Há alguns anos, a briga entre Vila do Sapo (VDS) e Comando do Extermínio (CDE) era coisa de garotos, que se encontravam e trocavam pedradas e palavrões. Agora, todos cresceram e alguns continuaram com a rivalidade.
No entanto, trocaram as pedras por armas de fogo. Essa foi a explicação que Alessandro Gonçalves Leal, 19 anos, deu na tarde de ontem, no hospital, para a reportagem do Paraná-Online.
No final da madrugada de domingo, ele foi ferido com um tiro no pescoço, de uma pistola calibre 380. Foi socorrido pelo Siate e levado ao Hospital Evangélico em estado grave. Na tarde de quarta-feira, foi submetido a uma cirurgia e agora luta para recuperar os movimentos dos braços e das pernas.
Balada
Depois de vários fins de semana sem sair para a balada, Alessandro aceitou o convite dos amigos e foi curtir a noite em uma casa noturna, não muito longe da sua casa. “Por eu ser morador na Vila do Sapo, já estava sendo ameaçado, mas nunca me envolvi em confusão. Tocava a vida normal”, contou.
Durante a noite, integrantes da CDE e de uma outra gangue, conhecida como Campina, brigaram na casa noturna. “Como eu não tinha nada a ver com a confusão, nem me importei, e fui embora a pé, sozinho”, explicou.
Duas quadras antes de chegar em casa, um carro, que algumas testemunhas disseram ser um Palio branco, passou e um dos ocupantes atirou. “O tiro quebrou o osso da coluna e afetou a medula óssea. Estou reagindo e, se Deus quiser, tudo vai voltar ao normal e vamos viver em paz na vila.”
Guerra de fachada
As três últimas mortes registradas no São Braz e atribuídas a briga de gangues eram de integrantes do CDE. Cristiano de Freitas de Oliveira, 21, no dia 10 de agosto, John Lenon Rodrigues de Oliveira e de Marllon Dias da Silva, ambos de 18 anos, mortos no último dia 27. Na noite de quarta-feira, “Danilinho”, como é conhecido Danilo França de Oliveira, 19 anos, foi preso – ele é o principal suspeito destes crimes.
Segundo o delegado Rogério Matim de Castro, do 12.º Distrito Policial, “Danilinho”, já quando era adolescente foi apreendido por homicídio. Para a polícia, ele pertence à VDS, e foi preso em uma casa daquela região.
Drogas
Um morador do São Braz disse que a briga de gangues é só um pano de fundo para justificar a matança motivada pelo tráfico de drogas. Segundo ele, que não quis se identificar, “Danilinho” matou porque queria assumir os pontos de venda de entorpecentes controlados pelos integrantes da CDE.
“A gente nunca sabe o que pode acontecer. Quem vai matar quem ou de onde vai vir o tiro. Mas uma coisa é certa, a guerra ainda não acabou”, completou o morador.