Saúde dos pequenos

Dia Mundial do Rim: como identificar e tratar doença renal crônica em crianças?

Criança paciente do Hospital Pequeno Principe trata um caso de doença renal crônica
Foto: Divulgação/Hospital Pequeno Príncipe/ Marieli Prestes

A doença renal crônica (DRC) afeta mais de dez milhões de pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Já a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) alerta que o número de brasileiros em estágio avançado é crescente, sendo que mais de 140 mil deles realizam diálise no país. A entidade ainda estima que, em 2040, a DRC será a quinta maior causa de morte no mundo.

Embora seja mais comum em adultos, quando a DRC atinge as crianças, especialmente em estágios avançados, pode trazer consequências graves, o que exige cuidados contínuos. Infelizmente, nem toda doença renal crônica é prevenível, principalmente na infância. Por isso, no Dia Mundial do Rim, celebrado nesta quinta-feira (9), o Hospital Pequeno Príncipe chama atenção para as causas e sintomas da doença, além dos principais cuidados com esse órgão.

No Brasil, a iniciativa é coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e tem como tema central da campanha “Saúde dos rins (e exame de creatinina) para todos”. Uma das formas de avaliar a função do órgão é por meio da creatinina – substância presente no sangue que é produzida pelos músculos e eliminada pelos rins. Outros exames complementam a avaliação se os rins estão funcionando bem ou não, como ureia, potássio e exame de urina, para avaliar se há perda excessiva de albumina.

A DRC é caracterizada pela alteração persistente da função renal por um período superior a três meses e dividida em estágios. Se a função renal chega a menos do que 10% e 15% de sua capacidade, existe a necessidade de fazer algum tipo de tratamento para substituir a função dos rins, que pode ser a diálise peritoneal, a hemodiálise ou o transplante renal.

“Nem toda causa da doença renal crônica é prevenível. Desta forma, o que fazemos é retardar sua evolução. A depender do caso, há necessidade de intervenção cirúrgica ou de acompanhamento clínico periódico, além da adoção de hábitos saudáveis, que incluem alimentação, e atividades física. Também deve-se evitar as causas secundárias, como obesidade, diabetes e hipertensão arterial, que pode ocorrer em crianças e adolescentes”, explica a nefrologista pediátrica Lucimary de Castro Sylvestre, do Hospital Pequeno Príncipe.

Diagnóstico precoce

O início dos cuidados com os rins deve acontecer desde antes da concepção do bebê. É importante conhecer o histórico de doenças na família, entre elas as hereditárias renais. No pré-natal, é necessário acompanhar o desenvolvimento fetal por meio da ultrassonografia gestacional e identificar possíveis doenças congênitas renais para viabilizar o acompanhamento adequado da gestante e do feto.

A insuficiência renal de Davi Heitor dos Santos, de 2 anos e meio, amazonense de Caapiranga, região metropolitana de Manaus, foi descoberta durante um exame morfológico realizado por volta dos cinco ou seis meses de gestação. Logo depois de nascer, o bebê passou por seus primeiros exames na capital de seu estado. Lá, segundo a mãe, Natácia dos Santos Batista, foi feito tudo que era possível pela criança, e então resolveram encaminhá-la para o Pequeno Príncipe.

“Não tinha mais recurso para ele lá. Aqui a médica determinou a internação na mesma noite, porque ele estava bem grave. No dia seguinte, já foi bem complicado, ele convulsionou e precisou fazer vários exames. O medo tomou conta, mas também veio a esperança de dias melhores na vida dele. Hoje vejo a oportunidade do meu filho ter uma vida normal, uma infância boa. Poder brincar. Poder ir à escola. Ter o futuro que eu sempre quis para ele, que eu sempre sonhei”, diz.

À espera de um transplante renal, Davi Heitor realiza hemodiálise pelo menos três vezes por semana no Hospital, porém, de acordo com Natácia, agora a família vive um momento bom. “O medo fez parte da minha vida, porque eu encarava a hemodiálise como um monstro. Mas aqui eu pude esclarecer as coisas e entender a necessidade do tratamento. Agora se tornou uma rotina normal e é uma rotina boa. Claro que o melhorar será quando ele transplantar, né? Mas eu já vejo a evolução dele e, no futuro, com certeza a gente vai estar comemorando.”

Sintomas

A DRC pode ser silenciosa e muitas vezes o paciente só descobre que tem o problema quando existe uma falência dos rins. No caso das crianças e dos adolescentes, é preciso ficar atento aos sinais e sintomas, que podem auxiliar no diagnóstico precoce da doença, como: infecções urinárias de repetição; dificuldade do ganho de peso e/ou crescimento; anemia persistente sem causas aparentes; inchaço; problemas ósseos; e dificuldade, dor e/ou ardência ao urinar.

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