosticada com câncer de mama em 2016, Rosana Silva da Costa, de 49 anos, iniciou seu processo de reconstrução mamária no mesmo período em que fez a mastectomia total. Ela será uma das 10 pacientes operadas no Dia da Reconstrução Mamária do Hospital Erasto Gaertner.
“No dia em que recebi o diagnóstico, fiz todos os exames para começar o meu tratamento contra o câncer, e a equipe médica já elaborou todo o planejamento, que envolvia também o período da reconstrução mamária. Eu já sabia como tudo iria funcionar e fiquei muito esperançosa, pela minha vida. Também sou muito vaidosa. Tinha medo de nada voltar a ser como antes”, relata Rosana.
Em 2021, quando havia previsão de conclusão do processo de reconstrução mamária, Rosana foi informada de que a cirurgia final não poderia ser feita, devido aos riscos da pandemia. A notícia causou um novo receio, justamente depois de uma etapa não só marcada por um longo processo de tratamento, mas também repleta de expectativas de que tudo daria certo na caminhada pela cura. “Após todos os desafios que enfrentei, com o medo de que o tratamento não desse certo, a notícia da pandemia veio como um furacão para mim. Eu sempre fui muito vaidosa, e essa pausa adiou meus planos”, conta.
Anne Groth, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do HEG, explica que cirurgia de reconstrução mamária pode ser feita em tempo único ou em dois tempos, quando é utilizado um expansor de silicone para preparar a pele da mama, no mesmo momento em que a mastectomia é executada. Neste caso, posteriormente, é realizada a troca do expansor por uma prótese de silicone, a mesma utilizada em cirurgias estéticas.
Groth destaca que a reconstrução em tempo único é ideal, mas nem sempre pode ser feita em razão das condições locais, como o tipo de mastectomia e o tamanho das mamas. “A reconstrução em dois tempos tem sido a mais adotada atualmente. O expansor é um implante de silicone temporário que é posicionado no local da mastectomia. Por meio de um fino tubo e uma válvula, gradativamente é aumentado com soro fisiológico. Essas expansões podem ser iniciadas duas a três semanas após a colocação do expansor, quando as cicatrizes já estão consolidadas. Assim que a expansão desejada da pele for alcançada, o expansor é substituído por uma prótese como aquela usada em cirurgia estética”, explica a cirurgiã.
O perfil de Rosana exigiu que sua cirurgia de reconstrução de mama fosse feita em dois tempos. A pandemia chegou justamente quando ela iria fazer a troca do expansor para a prótese de silicone.
Outra técnica utilizada para a reconstrução mamária faz uso de tecidos próprios do paciente, geralmente o retalho do abdome. Nesse método, a pele e a gordura abdominal (e em alguns casos uma pequena porção do músculo reto abdominal) são utilizadas para criar uma mama muito natural e sem necessidade de uso de implantes de silicone.
“Estou muito feliz por, depois de todo esse tempo de superação, espera e muita ansiedade, conseguir chegar ao final desse processo. Será um marco no meu tratamento contra o câncer de mama. Luto todos os dias. Não tenho medo nenhum, pois sei que vou vencer. Ainda terei muitos anos de vida para passar com a minha família, que foi o apoio fundamental na minha vida. Preciso falar isso, porque eles me deram a força para lutar e chegar hoje aonde estou”, declara Rosana.
RECEBA NOTÍCIAS NO SEU WHATSAPP!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.