Foto: Anderson Tozato
O relatório feito pelo Ministério da Saúde destaca que a violência é a maior ameaça à vida dos jovens
no País.

Todos os dias, em todos os lugares. A violência é um problema crônico da sociedade brasileira, sendo considerada caso de saúde pública. E não poderia ser diferente, pois a violência causa um absurdo número de mortes, outro tanto de feridos e inválidos. Estas pessoas, em sua maioria, são jovens. A violência é sim uma questão de saúde pública porque está diretamente ligada com a qualidade de vida da população, ameaçada todos os dias, em todos os lugares.

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O relatório Impacto da Violência na Saúde dos Brasileiros, publicado pelo Ministério da Saúde em 2005, destaca que a violência é a maior ameaça à vida dos jovens no País. Embora a violência não seja assunto específico da saúde, passa a ser um problema de saúde pública devido às suas conseqüências. As causas são inúmeras, mas este panorama exige a adoção de políticas públicas específicas e programas de prevenção. ?A resposta da saúde não é só na questão de atendimento, mas também na articulação de estratégias de prevenção nestes eventos. O caminho para qualquer problema de saúde é a prevenção?, comenta Edinilsa Ramos de Souza, pesquisadora do Centro Latino-americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves), da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para ela, um dos grandes avanços nos últimos tempos foi a criação da portaria federal 373/2001, que instituiu a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. O documento dá as diretrizes para a diminuições dos casos e das mortes por violência.

As mortes violentas são uma epidemia, segundo o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin. As causas externas estão em terceiro lugar no número de óbitos no Paraná. ?É um fator epidemiológico importante. Só por isso, a saúde pública não pode virar as costas?, avalia.

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O secretário acredita que uma das saídas para diminuir as mortes violentas seja a identificação das causas. ?Identificando a origem, é possível o desenvolvimento de programas específicos. Sabemos que a violência não tem uma única origem e é uma questão que independe da saúde. Mas a saúde pode ter uma grande participação na prevenção dos casos de violência?, afirma Martin.

Dinheiro

Parte dos recursos destinados ao atendimento hospitalar geral acaba sendo destinado aos casos violentos. São situações que podem ser prevenidas e o dinheiro poderia ser gasto em um melhor atendimento para as doenças ?comuns?. Segundo o secretário Martin, o atendimento de pacientes afetados por causas externas custa R$ 5 bilhões ao ano, valor superior previsto na Emenda 29, que pode ser aprovada para o setor da saúde em 2008.

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Um cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o País perde R$ 92 bilhões por ano (incluindo a produtividade) com os óbitos e traumas da violência. ?É um número muito alto. Este valor poderia ser aplicado de diferentes formas em um país tão necessitado como o nosso. Estão jogando dinheiro pela janela?, opina Martin. (Joyce Carvalho)

Hospital Cajuru é referência na RMC

O Hospital Cajuru é referência nos atendimentos por causas externas em Curitiba e Região Metropolitana (RMC). A média mensal de atendimentos no pronto-socorro do hospital é de 5,7 mil pacientes. Destes, entre 18% a 20% param no hospital por conta de acidentes de trânsito; entre 20% a 22% por causa da violência (agressões físicas, ferimentos por armas de fogo ou brancas, estupro, entre outros). Pacientes baleados representam 1,3% do atendimento global e 4% do total de internações. ?As causas externas significam 45% do atendimento feito pelo hospital, o que é um absurdo. São recursos que deixam de ir para o atendimento de outras pessoas. Todos sempre serão atendidos, mas existe um prejuízo no atendimento geral?, revela Vinícuis Filipak, gerente de emergências do Hospital Cajuru.

O profissional de saúde é obrigado a investir em qualificação, pois os ferimentos estão ficando cada vez mais graves com o aperfeiçoamento das armas de fogo. ?À medida que os mecanismos de violência ficam mais eficazes e aumenta o grau de ferimentos dos pacientes, o profissional de saúde precisa se atualizar. A violência obriga o médico a sempre estar se reciclando?, assegura. (JC)