A violência correu solta no Jardim Icaraí, Uberaba, em Curitiba, nas primeiras horas de ontem. Num prazo inferior a seis horas, dois homens foram assassinados e outro baleado, em situações cuja relação está sendo apurada pela Delegacia de Homicídios.
Dois dos casos ocorreram na Rua 3 daquela área de invasão. Às 5h05, Felipe Carneiro Andrion, 19 anos, foi socorrido no Hospital Cajuru depois de levar um tiro no peito e outro na perna. “Ele contou à PM que estava só passando na rua. Dois homens discutiam e os tiros o acertaram sem querer”, relatou o investigador Robert, da DH. A versão da vítima ainda será melhor investigada.
Uma hora e meia mais tarde, Adair da Rosa, 28 anos, foi assassinado com três tiros no peito, na mesma rua. Homens da Polícia Militar e da Delegacia de Homicídios estiveram no local, mas nenhuma testemunha apareceu para descrever o fato. Nos bolsos havia apenas uma carteirinha de vacinação, em nome da vítima, que morava em Medianeira, Oeste do Estado.
Arrancado
O terceiro crime ocorreu às 10h15, na Avenida Central do bairro. Ademir Souza Machado, 21 anos, foi arrancado da casa do tio por três a quatro pessoas e executado na rua. Um dia antes, ele saiu do 7.º Distrito Policial (Vila Hauer), onde fora preso por porte ilegal de arma.
Ademir passou a noite na casa do tio José Osni dos Santos. De manhã, os assassinos entraram à força na residência e mandaram as crianças saírem de perto. O rapaz estava na porta quando levou o primeiro tiro. Ele caiu e foi arrastado até o meio da rua, onde tomou outros disparos: a maioria na cabeça e o último nos órgãos genitais.
A vítima, que deixou dois filhos e a mulher grávida, pensava em voltar brevemente a Foz do Iguaçu, onde mora a mãe. O tio disse desconhecer os assassinos. “Ele era viciado em crack e tinha uns problemas por aí. Mas nunca matou ninguém”, disse José Osni, que não vê relação entre a morte do sobrinho e os crimes da Rua 3. “Ele passou a noite inteira em casa”, falou.
Para a polícia, entretanto, tal relação não está descartada. “Há comentários de moradores ligando os fatos”, falou o soldado Ricardo, que atendeu o caso com o colega Messias, do Regimento de Polícia Montada.