Violência voltou às ruas de Curitiba

Depois de quase três dias sem registro de homicídio em Curitiba, a violência voltou às ruas. Só na manhã de ontem, foram dois assassinatos, no Bairro Alto e no Xaxim, e no fim da noite anterior três pessoas foram mortas no Tatuquara.

Com uma facada cravada no rosto, Mauro César de Paula Silva, aproximadamente 40 anos, foi encontrado morto, no início da manhã, na Rua Luiz Barreto Murat, Bairro Alto. A cena de terror foi presenciada por moradores da região, que localizaram o cadáver, encostado no muro de um terreno baldio.

Guardanapo

A lâmina da faca ficou cravada no lado esquerdo do rosto da vítima e o cabo, quebrado e deixado perto do corpo. Os soldados Pires e Braga, do 20.º Batalhão da Polícia Militar, foram chamados por volta das 7h30.

O soldado Braga ainda notou um guardanapo de papel ao lado do pescoço de Mauro. “O autor do crime deve ter usado o guardanapo para não deixar impressão digital ou não queria sujar as mãos”, avaliou.

Segundo os policiais, moradores da região afirmaram não ter ouvido discussão na rua. Comentaram apenas terem escutado o barulho de um carro passando em alta velocidade. De acordo com o perito Silvestre, a vítima estava com vários hematomas no rosto e o olho roxo, o que indicava luta corporal.

“Pelo estado do corpo, o homicídio foi cometido por volta das 2h”, constatou Silvestre. Na grama, perto do cadáver, havia ainda um molho de chaves e um óculos. Do outro lado da calçada, o perito também recolheu uma latinha de cerveja furada para fumar crack.

Extrato

Mauro foi identificado a partir de extratos bancários que estavam em seu bolso, onde também foi encontrado seu celular. O delegado Alexandre Bonzatto, da Delegacia de Homicídios, telefonou para a mãe da vítima e confirmou que se tratava de Mauro. “Ele trabalhava num hotel no centro e ficou no serviço até as 23h”, explicou o delegado.

Mauro, segundo a mãe contou à polícia, morava no Bairro Alto com um homem que também trabalhava à noite. “Pelas roupas que ele vestia – calça jeans, camisa preta e sapatos -deve ter passado em casa depois do trabalho”, supôs Bonzatto, que investiga se Mauro esteve em bares na região antes de ser morto.

“Como ele estava sem a carteira também não descartamos latrocínio (roubo com morte)”, acrescentou Bonzatto. Uma câmera instalada na entrada de um condomínio na rua poderá ajudar a polícia a esclarecer o caso.

Três fuzilados no Tatuquara

Marcelo Vellinho

Além dos crimes da manhã de ontem, no fim da noite de quinta-feira, um jovem e dois adolescentes foram executados a tiros na Rua Desembargador Marçal Justen, Jardim da Ordem, Tatuquara.

Thiago da Silva Sene, 20 anos, e Bruno Roberto dos Santos Soares, 16, morreram no local. Jonatan Ferreira dos Santos, 15, o “Polaquinho”, foi socorrido, mas chegou sem vida ao Hospital do Trabalhador. Segundo a polícia, o crime está relacionado ao tráfico de drogas na região.

Testemunhas relataram que o triplo homicídio foi praticado por dois indivíduos. Eles chegaram a conversar com as vítimas antes de efetuar os disparos. Pelo menos 15 tiros foram ouvidos pela vizinhança.

O primeiro a ser baleado foi Jonatan, que caiu. Thiago foi atingido e, mesmo ferido, conseguiu correr até um muro. Porém, foi alcançado e fuzilado. Bruno correu na tentativa de escapar dos matadores, mas foi perseguido poucos metros adiante.

Os marginais agarraram o garoto pela roupa e o executaram com tiros à queima-roupa no rosto. Jonatan, que agonizava no chão, foi socorrido, mas não resistiu e morreu na ambulância do Siate.

Denúncias

A delegada Camila Cecconello, da Delegacia de Homicídios, contou que o crime tem ligação direta com o tráfico de drogas. “As informações são que um dos jovens era usuário de entorpecentes”, disse a delegada.

Denúncias anônimas já chegaram à pol&iacute,;cia com nomes de suspeitos e estão sendo investigadas. Com essas mortes, sobe para cinco o número de pessoas assassinadas no Tatuquara, neste mês. Em julho, foram quatro vítimas da violência no bairro.

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