A pobreza extrema, aliada a algumas balas, barras de chocolate, bonecas de plástico e carrinhos, foram as armas usadas pelo viúvo João Maria Cardoso, 64 anos, para aliciar e levar até seu barraco, crianças com idades entre 8 e 12 anos.
Desde o ano passado moradores de uma invasão no Jardim Itaqui, em Campo Largo, procuravam a polícia para registrar queixa contra ele, acusando-o de abusar de meninos e meninas da região. As denúncias foram confirmadas e, ontem, João foi preso. Ele estava com prisão preventiva decretada pela Justiça.
No barraco, policiais civis encontraram, além dos brinquedos, também preservativos e revistas pornográficas. João negou os abusos e afirmou que as revistas foram levadas para ele pelas crianças. Nenhum caso de estupro foi confirmado, porém as vítimas relataram que eles as acariciava e obrigava a ver fotos pornográficas.
Parquinho
Como a região é muito pobre, as crianças não vão para a escola e os pais saem o dia todo para trabalhar. João vivia de bicos de jardinagem e fazia o próprio horário de trabalho.
Aproveitava-se disso para se aproximar das crianças e oferecer doces e brinquedos em sua casa. “Elas são tão pobres que com qualquer balinha eram convencidas pelo maníaco”, contou o policial Marcos Gogola.
“O tio tem um parquinho em casa”, disseram as crianças, quando ouvidas pela polícia. O parquinho nada mais era que as bonequinhas e os carrinhos de plástico que podiam manusear por algum tempo, bem como lápis de cor e cadernos de desenho, mas que eram obrigadas a deixar ali para brincar numa “próxima vez”.
Queixas
Quinze boletins de ocorrência foram registrados contra João, que foi indiciado e teve preventiva decretada por estupro a vulnerável, conforme previsto no artigo 217-A do Código Penal.