Rafael não conseguiu chegar até o carro que tinha tomado em assalto. |
Ao ver Rafael Francisco Ceronato da Cruz, 26 anos, armado, caminhando em sua direção, numa visível demonstração que iria assaltá-lo, o motorista de uma camioneta baleou-o no peito e fugiu. Francisco não teve tempo de pedir socorro ao cúmplice, que estava em outro carro recém- roubado, e morreu na esquina da Rua Júlia Wanderley com a Avenida Cândido Hartmann, no Bigorrilho, às 19h30 de ontem. O comparsa dele correu, deixando a vítima do primeiro assalto no banco do passageiro do veículo.
Rafael já contava com várias passagens pela polícia e havia sido reconhecido como o autor de pelo menos dois seqüestros-relâmpago, feitos na semana passada. E foi em um desses crimes que as coisas começaram a dar errado para o acusado, morador no Jardim Itália, em Santa Felicidade.
O motorista particular Adriano, 28 anos, tinha acabado de deixar sua patroa na Rua Inácio Lustosa, São Francisco, e preparava-se para estacionar o Logus que conduzia quando foi abordado por Rafael. Segundo relatou, o assaltante apontou-lhe uma pistola e ordenou que passasse para o banco do passageiro. Em seguida, outro rapaz, que se escondia atrás de um poste, entrou no carro e, do banco de trás, também apontava uma arma para a vítima.
Seqüestro
Os criminosos rodaram com Adriano por várias quadras, em ruas de pouco movimento. “Eles perguntaram quanto eu tinha no banco e disse a verdade: R$ 4,00”, contou. A dupla duvidou, revistou a vítima e roubou os R$30,00 que o motorista levava no bolso, mais seu cartão e documentos. Mesmo sabendo que o “lucro” do assalto não seria grande, os ladrões continuaram a percorrer o Bigorrilho, levando Adriano como refém.
Quando passaram pela Rua Júlia Wanderley, próximo a uma academia de ginástica, os assaltantes se interessaram por uma camioneta Dakota preta, estacionada, com um casal em seu interior. “Eles passaram pelo carro duas vezes”, descreveu Adriano. O Logus ficou com o motor ligado, enquanto Rafael tentava seu último assalto.
Reação
O ladrão se dirigiu à camioneta, mas não teve tempo de anunciar o crime. Desconfiado do roubo, o motorista da Dakota fez um disparo contra Rafael e arrancou com o veículo. O criminoso deixou cair a pistola e tentou voltar para o Logus. Porém, não teve forças para sentar no banco do motorista e caiu apenas com uma perna dentro do carro. Assustado, o comparsa dele abandonou Adriano e fugiu pela Rua Cândido Hartmann.
Policiais militares do 12.º Batalhão recolheram a arma usada no assalto, uma pistola calibre 380, cuja numeração não estava no cadastro da PM. “Tem o nome “Cesinha??, seguido de uma data, gravados nela”, comentou o aspirante Foltran, mostrando a gravação “Ce$inh@” no cano da arma. A pistola será encaminhada à perícia.
Passagens
A ocorrência também foi atendida por policiais das delegacias de Furtos e Roubos e Furtos e Roubos de Veículos. Conforme informado pelo delegado Rubens Recalcatti, Rafael já contava com várias passagens pela polícia, por uso de drogas, furtos e seqüestros relâmpago. “Duas vítimas já o reconheceram”, contou o delegado, mostrando a foto dele nos arquivos policiais.
Recalcatti solicitou à pessoa que matou Rafael que se apresente à polícia. “Essa pessoa agiu em defesa da vida e de seu patrimônio”, disse o policial.