Violência contra mulheres levou dois homens para a prisão em Curitiba. Nesta quinta-feira (18), a delegada Hastrit Greipel, da Delegacia da Mulher, divulgou as imagens dos presos e falou sobre os dois crimes.
Em um deles, a mulher foi espancada pelo cônjuge e morreu após oito dias internada. No outro, a vítima foi atacada pelo companheiro armado de tesoura e foi atingida por mais de dez golpes, mas sobreviveu depois de ficar dois dias no hospital.
A delegacia atende entre 600 e 800 denúncias mensais de violência doméstica, mas ao contrário do que aconteceu nestes dois crimes, na maioria das vezes os agressores não vão para a cadeia.
“Em situações mais graves, mesmo que a vítima não queira, nós conseguimos agir e prender o companheiro violento. Mas o processo perde força quando a mulher não vai às audiências ou retira a queixa”, lamentou Hastrit.
A morte da mulher de Joselino Porto, 50 anos, é um exemplo dessa dificuldade que a polícia enfrenta. Em 9 de agosto, ela foi espancada pelo companheiro, com que vivia há apenas 4 meses em uma residência no Pinheirinho. Segundo a polícia, Joselino costumava beber e agredir a mulher com frequência.
Ela chegou a reclamar para a família, mas não deixava dele. “Mesmo após dois dias em casa, toda machucada, ela não avisou ninguém. O próprio agressor chamou a família dizendo que tinha dado uns tapas nela e que o quadro de saúde só piorava”, explicou a delegada.
A mulher conseguiu vaga para ser internada somente no dia 13. Foi levada até o Hospital Municipal de Araucária, mas morreu no dia 21. “Apesar de tudo que o homem causou, ela morreu sem a intenção de denunciá-lo. Foi preciso que parentes nos procurassem”, comentou Hastrit.
Poucos dias depois da morte dela, Joselino foi preso. Ele foi indiciado por homicídio e de acordo com a delegada, a denúncia já foi feita pelo Ministério Público (MP-PR) e recebida pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Tesoura
No outro crime, também foi necessária a intervenção da família para que a polícia pudesse agir. Na madrugada de 19 de agosto, uma jovem, de 18 anos, foi atacada pelo ex-companheiro Gilberto Francisco Monteiro Lins, 21.
Eles estavam juntos há 7 anos e têm um filho de 5. Mas por causa do ciúme doentio do rapaz, a garota resolveu se separar. Ela chegou avisar a polícia sobre agressões sofridas no dia da separação, mas Gilberto não chegou a ser preso.
Na madrugada do ataque, ela estava em casa, no Abranches, dormindo no quarto com o filho. Segundo a polícia, Gilberto arrombou a porta transtornado, provavelmente sob efeito de álcool ou drogas, e foi para cima da garota com uma faca.
Ela conseguiu se defender e tirou a arma da mão dele. Mas Gilberto conseguiu agarrar uma tesoura e golpeou a vítima no queixo, atrás da cabeça, na barriga e várias vezes nos braços.
“Enquanto estava no hospital, parentes vieram nos avisar e conseguimos prender Gilberto em flagrante. Quando recebeu alta, ela veio prestar depoimento, mesmo com os movimentos limitados pelas suturas”, comentou Hastrit. Gilberto foi indiciado por tentativa de homicídio e o inquérito já está nas mãos do MP-PR.
