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Mais espaço

Setor de tecnologia abre as portas para para mulheres no mercado de trabalho

2 minutos de leitura
Redação/Tribuna do Paraná
Por Redação/Tribuna do Paraná
26/07/2024 13:21 - Atualizado: 26/07/2024 13:22
Foto: Divulgação
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Na “fintech” paranaense J17 BANK as mulheres dividem o comando com os
homens. A empresa valoriza o talento feminino: 50% das cadeiras na diretoria
já são delas
. Em todo o Brasil as mulheres ocupam 7,6 milhões de vagas em
tecnologia.

“Eu nasci em Belém do Pará, sim, no Norte do Brasil. Me formei com 21 anos e desde os 19 trabalho com tecnologia. Comecei minha jornada como desenvolvedora”. O relato é da Ruth Silva, hoje executiva de TI, que saiu de estagiária e hoje ocupa o principal cargo de tecnologia de uma das mais promissoras “fintechs” do Brasil.

Ela é um exemplo de um movimento ainda lento, árduo e de resiliência, mas presente nas empresas brasileiras, que são as mulheres na tecnologia (“tech girls”).

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A cada ano o número de mulheres entrando no mercado de trabalho no Brasil vem crescendo. O último saldo, em 2023, fechou com 43,3 milhões de vagas, com São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro ficando à frente. A presença da mulher está evoluindo, mas ainda estamos muito longe da igualdade com os homens. A diferença no salário continua sendo um dos principais pontos de discussão, apesar de existir uma lei condenando essa discriminação desde

Outra questão que incomoda e gera debate é a falta de espaço em cargos gerenciais, juntamente com a necessidade de equilíbrio entre a vida pessoal e no trabalho. O assunto é tão importante que até o tema da redação do Enem (2023) foi a invisibilidade das mulheres no mercado de trabalho.

Sobre remuneração, para exercer a mesma função que homens (tendo o mesmo grau de escolaridade), uma mulher chega a ganhar 22% a menos. No caso das mulheres negras, a diferença é de até 44% da renda média dos homens brancos. Disparidade também quando o assunto são os cargos de liderança. Um levantamento feito pela B3, com 343 empresas, revelou que 55% delas não possuíam mulheres em cargos de diretoria estatutária e 37% não tinham mulheres no Conselho.

Esperança Tech

No meio de um cenário desafiador, alguns setores e empresas se destacam, e ajudam a melhorar as estatísticas e perspectivas numa linha do tempo. Nesse sentido, o setor de tecnologia é apontado como um motor capaz de mudar o quadro, com mais vagas, qualificação, diversidade, remuneração e até equilíbrio nos cargos de liderança.

A última Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílio (Pnad) mostrou que “as mulheres estão ocupando mais áreas de “Educação, saúde humana e serviços sociais”, com 9.683.770 trabalhadoras, seguido pelo setor de “Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas” (7.938.651) e por fim, “Serviços Domésticos” (5.538.947)”, informa um documento do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Agora, é animador perceber o destaque nos cargos do quadro de “Pessoas em ciência, tecnologia, engenharia e matemática”. O número de mulheres é de 7.608.642 profissionais em 2023, em comparação aos 5.365.989 homens na mesma área.

Mulheres no J17 Bank

Como diversas empresas brasileiras, o J17 BANK também está trabalhando buscando as melhores práticas do ESG e a questão da inclusão e respeito às mulheres, em todos os aspectos, está no radar: 72% do quadro é feminino.

Na Diretoria de Tecnologia, Recursos Humanos e Jurídica, na insituição as líderes são mulheres, que estão à frente de projetos estratégicos, de curto, médio e longo prazo, destaca o João Nicastro, Fundador e CEO. “O preparo e a força do talento feminino no nosso time tem feito muito a diferença na empresa, gerando equilíbrio, inteligência e grandes resultados”, afirma o executivo.

Meire Zamoner, psicóloga e diretora de RH, acredita que o papel das mulheres é mais do que fundamental, por conta do olhar diferente do mundo. “A estrutura cerebral da mulher é complexa e com visão periférica. Por este motivo elas conseguem ‘equilibrar os vários pratos’ que têm que administrar’’, explica.

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Segundo a diretora, o objetivo maior não é dividir as forças de trabalho na empresa, mas gerar um saudável equilíbrio. “Ter 50% das mulheres na liderança é um indicativo. Devemos aceitar e compreender as diferenças apenas como tal e não numa ótica de competição, quem é melhor ou pior … qual perfil se sobressai. Aqui nos complementamos”, analisa a diretora.

De Belém para o mundo

Analista: este foi o primeiro cargo na carreira da hoje diretora de Tecnologia do J17 BANK, Ruth Silva. “A gente precisa se desafiar e ter humildade para vencer”, ensina. Segundo ela, foram anos em uma grande varejista, que tinha 117 lojas e 7 indústrias e Centros de Distribuição no Brasil. “Eu era responsável pela implantação dos sistemas. Essa experiência me levou (2009) a trilhar uma jornada em instituições financeiras e ao meu maior desafio como diretora de Tecnologia e Produtos no J17 Bank”, relembra.

Ruth, aliás, quer trazer mais mulheres para este movimento de crescimento intelectual e pessoal, por meio da educação e do comprometimento. “Sinto-me extremamente feliz em poder compartilhar minha trajetória, em especial para mulheres do norte e nordeste do país, onde temos talentos riquíssimos, mas ainda existem muitos sentimentos de inferioridade e não capacidade. É possível, sempre digo”, prega a executiva.

Mulheres que inspiram

A história executiva Ana Paula Canela, Head de Produto, dá um filme sobre mulheres fortes. Ela mesma, aos 11 meses foi adotada por uma tia, Dona Jacyra, que a criou como filha. Ana cita também sua avó Catarina, que teve 20 filhos e fugiu da violência doméstica: “Na minha família a liderança sempre foi centrada nas mulheres, que foram corajosas para superar as dificuldades com muito amor e alegria”.

Ana, que é formada em jornalismo, começou sua carreira no setor bancário e acabou ficando. “A Glória Maria foi minha inspiração. Para cursar a faculdade, não tinha recursos. Descobri que os primeiros alunos recebiam bolsa e eu não tive dúvidas: fiquei em primeiro lugar na turma”, relembra. Numa espécie de túnel do tempo, Ana comenta que quando estava no banco foi logo para a área do consignado e se apaixonou. “Chegava mais cedo para aprender coisas novas. Quando terminei a faculdade, recebi a proposta para assumir uma supervisão operacional em São Paulo. Isso mudou a minha vida”.

Perguntada sobre o seu segredo, Ana responde: “Sempre soube de onde vim e onde eu queria chegar. Além disso, muita fé, disposição, coragem e vontade de crescer, sem nunca deixar de estudar.”

“Eu já estive em empresas com muitas mulheres na diretoria, mas na prática elas não tinham voz. No J17 as mulheres têm lugar e voz à mesa. São líderes protagonistas”, conta Ana Canela. Ela cita que as mulheres são 57% da população e têm 57% de representatividade nas universidades. “Preparo não nos falta. Basta que as oportunidades apareçam”, lembra.

Outro ponto a ser vencido, segundo a executiva, é o chamado machismo estrutural, “aquele que as pessoas falam, praticam e não percebem. Se uma mulher não se posiciona é porque é fraca. Se fala firme é tratada como reativa, mal educada e teimosa. A mesma coisa é com as emoções”. Mas Ana aconselha: precisamos criar um ambiente colaborativo entre todos os integrantes de uma equipe, onde a diversidade impere, sempre com respeito. “Eu digo aos meus amigos que aqui estamos construindo um banco e vamos ter trabalho para todos por um bom tempo. Então, é trabalhar em equipe, unir conhecimentos, qualidades, talentos de todos, indistintamente, para ter sucesso. E estamos neste caminho”, ensina.

“TECH GIRL”

Com sua experiência, Ruth analisa o mercado e diz que “ainda existe uma longa estrada para as mulheres, sobretudo no ramo financeiro, que sempre foi dominado pelos homens. “Com os assuntos de ESG em alta, as empresas vêm sendo ‘cobradas’ por práticas inclusivas e as mulheres entram na pauta dos treinamentos, vagas afirmativas e cargos de liderança”, pondera. Ruth Silva também chama outras mulheres líderes à responsabilidade com as próximas gerações.

“Temos a missão de fomentar o desenvolvimento das mulheres dentro das corporações e da sociedade e ainda encorajar quem está chegando”, provoca a executiva, que sonha em colocar em pé um projeto para ajudar meninas e mulheres que estão entrando no setor de tecnologia, com treinamento e mentoria, especialmente. “O sonho já existe. O projeto está sendo desenhado e, com ajuda de outras mulheres, espero que em breve ele ganhe vida. O objetivo é encurtar distância e dar agilidade no processo de inclusão de mulheres no mercado. j17bank.com.br

Resultados e oportunidades

Uma pesquisa da consultoria McKinsey mostrou que empresas com maior diversidade e inclusão chegam a entregar resultados 55% superiores às demais do mesmo mercado. O assunto é tão importante que está listado nos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o pacto global pelo Planeta.

“Uma organização mais diversa diminui os riscos e cria oportunidades de negócio, na medida em que você tem pessoas trabalhando com pontos de vistas e histórias diferentes, e conseguem, assim, criar uma gama de serviços mais ampla e que atendem mais clientes”. A frase é da vice-presidente de pessoas da B3, Ana Buchaim, em entrevista à Imprensa, analisando o cenário de evolução da área de RH das empresas, pressões do mercado e o desafio de construir marcas empregadoras na atualidade.

“Mulheres sendo tratadas com respeito e dignidade na sociedade e nas empresas é mais um tema que não tem volta neste mercado em constante ebulição. É uma obrigação trazer o assunto e alinhar com as melhores práticas”, analisa José Manuel, diretor de Estratégia do J17 BANK. Aliás, não tem outro jeito: um estudo do Ipea projeta que até 2030 a presença feminina no mercado de trabalho será de 64,3%.

“O nosso projeto de crescimento é muito arrojado e o foco, inteligência e determinação das mulheres e todo time são imprescindíveis para nos levar ao patamar de mais um unicórnio paranaense, neste caso, vindo direto do interior”, finaliza João Nicastro, CEO do J17 BANK.

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