Duas rebeliões agitaram a delegacia de Almirante Tamandaré no domingo. A primeira aconteceu por volta das 2h, quando uma tentativa de fuga foi frustrada pelos policiais de plantão. Os detidos já haviam serrado as grades de uma cela quando foram surpreendidos por um plantonista, que acionou o reforço da Polícia Militar. Diante da intervenção policial, os 56 presos – que estão enclausurados em quatro celas com capacidade total para 20 – se rebelaram. Após muita conversa a situação foi contornada, entretanto, a cela que teve suas grades serradas foi interditada. Desta maneira todos os presos tiveram que se espremer nas três celas restantes. Na revista policial foram apreendidas duas serras pequenas com os rebelados.
A superlotação da carceragem causou mais irritação e fez com que os detidos se insuflassem novamente às 14h. Eles queriam a transferência de presos para que a cadeia ficasse numa situação mais digna. Além da PM, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) também foi chamado para conter os ânimos dos presos. "Conseguimos acabar com a rebelião antes que eles pegassem reféns", explicou o delegado Marcelo Lemos de Oliveira, que intermediou as negociações. Segundo o policial, nesta segunda-feira será solicitada a remoção de alguns detentos e terão início as obras para consertar os estragos feitos durante as duas revoltas. Entre os 56 presos da delegacia de Almirante Tamandaré estão 12 condenados que já deveriam estar no sistema penitenciário. (CB)
Em Paranaguá, tuberculose
O deputado José Domingos Scarpellini (PSB-PR), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, encaminhou na última sexta-feira um pedido de interdição da cadeia da delegacia de Paranaguá ao presidente do Tribunal de Justiça, Tadeu Marino Loyola Costa. No local, superlotado, desenvolveu-se um surto de tuberculose, que já atingiu 32 detentos. Destes, 18 já foram encaminhados para o Hospital de Piraquara. Devido ao problema, a juíza Patrícia Gomes até suspendeu temporariamente as audiências com os presos, temendo o contágio.
"A situação caótica do local propiciou o alastramento da doença. A cadeia, que tem espaço para 20 pessoas, estava com 198 presos na semana passada", denuncia Scarpellini. A superlotação e as péssimas condições físicas do local – não há ventilação ou entrada de sol – viraram motivo de indignação dos políticos. "É desumano. Não queremos impunidade, mas o que está sendo praticado é pena de morte por asfixia e disseminação de doença", diz o deputado.
Amanhã, o Tribunal de Justiça vai indicar um membro do Poder Judiciário para fazer parte da comitiva que tentará a interdição da cadeia. A denúncia do caso já foi feita à Anistia Internacional, que também deve mandar representantes para constatar a gravidade do problema.