Não fossem os olhares atentos da vizinhança, o plano de um grupo de espancar e matar um rapaz, e provavelmente desovar o corpo em seguida, teria grandes chances de dar certo. Na noite de domingo os policiais militares foram informados que algo estranho estava acontecendo na casa de número 3.738, na Rua Joinville, em São José dos Pinhais. Ao chegar no local, a polícia confirmou a suspeita dos vizinhos e acabou por abortar o provável plano do grupo. Além de encontrar um corpo caído no meio da cozinha, um carro estacionado no quintal com o porta-malas aberto estava supostamente pronto para transportar o cadáver. Sérgio da Rosa Mello, 49 anos, Rojanio de Souza, 27, Joelson Frank Reis, 32, Marcos Paulo Augusto, 25 e Deise Luciana Fagundes, 23, que estavam na casa quando os policiais chegaram, foram detidos e levados à delegacia local.
De acordo com o policial militar Dudcoschi, do 17.º BPM, por volta das 20h10 os vizinhos ligaram para o telefone de emergência da polícia avisando que tinham visto um rapaz ser espancado na rua e depois arrastado para dentro da casa. Quando os PMs chegaram no local foram recebidos pelo grupo que disse que havia dado “uns tapas” no indivíduo e que ele já tinha ido embora. Sem acreditar na versão, os policiais insistiram e entraram na casa, onde encontraram um homem morto e o veículo Daewoo placa CAA-3269, de Gravataí-RS, estacionado no quintal, com o porta-malas aberto. Imediatamente todos foram detidos e levados à delegacia.
Versão
De acordo com a versão dada pelo grupo, eles agiram em legítima defesa. Segundo Marcos, no sábado, ele e a mulher, Deise, vieram de São Paulo para passear na casa do amigo Rojanio. Na noite do crime os dois rapazes foram até o escritório da Tranportadora Melo, que fica ao lado da casa de Rojanio, onde ele trabalha, para ouvir música no computador junto com Joelson, outro funcionário da empresa. Enquanto os três estavam no escritório, Deise teria ficado na casa do amigo. Neste momento, ela foi surpreendida por um homem estranho que teria dito que morava na casa. “Eu perguntei se ele morava lá e ele disse que sim, quando vi que era mentira corri e chamei meu marido pelo muro”, contou.
Ao atender o pedido de socorro da mulher, Marcos, Joelson e Rojanio, teriam encontrado o rapaz no portão da casa e entraram em luta corporal com ele. “A gente só bateu porque ele ia tentar violentar a minha esposa e deu no que deu. Foi em legítima defesa”, disse Marcos. Ao perceber que o rapaz estava morto eles confessaram que o arrastaram para dentro de casa e chamaram Sérgio, o proprietário da empresa. “Eu não estava junto quando tudo aconteceu, só vim porque eles me chamaram, dizendo que estavam com problemas”, defendeu-se.
Uma câmara de vídeo de um banco captou as imagens da briga. A fita deve ser analisada nos próximos dias pelos investigadores da delegacia. “Dependendo do conteúdo da gravação poderemos saber o que realmente aconteceu”, disse o superintende Altair Ferreira. Joelson, Marcos e Rojanio foram autuados em flagrante por homicídio, já Deise e Sérgio, o proprietário da transportadora, foram ouvidos e liberados.
De acordo com o perito Ernani Viana, o rapaz foi assassinado por espancamentos na cabeça e enforcamento, causado por uma corda fina, como um cadarço de tênis. A vítima, que estava sem documentos, aparentava ter entre 18 e 25 anos, era moreno claro, tinha cabelos escuros e vestia camiseta preta e bermuda bege.