A confeiteira Luciane Decol, 33 anos, decidiu ser doadora de órgãos em vida. Ela doou um de seus rins para o irmão, Lauri Decol, que já tinha recebido o rim de um cadáver, mas que foi rejeitado pelo organismo. Luciane diz que, por falta de informação, não sabia que poderia ajudar seu irmão. Mas, quando soube, não pensou duas vezes. Correu atrás de tudo, de documentação, de exames e partiu para a cirurgia com Lauri. “O transplante de rim de uma pessoa viva é bem melhor do que um cadáver porque começa a funcionar melhor e mais rápido”, diz ela.
Outra vantagem do transplante intervivos é a possibilidade de realizar mais exames e com calma, para saber se, de fato, os órgãos são compatíveis. Já no cadáver, tudo tem que ser muito rápido.
“As pessoas me perguntam como é viver com um rim só. Não sei responder, porque é a mesma coisa que antes, no corpo eu não sinto diferença nenhuma. Estou ótima, fazendo tudo normalmente. Só sinto diferença na alma, me sinto muito bem e feliz. Dá vontade de gritar de felicidade quando eu vejo meu irmão bem”, diz Luciane.
Ela ficou apenas três dias no hospital e já recebeu alta. Já Lauri, que ficou 17 dias na UTI, no primeiro transplante, agora ficou apenas três dias na UTI e, uma semana depois da cirurgia, já teve alta para ir para casa. Já diminuiu boa parte dos remédios que precisava tomar antes e sente-se muito melhor agora, apenas tendo os cuidados que todo transplantado precisa ter por alguns meses, até ficar 100%.
Preconceito
“Eu achava que se ficasse com um órgão só ia atrapalhar minha vida. As pessoas me falavam que eu ia ter muitas restrições físicas, que não ia poder comer de tudo, que nunca mais ia poder tomar nada alcóolico. Tudo mito. Eu sou a prova viva que nada disso é verdade. O procedimento é muito simples, a gente leva uma vida absolutamente normal”, diz Luciane.
Já Lauri conta que, por nunca ter precisado de um transplante, nunca na vida pensou no assunto doação de órgãos. Hoje, é um grande defensor. “Cidade do interior, sabe como é. Eu não tinha informação sobre o assunto, nem os médicos me encorajavam sobre isto. Agora entendo o quanto isso é importante e que as pessoas devem tomar consciência disso”, relata Lauri.