Vítimas detalham extorsão na Delegacia de Homicídios

Mais oito policiais estão sob suspeita de concussão (extorsão praticada por funcionário público), mas seus nomes estão sendo mantidos em sigilo pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Na sexta-feira, o delegado-titular da Delegacia de Homicídios, Stélio Machado, o superintendente Paulo Roberto Knupp e o investigador Edmilson Polchlopek foram detidos, por aquele delito. O delegado está recolhido no xadrez do Cope -Centro de Operações Policiais Especiais, e os outros dois na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.

Os detidos foram acusados por Naboru Kamura Júnior, 27 anos, o “Japonês” e por sua mulher, Marilza Kamura, de ter combrado de R$ 20 a R$ 30 mil para liberar o homem, suspeito de ter um jet ski e um motor de barco roubados. Depoimentos e interrogatórios do inquérito, instaurado na Corregedoria da Polícia Civil, terminaram por volta das 3h da madrugada de sábado.

Depoimentos

Em seus interregatórios, os policiais negaram a concussão. Eles alegaram que apreenderam uma arma, que estava de posse de “Japonês” e de um outro rapaz que estava com ele, identificado apenas como Luiz, mas que foi liberado. O revólver, que estaria com numeração raspada, os policiais teriam guardado em uma das gavetas da delegacia.

Naboru depôs duas vezes. A primeira delas com o nome de seu irmão César Kazumi Kamura e a outra com seu nome verdadeiro. Ele justificou a troca dos nomes por ser fugitivo da cadeia de Londrina, onde cumpria pena por furto. Foi cumprido o mandado de prisão e ele foi autuado em flagrante por falsidade ideológica.

Extorsão

Em seu primeiro depoimento, Naboru disse que cerca de oito policiais chegaram a sua chácara, na localidade de Vossoroca, em São José dos Pinhais, por volta das 8h da manhã de sexta-feira. Ele contou os policiais foram com intuito de extorqui-lo e que o jet ski e o motor de barco, que teriam motivado a ação da polícia, eram legalizados. Mesmo assim, os policiais teriam lhe pedido R$ 20 mil para esquecer a história e o valor teria aumentado para R$ 30 mil, posteriomente.

Naboru relatou que, ao alegar que tinha documentação do jet ski, os policiais falaram que ele teria que pagar a “fiança” – superior a R$ 20 mil, para buscar o documento e retirar o jet ski da delegacia. Naboru afirmou que, já na delegacia, o delegado entrou uma vez na sala da del, intimando-o: “Tá demorando muito, vou ter que te levar lá para baixo”.

Acusações

Naboru e Marilza, que também foi ouvida como vítima, informaram que ambos foram levados até à DH, junto com um outro rapaz. O jet sky e o motor do barco foram levados em cima de uma camioneta, de propriedade do casal, até a delegacia. A mulher afirmou, em seu depoimento, que antes de sair da chácara, se negou a acompanhar os policiais, chegando a discurtir com eles. Marilza ressaltava que não estava praticando crime algum, quando um dos policiais teria tido: “Não tem problema, a gente pode colocar uma arma ou droga, para a gente é fácil”. Diante do constrangimento, ela foi até a delegacia. Mas, após uma primeira conversa entre policiais e seu marido, liberaram a chave da camioneta para a mulher e Naboru pediu que ela fosse atrás de dinheiro.

Após a PIC descobrir a verdadeira identidade do homem, ele não mudou sua versão, apenas acrescentou mais informações. Ele disse que os policiais constataram o seu nome verdadeiro e começaram a pedir dinheiro por isto.

Arrecadação

Enquanto “Japonês”, estava na delegacia, Marilza tentava levantar a quantia exigida. Por volta das 10h, seu marido começou a telefonar para ela, usando o telefone celular de um policial e o orelhão da frente da delegacia, onde segundo informações da PIC, ele ia livremente.

Apavorada, a mulher tentou arrumar o dinheiro com amigos, parentes, mas não obteve êxito. Ela então, ofereceu os carros para os policiais, que não quiseram aceitar. “Eles só tiraram o som”, contou. Diante da situação, Marilza disse ter procurado revendas de carro para conseguir a quantia, mas também não teve sucesso. Já desesperada, porque o prazo para entregar o dinheiro vencia às 15h, ela procurou um amigo, que lhe orientou procurar um advogado.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo